preciso de ti pra ter cá os pés no chão. sou de voar alto demais, invento da vida passarinhos, um jeito de tocar de asas as nuvens e às vezes até algumas estrelas...
preciso de ti pra quando eu fizer poemas, e pra quando não os tiver também. e que sorrias de qualquer forma, sem entender nem mais nem menos, a ausência escrita a nanquim nos meus papéis amarelados.
preciso de ti pra me lembrar os meus tombos e pra entender que não necessito cavar com as unhas, a perfeição esquecida do meu próprio coração. saber que sou carne, osso, pele, desejo, suspiro. e que posso sim aprender a olhar nos olhos sem temer os dias feitos de manhãs.
preciso de ti pra dissolver entre as esquinas do imenso e tormento mundo, que refiz em muro pra me proteger: do frio, do sol quente do verão, dos pingos de chuva, das nuvens acinzentadas, do céu de todo azul, dos quatro sentidos: tato, olfato, visão, audição...
preciso de ti pra me esquecer um pouco do que é singular e empregar mais plurais em tudo o que digo, vivo, escrevo.
nós, vós, eles...
preciso de ti pra que a solidão se comova e caia de me deixar um pouco em paz,
até o próximo verão...
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