Mais uma vez, recomeço. Agora, partindo daquele ponto em que
se perdeu, outra vez, um pouco da delicadeza, da cor e da solidão. Afinal, se é
pra ter de volta a leveza da alegria, que seja ainda no outono, quando o tempo
passa mais depressa por nós. Eu sei que não tem sido fácil pra você desde o
último verão. As coisas deram um giro e continuam girando, girando, girando...
como se você fosse cair a qualquer momento e machucar os joelhos, como na
infância. Eu sei. E compartilho da sua aflição, embora eu prefira chamar de
inquietação. Tens o coração inquieto desde menina, desses que não param em um
caminho só: preferem zanzar daqui pr’ali, se enchendo de amor até transbordar.
E quando transborda, já era! É hora de saltar, porque é melhor ir assim de
fininho, sem fazer alarde, à francesa – como dizem – do que se ferir outra vez.
Só que até coração inquieto, minha pequena, vez ou outra se encosta num peito
manso, pra sentir outro coração pular descompassado, como todo seu carnaval. Só
que até carnaval acaba, querida, deixando saudade, flor, confete e serpentina.
Então, vai! Apruma esse peito, chora se preciso for, se perdoa pela entrega, recobra
teu silêncio, enche os olhos de sorriso, e vive! Porque não há dor que dure o
ano inteiro, nem amor que não valha a pena. Escreve: há de ter um jeito de a
gente se recuperar, sem colecionar cicatriz...
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