Há exatamente uma semana, torci meu pé. Justo eu que, nos meus quase 24 anos, de curativo só conheci os adesivos cor da pele, que a gente chama comercialmente de BandAid, passo agora uns bons minutos dos meus dias me dedicando a arte de enrolar aquelas faixas meio beges no meu tornozelo.
Já quis quebrar o braço (direito) algumas vezes só pra ter um gesso cheio de assinaturas e ficar um tempo sem ir à escola, claro. Mas sempre tive tanto cuidado e medo, que essa "sorte" nunca me pegou.
Fiquei me perguntando, no entanto, se quando a gente vai envelhecendo as articulações ficam mais fracas, as percepções ficam mais reduzidas ou a gente passa a pensar mesmo que é esperto demais pra torcer o pé no degrau bem na porta da Redação do nosso emprego novo, a caminho do refeitório na hora do almoço...
Pois bem: as coisas são possíveis sim de acontecer a qualquer instante, de um jeito que nos deixa mais frágeis que o normal permitido... e eu acho que é na fragilidade que o amor mais mora e é nela também (a fragilidade), que precisamos mais dele (o amor).
E aí, eu chego bem onde queria chegar desde sábado, quando, em um corredor de supermercado, pensei escrever esse post...
Involuntariamente (eu sei), procurando alguma coisa que não me lembro mais o que, peguei Nelio umas duas ou três vezes dando uns passinhos meio mancos, como tem sido todos os meus desde o pé torcido. Não resisti e ousei brincar dizendo que o amor, além de tudo, é solidário... a gente sofre com a dor do outro, entristece se ele chora e mesmo que Carpinejar diga o contrário, fica feliz (ainda que egoisticamente) com a felicidade estampada no sorriso do outro. É involuntário... quando a gente vê, já tá lá dentro de uma vida que nunca foi nossa passando por emoções e compartilhando (além de outras diversas coisas) tempo...
É quando a gente se descobre frágil que se depara com todos os sentimentos sem máscaras, com seus espinhos, suas estradas tortuosas, suas solidariedades, doçuras e delicadezas... é aí que a gente reencontra o amor, que vez enquando, a gente guarda numas caixas dentro do coração, pensando mesmo que ele vai suportar ficar preso lá por muito tempo...
2 comentários:
é, eu manquei. formamos um belo "casal manco".
beijo no tornozelo!
(e se recupere logo para nossas caminhadas na beira da lagoa)
:)
Dizem que quanto mais tempo amamos aquela pessoa que está ao nosso lado, mas parecida com elas ficamos...
Lindo texto!
Melhoras!!
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