quarta-feira, 8 de junho de 2016

.cabe na simplicidade.

se cê vier ainda hoje, antes das seis, vai acontecer de cê me achar meio cinza, nublada dessa coisa toda que é viver.

mas eu vou gostar que cê se achegue. capaz até que eu passe um café, desses bem fortes que é pra acordar o peito e deixar de lembrar dessas coisas ruins.

no entanto, se cê preferir não me ver assim - cabisbaixa, olhos adormecidos, coração meio frio -, deixe pra vir quando for sexta-feira.

que eu me preparo melhor.

[abro vinho, colho flor, curo o coração, talvez tenha sobremesa e eu já tenha secado esse temporal]

a gente pode até deitar no céu pra ver estrelas no chão. ou falar dessas coisas que deixam a vida mais bonita. e que cê carrega. e que cê me dá só de sorrir.

é de sofrer mesmo, um pouco, quando se deixa tocar pelo amor. ou pela ideia do que ele pode nos fazer.

mas cá dentro, nessa minha alma meio calejada desses dias cada vez mais sombrios, cê tem sido a coisa boa de viver. tipo vó dizia, quando a gente passava horas sentada na mesa da cozinha, comendo biscoito de polvilho com suco de pêssego: 'ô trem bão, minha filha!'.

- mesmo assim,

cê vai dizer. e eu vou repetir que sim, que mesmo assim. com tudo acontecendo desse jeito, essas formas nada geométricas e cê crescendo em mim de um jeito visível, como se a gente pudesse... 

cê veio pra ser minha coisa boa, mesmo sem se poder ser. e ainda que cê se demore, cá no fundo eu perdi a pressa. só por hoje. que é capaz até de eu abrir um sol tamanho só pra te proteger do frio e te ver dançar...



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