É impressionante como você consegue ir do céu ao inferno em
poucos minutos. E tudo aquilo que imaginou que era, simplesmente não existe,
como naquelas histórias de Papai Noel, Coelho da Páscoa e “eu volto no próximo
verão”. Você é obrigado a tomar doses exageradas de realidade, em um momento em
que tudo que precisava era de um pouquinho mais daquela ilusão branquinha, que
deixaram esquecida em um vidrinho no primeiro degrau do último andar de sabe-se
lá onde. Você até tenta pensar que, no fundo, a vida podia ser mais injusta,
enfim; e que podia ter te poupado de outro furacão, te deixando inteira ao
menos dessa vez, te guardando de menos uma dor. Mas não. Aí você entende que
tudo de uma vez é uma boa solução prática pra chorar o que é preciso, “cortar
os pulsos”, ir de um extremo ao outro, se culpar, procurar soluções que não
existem, respirar, respirar, respirar, sobreviver... porque não é a primeira
vez nem será a última que você precisará reconstruir a casa inteira, aguar as
plantas secas, limpar os tapetes, lavar as cortinas, trocar a louça,
reorganizar a mobília. Não é a primeira e nem será a última vez que te cortarão
inteira, sem se importar com o tempo que você levou pra se reconstituir. Você pensa,
então, em trocar de vida, se mudar pra Índia ou pro Japão, esquecer um pouco
que tem uma vida inteira pra cuidar, uma porção de problemas pra resolver e um
coração só e pequeno, que já não suporta mais se encolher. Aí você descobre
nisso tudo que é mais forte. Que podem vir mais tempestades. Que o mundo ainda
não acabou. E que, no fim, é só você contra você mesmo.
- A vida é dura, minha
querida.
- Eu sei. Eu sei...
Nenhum comentário:
Postar um comentário