[do livro de cartas]
. acontece, às vezes, de a gente não ter pra onde ir.
você sabe: gente demais, rostos iguais e ninguém semelhante à sua solidão. é nessas horas que a gente se recolhe ao silêncio. coloca uma música bem leve. e vai pintar. ou escrever. ou ler um livro parado há dias na escrivaninha, junto a tantos outros ainda não lidos.
não sei se é coisa da idade [como dizem por aí que pode ser] ou se é nosso jeito de preferir a melancolia até quando a primavera recomeça a florir.
vai ver, não criar expectativas demais seja um jeito de sair daqui.
como surpresa, sabe? você pisca os olhos e pronto: já está fora, em outro lugar que, ao menos inicialmente, pareça te pertencer. e vai acontecendo assim, como mágica.
cada fase, um lugar. cada astral, uma estação. cada dia, uma vida diferente. cada recomeço, uma chance maior de preencher vazios.
Um comentário:
Preencher espaços vazios com pedaços de nós mesmos que vamos descobrindo a medida que entramos em cada livro, em cada poesia, em cada desenho... Preencher com coisas boas... pra desocupar...
Bonito.
A figura também!
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