quarta-feira, 25 de julho de 2018

. [do livro de cartas] ventos de agosto .

minha querida Alice,

em algum momento, que ainda desconhecemos, saberemos ao certo o que foi que nos aconteceu... agora, aqui da minha distância, pensei que se não fosse o tempo, talvez ainda estaríamos dentro do mesmo compasso, dançando a mesma canção. no entanto, como também sabes, encontramos na nossa ausência um jeito bonito de existir e um certo conforto dentro de cada solidão.

sei, ainda, que me pediste que não lhe escrevesse mais. mas que faço eu, a não ser pensar em ti com tanta ternura?

me desfiz dos nós, Alice. mas sei que nunca deixaremos de ser laço. peço-te perdão por ter deixado só o teu coração e por ele ter se acostumado tanto ao silêncio, ao ponto de não querer ser mais nenhum barulho. toda ausência na qual me transformei dentro de ti, também me fere, acredite. Mas todo esse silêncio ainda vai te transformar em alguém que não teme o próprio tempo, nem foge do próprio destino...

agasalhe bem os pés e saia de casa esta tarde pra sentir os primeiros ventos de quase agosto. eu vou estar onde teu olhar não mais alcança, sempre esperando que sejas feliz.

com afeto,
Salvador.


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