domingo, 2 de dezembro de 2018

. zelo .

escrevo num pedacinho de papel de pão, a palavra - aquela - que gostaria que lesses ao acordar.
aprendi a cuidar do tempo com zelo e com a mesma delicadeza das mãos vazias, que um dia se preencheram da tua dança.
coleciono memórias, como um álbum de figurinhas, que abro todas as manhãs só pra garantir mais um verso, dentro dessa vida que me escolheu.
"amanhã eu te esqueço. hoje é ainda cedo demais".
porque se te deslembro, perco também o jeito da poesia. tanto aquela que transborda na ponta do lápis. quanto aquela que carrego no brilho dos olhos.
esqueço dessa parte mais bruta do viver. volto a fazer poemas que não rimam, mas que carregam teus olhos apertadinhos de sol de meio dia.
cê não sabe, mas é ofício meu esse da palavra e do amor. 
e se te fiz morar dentro deles, em silêncio, é pra que nem sequer percebas... 
que é ali, depois daquela próxima curva, que o destino previu nosso voo.
"há de encontrar um lugar de ser céu"...
aqui.


Um comentário:

Jaya Magalhães disse...

“Se te deslembro, perco também o jeito da poesia.”

Isso foi tão lindo. Meio Manoel de Barros, mas que me alcança tanto mais por ser teu. Não venho para as letras faz um tempo, mas quando salto aqui nunca toco o chão.

Obrigada.