por isso construí toda essa alegoria no jardim: pra enfeitar teu coração.
cê não entende muito, e eu sei.
que é difícil pra mim fazer morada lá fora, mas também é estranho chamar de lar aqui dentro.
verdade é que sempre fui assim: meio confusa, numa vontade quase louca de ganhar o mundo... não que eu queira ter tudo, longe disso e você bem sabe.
mas sim que eu queira (muito!) encher o peito dessas coisas que os olhos da gente veem por aí.
sabe como?
é que eu sempre gostei de voar. sempre gostei de ir e vir. sempre gostei de conhecer o novo e guardar no peito, como se me fosse familiar.
essa coisa de criar raiz e cortar a asa me tira o eixo que é viver. por isso essa mania estranha de não ser de lado algum. por isso esse jeito de viver em silêncio, com o coração se fazendo mar...
só que quando eu coloquei os olhos nocê [e isso já faz tanto tempo!], aconteceu uma coisa muito estranha: eu sabia que não teria que ter um fim. mas tive a impressão de que a gente inventaria uma porção de começos, guiados por esse fio fino que passou a ligar seu coração no meu.
aí mudou tudo. e eu passei a desejar quintal com flores, casa com paredes lilás e sua rede bem colocada na varanda, procê descansar nos fins das tardes ou ver a lua quando anoitece.
entendi que eu não tinha que me prender nem me perder de nada, se fosse você...
porque é assim que é o amor:
a gente saber que pode descansar em paz em alguém, até não ter coragem de ir embora nunca mais.
{essa chance imensa de abraçar teu coração vai acabar se tornando meu lugar...