quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ela

... enquanto o dia passava ela acordava.
Mas não de sono dormido demais despertando pra ver as cores do dia.
Mas acordava pra vida... e acordar pra vida pode doer muito as vezes... ou quase nada.
Mas nela doía. Doía aquela dor no fundo, de quem andou perdendo coisas e tempo demais pelo caminho.
Doía e ela nem queria que entendessem a dor dela, já que nem ela mesma entendia.
Aí ela juntou tudo que era dos dois e separou em felicidades e tristezas que sentiu.
Guardou em uma caixa as esperas em vão, as palavras ditas sem pensar, o amor dele por outro alguém, as respostas que não teve, as perguntas que não fez.
Em outra caixa, guardou um gostar espontâneo junto com os sorvetes, as rosas, a confiança, os desejos, os planos, a cumplicidade, as cartas que não escreveu.
Percebeu no entanto que tudo que tinha eram apenas palavras e um sentimento esquisito.
E que isso era tudo que lhe devolvia a vida e de repente a roubava também, em fração de segundos.
E aquelas coisas todas pra dizer, que ela insiste em ter, resolveu que também vai escrever.
Pra transformar tudo em palavras e entregar a ele, na esperança de que ele entenda ou de que ela consiga enfim, guardar tudo nas caixas, assim como fez esta manhã.





Um comentário:

Tati disse...

'Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo..."


É que essa imagem me lembrou da frase do Quintana

Um fim de semana bonito pra vc. E que o tempo fique bom.

Um beijo