Achava que isso de amor era coisa séria demais pra lhe
tocar. Entrou no trem em direção contrária. Foi para o sul viver. Cabia no
peito, vez enquando, uma saudade fininha do leite quente com chocolate e do chá
que ela costumava beber rigorosamente às quartas e quintas. Aí, quando era
assim, pegava um álbum de fotografias que ela dividira em estações pra ser mais
fácil lembrar. Ficava ali, olhando. E vez ou outra até sorria, um pouco que de
satisfação, outro pouco de tristeza. E então ia ler um livro, separava um disco
ou colocava o casaco e ia pra rua caminhar um pouco. Ver gente. Sentir o vento
fresco das tardes de outono. Esquecer. Viver.
Nenhum dos dois sabia que amor,
desses construídos de verdade, acontece só uma vez, normalmente enquanto nossos
olhos piscam... quase nunca pra ficar. Porém, infinito.
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