sábado, 6 de outubro de 2018

. [do livro de cartas] jardin de printemps .

ouça, minha querida Alice:
não se pode forçar uma flor a se abrir. é preciso tempo para que as pétalas, escondidas entre as folhas, sintam que é hora de enxergar as luzes de amanhecer...

assim também o é conosco, Alice. não podemos querer que as coisas nos desabrochem antes do tempo, ou elas correm o risco de não vingar. eu sei, minha querida: às vezes temos mesmo muita pressa. queremos que os sonhos aconteçam, que a carta chegue, que os desgostos desapareçam, que passe logo o verão... mas de nada adianta que seja assim se, cá dentro de nós, tudo continuar tão embaralhado quanto as linhas do teu bordado.

portanto, minha querida, guarde essa ânsia no bolso e espere o tempo certo de cada jardim florescer. enquanto isso, cuide de aguar e adubar as raízes, cortar as folhas e aparar os galhos, retirar da terra as ervas daninhas ou aquilo que já morreu... 

"reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, 
que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. 
e você ainda pode ter um muito pedaço bom de alegria. 
cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua".

me despeço com Guimarães e a certeza de que cuidarás bem de teu jardim...

com amor,
Bisa.



ps.: antes de dormir, coloque três ou quatro gotinhas de 
essência de lavanda no travesseiro. 
além de perfumar a casa, vai também lhe trazer 
tranquilidade e curar-te a insônia.

ps2.: não espere envelhecer para ser feliz...




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