quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

. do tempo de tudo .

não se entristeça assim... há tempo pra tudo!
pros laços desfeitos, pros amores perdidos, pras novas cores...
o que passou, em breve ocupará seu lugar devido entre as lembranças.

e, por isso, cuide do teu coração... 
pra que ele faça sempre as tuas melhores escolhas e guie os passos do teu melhor caminho.
essas lágrimas que caem hoje, são como orvalho nos campos de macieiras pelas manhãs: logo vem o sol e tonifica tudo. 

então, se já não cabe mais em teu peito sustentar tanto amor vão, vá enquanto o tempo ainda não corroeu tua forma de esperançar.
colhe flores, planta roseiras ou girassóis, compra alfazema pra perfumar a casa, anseia pelo tempo das boas avenças e jamais, em momento algum, caia na tentação de desistir.
não viemos até aqui pra partir em desamor...
por isso, apruma esse peito, levanta esses olhos e escreve, se preciso for, uma história nova!

tem giz de cera na primeira gaveta...
desenha com eles os sonhos mais puros do teu coração e vai... ser feliz outra vez...



terça-feira, 9 de janeiro de 2018

. [do livro de cartas] caminho sem volta .

Salvador,

sinto sua falta, principalmente quando o tempo ameaça ser janeiro o ano todo. e se te escrevo assim, enquanto ainda amanhece, é porque no fundo, ainda espero que cê se recomponha e decida vir antes que o domingo acabe. Bisa me disse, num bilhete em papel manteiga, todo bordado nas beiras com delicadas flores de abril, que devo endireitar o corpo e ir embora, sem olhar pra trás. que esse teu coração de mundo, nunca vai desejar encontrar abrigo. e que do tanto que aguardo passar mais um verão, verei apenas meu coração se tornar quebradiço, como as vidraças das janelas mais antigas.

não sei se acredito... e ainda olho teu retrato como quem se reconhece pelas beiras do tempo e se aconchega ali, sem prazos ou pressa de viver. no entanto, por via das dúvidas, não falo mais teu nome há alguns dias, nem escrevo mais poemas demorados, rimados em canções. tenho tentado, juro! e lhe conto que esquecer é caminho sem volta, e isso também apavora.

a verdade é que, por mal, perco a parte doce do peito sempre que cê me some. e vivo os dias numa amargura, uma tristeza, principalmente nessa época em que tudo evapora com as gotas da chuva. tenho ataques de ansiedade, choro sem motivos, saio pouco de casa, uso bastante alfazema e desaprendo o jeito: de rir, de ouvir, de falar daquelas coisas bonitas que cê (já) tanto se alegrou em ouvir.

eu tenho medo, Salvador. de nunca mais conseguir ser a mesma pessoa, depois de aceitar que a gente virou caminho sem volta. então, peço que repense tua solidão antes que Bisa me escreva de novo, e me convença de que é melhor silenciar meu coração e te deixar partir. eu não saberia mais contar estrelas sem contar com você...


é (sempre!) com amor,
Alice,






terça-feira, 2 de janeiro de 2018

.quando o dia entardecer.

aquele desejo que tens, no fundo do teu peito, vai se tornar real à medida em que acreditares em teu coração. 
e todo o silêncio que faz vento aí dentro, vai preencher seus vazios com a delicadeza e a simplicidade dos recomeços.
vais escrever novas canções, compôr outros poemas, aprender a fazer rimas e descobrir que ser feliz é tão caminho, quanto as trajetórias tortas do teu coração.
vais aprender a perdoar. e sorrir sem ter medo. e renascer em pequenas coragens diárias, mais fortes que aquela tristeza de ontem e que aquela mágoa de amanhã.
e então vais compreender:
que todo passo carrega uma chance de amor;
que tudo que parte é porque deveria mesmo ir;
que aquilo que teu coração grita, deve ser tua primeira verdade;
que teu sonho vale mais que qualquer carnaval;
que a saudade sempre vai doer mais nos dias de chuva;
e que tudo aquilo que vale teu sorriso, deve receber tua gratidão.
e eu desejo que nem teu coração partido, seja maior que tua vontade de mar.
e que até teu jardim em flor, resista a todo esse verão.
porque quando chegar o outono, cê vai conseguir acreditar de novo.
e como nos contou, com amor, Cris Lisbôa, 
"não te tornarás aquilo que te feriu".


(para ouvir "a pele que há em mim", márcia santos e jp simões)
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