sábado, 23 de julho de 2016

.para quando eu me for.

cada pedaço meu vai guardar uma saudade sua. nessa vida, que é minha escola desde que danei de pôr os pés pra fora de casa e ganhar o mundo, tudo de mais precioso que aprendi é que não importa o tempo, nem o esquecimento: se a gente nasce pra ser feito de memórias, elas vão junto com a gente pra qualquer lugar. e entender isso, é o mesmo que saber que você vai comigo pra São Paulo ou pra Paris, dentro dos meus olhos e do meu coração. 

não, meu querido. esse não foi o fim que nos escolhi. porque por mim, eu não teria nunca que escrever o final das nossas coisas, já que ele me dói, feito corte fundo na carne. e me sangra, feito vendaval levando todas as folhas das árvores da sua rua para o chão. no fundo, de verdade, eu queria mesmo é gastar o tempo escrevendo nosso (re) começo. pinta-lo com sua cor preferida, te dar a chance de realizar todos os seus desejos e cruzar o céu na melhor companhia. 

que é o seu sorriso. 

mas veja bem: eu levei um longo tempo para aprender a salvar o meu próprio coração de se afogar, nesse mundo que é feito mais de mágoas que de ilusões. e agora, justo agora que aprendemos a nadar, eu entendo que seria preciso mais fôlego pra te guiar pela sua travessia, até você chegar na nossa margem. e eu até tenho disposição; não sou de fugir do amor. mas não posso te obrigar a nadar, se a única coisa que tenho pra te dar são as minhas melhores lembranças e a esperança de que tudo vai se ajeitar. 

por isso, não espere que eu fique aqui por todo o tempo, nem pense que não sentirei sua falta quando eu me for. mas é que eu prefiro que cada pedaço seu guarde uma saudade minha, do que te ver morrer em dor. eu não saberia te salvar. eu nunca soube te salvar...

2 comentários:

entre-caminhos disse...

Não tenho fôlego para os seus textos.
Suas palavras tiram as minhas. Mas acho que depois desse texto carregado por tantas emoções, mais palavras nem são necessárias.

Jaya Magalhães disse...

Débora,

Meu Deus! Que coisa mais linda que é esse teu blog... E, hoje, especialmente, que texto bonito. De doer, de amar - de misturar amor e dor. Arrisco dizer que cada um é capaz de salvar-se, desde que ambos amem dentro de um mesmo amor. Aliás, a saudade que fica não é de um amor que fi(n)cou?

Um beijo,

Jaya.