quinta-feira, 19 de novembro de 2020

. [do livro de cartas] vestido de esperança .

 querido Salvador,

uma cigana leu nas linhas das minhas mãos que somos destinados um ao outro. achei bonito. e corri a lhe escrever este bilhete, porque no fundo, sei que cê também sabe. agora, aqui, pense comigo: quantas pessoas neste mundo tem a chance de encontrar suas pessoas preferidas em uma só existência?

talvez seja sorte, mas eu prefiro acreditar naquele fio fino que liga nossos corações e que, vez ou outra, tem a graça de virar laço e não se romper. veja bem, querido: são exatos 439 quilômetros que nos separam. e ainda assim, mesmo entre tanto tempo e tanta distância, ainda acho bom quando você telefona ou escreve, quando percebo uma fotografia tua sorrindo, quando me encarrego de lembrar do passado todos os dias pra que ele não se apague de mim...

já te disse e devo repetir, sobre o quanto tenho cuidado com a história que estamos ainda a escrever. e que me parece ser feita de infinito. porque é ela a me salvar quando tudo fica muito difícil ou quando tenho a impressão de que o mundo virou um espaço enorme de solidão. e aí, prefiro o despenhadeiro e a corda bamba de viver carregando ocê em meu coração, do que seguir sem esse amor pro resto de toda a vida.

certo, Salvador, é que gosto de acreditar mesmo na cigana principalmente quando ela tornou a dizer: "terás nessa vida só um amor. e ele já passou por ti"... cê acredita? eu sei que sim. e é por isso que reaprendo, todos os dias, a gostar dessa liberdade vestida de esperança. em ti...

com amor, 
Alice.