sábado, 2 de abril de 2016

.pelo tempo.



...

você sempre pediu que eu tivesse coragem.
pra atravessar rios, pular de grandes alturas, escalar montanhas, olhar pra baixo do trigésimo terceiro andar sem vertigem.
você sempre pediu que eu perdesse o medo.
de sentar sozinha e pedir um café gelado ao garçom quando é outono, de arriscar saltos maiores que meus próprios passos, de cantar, de dançar, de amar outra vez.
você sempre temeu que eu fugisse.
e foi nessa de destemer o mundo que eu saí de casa e te deixei pra trás, sem eira, beira nem perdão.
porque eu não me perdoaria se fosse você.
mas te perdoaria, se fosse eu, e te visse partindo pra seguir seus sonhos, sem ter medos aparentes, só porque um grande coração te ensinou que a vida quer que a gente sorria, doa o que doer.

hoje eu faço as malas outra vez, devagar, como alguém que empacota a vida com delicadeza, pra não perder nenhum detalhe.
apertando por todos os lados, pra caber tudo e pra quando for a hora.
que ainda demora.
que até lá, dá tempo da gente se estender a mão e caminhar um pouco juntos.
que, se você não se importar em ouvir a mesma canção todos os dias, em ser fotografado a cada esquina, em fazer parte de cada um dos meus poemas e em usar expressões fortes como "pra sempre" e "amo você", 
vai ser um prazer não te deixar pra trás dessa vez...

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