quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

. avoa .

bordo alguns poemas, como se existisse dentro deles toda a delicadeza que mora nas coisas tecidas à mão. 
esqueço os furos nas pontas dos dedos, os agouros dos dias que formam par, as pausas eternas que cabem tão bem nas coisas que nunca foram ditas.
lembro-me vagarosamente daquele verso que diz:
"és uma pequena parte de meu infinito,
por isso preservo-te sem ao menos saber,
que no fundo, tua presença fere tanto ou mais
que toda a ausência que aprendi por escolher".

dentro,
um coração que veleja sendo mar.
as palmas das mãos calejadas de tempo.
os olhos marejados de uma saudade que não aprendeu a cessar (cremos nós, que nunca aprenderá).
o sonho de ser breve. 
a sina de ser palavra. 
eterno.

o tempo que avoa por nós, 
deve ser o mesmo que nos recorta, 
embrulha e transforma em brisa quando  nos vence o verão...





Um comentário:

Jaya Magalhães disse...

Você borda a vida em palavras, de um jeito que parece que nem existe. Mas acontece. A sorte é minha, em poder dividir esse mundo com alguém que faz a vida tão mais bonita assim.

Um beijo, Débora.