quando cê foi embora, eu fiquei um tempo sem saber o que é
que teria sido.
aí, eu fui perdendo as forças e a noção das coisas, como se
de repente, eu não morasse mais num reflexo de espelho... eu fiquei sem lugar.
como quando a gente quase se afoga e fica remando, debatendo os braços, pra
tentar sair daquela água e se salvar.
eu me afoguei na sua partida de um jeito que sair era
difícil, mas ficar também eu não podia.
aí eu passei a inventar as coisas, fingindo que amor e dor não combinam.
aí eu passei a inventar as coisas, fingindo que amor e dor não combinam.
desse jeito, aos poucos, cê foi se transformando em uma
pintura bonita, desbotando nas paredes de mim.
de vez enquando, nos intervalos entre uma saída e outra, ainda
sinto vontade de te alcançar de novo, só mais uma vez. e, como se nada tivesse
acontecido, te dar um abraço aconchego. solução pra ser silêncio e não mais
pavor.
mas cê sabe também... não dá jeito mais de ser, quando a
gente já não mais é há tempos.
aí, eu faço desses dias nublados minha oração. e quase em
prece, recorto seu sorriso das nuvens, procurando um pouco de azul.
funciona.
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