quarta-feira, 10 de maio de 2017

. [do livro de cartas] reencontro .

Querido Salvador,

no meio de todo esse turbilhão, foi bom rever você e entender como o tempo passa veloz pela gente. nesse espaço vazio que ficou entre a nossa distância, eu quase tinha me esquecido de como era bom ver você sorrir e do quanto cuidei desse amor pra que ele fosse o único a não se transformar em mágoa. foi assim que ele se tornou a coisa mais importante do meu caminho. e é por isso que você vai ser sempre a minha pessoa preferida.

ah, que eu queria ter te dito tanta, mas tanta coisa! porque eu sabia que aquele seria o nosso último pôr-do-sol de outono. mas acontece que eu não consegui. a vida nossa se esfarelou na minha memória e tudo que me restou foi guardar aqueles minutos de olhar a luz incidindo devagar pelos seus olhos pequenos. tenho disso, cê sabe: sou mais de ver que de falar. mas acabei saindo docê meio vazia, sentindo que aquele silêncio me arrancava muito mais que um pedaço meu. 

daí eu chorei.

depois Bisa me explicou que não havia problema nenhum entre a gente. mas que o amor sempre foi mais responsabilidade minha, te sobrando o cuidado e o carinho, mas que os três nem sempre precisam de grandes feitos pra nos acontecer. foi aí que eu entendi. que não importa o que passe: vai existir da gente se perder mesmo mais uma porção de vezes, que com o tempo a gente nem mais vai saber contar. no fundo, o que vale mesmo nem é isso, mas a forma que a gente se guarda e se preserva do lado de dentro. 

não é nosso fim. eu sei e você sabe também. carece de a gente aprender: os (re) começos nem sempre vão ser de um jeito que a gente deseja, mas acabam sendo do jeito deles, e isso vai ser sempre nosso melhor. 

a sensação que tenho, Salvador, é a de que nossa vida vai ser sempre um reencontro. e vai dar toda vez o mesmo frio na barriga e a tremedeira nas mãos na hora de aceitar uma xícara de café. 

obrigada até pelos abismos...

ainda e sempre é com amor,
Alice.





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