domingo, 28 de agosto de 2016

.[do livro de cartas] sobre o amor.

querida Alice,

voltar não estava nos meus planos. e acho até que nem nos seus.
mas li, semana passada, um texto que me lembrou uma de suas cartas: "porque às vezes o amor nos alcança. às vezes, não". por isso resolvi te escrever. saber como você está. como sobreviveu aos ventos de agosto. como tem sentido a primavera. se tem sido fácil seguir.

o amor te alcançou, Alice. vê só que coisa mais bonita... 
e ele te alcança a todo tempo: quando você sorri, quando você sonha, quando você tem fé, quando você encontra suas memórias e ouve suas músicas preferidas. e ele só te alcança, querida, porque é bonito permanecer ao lado do seu coração, ouvindo suas batidas leves e descompassadas, nesse samba antigo que é o seu viver.

por isso, minha Alice, não se amedronte se o passo mudar de cor, se o tempo passar depressa demais, se o vento virar de direção. se atenha à prece do seu coração. ela sempre vai te guiar pelo caminho mais bonito. e eu vou estar sempre por perto. que nem margarida. que nem cheiro de flor.

com afeto,
Salvador.

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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

.é quase tempo de florir.

o que você precisa, minha querida, é de uma boa xícara de chá e alguém que abrace seu coração com força. eu sei que agosto não tem costume de ser seu mês preferido e essa culpa é um pouco minha, que te fiz crescer acreditando em seu agouro. mas eu te ensinei também que, quando ele passa, logo vem setembro te trazendo a primavera. e é nela que você precisa ter esperanças. porque não há dia cinza que resista ao perfume das rosas nos jardins nem ao vento leve que ela carrega pelas janelas. portanto, não me justifique suas angústias, escondendo seu sorriso atrás delas. 

eu sei do seu coração, eu compreendo seus medos, eu reconheço sua dor.

mas olha: tudo isso logo passa e você reencontra o caminho do seu sonho. pra seguir, pra realizar, pra construir, como a vida te ensinou desde que você inventou de que o mundo sempre seria mais bonito, se a gente fizesse dele poesia. e de cada curva um verso e uma rima. 

acalma seu coração. que quando perceber, já terá tirado de novo os pés do chão, pra tocar todas aquelas estrelas infinitas. aprenda a se perdoar... primeiro.


com carinho,
Bisa.

ps.: quanto a agosto, não podemos fazer nada a não ser olhar pra ele com amor... esquecer que ele nos toma, e toma-lo com delicadeza e força. era assim que seu avô fazia. e foi assim que ele me fez acreditar.