quinta-feira, 15 de outubro de 2015

["o amor acaba"]

O amor acaba, já escrevera Paulo Mendes Campos, em uma dessas crônicas que eu gostaria que fosse minha. Essa semana a ouvi musicada por um cantor que gosto e que me ganhou ainda mais em admiração quando, em dois acordes, transformou as linhas de fim em música. Ficou no repeat por dias. Talvez pela surpresa da poesia em canção. Ou talvez porque eu tenha ficado todo o tempo tentando identificar onde o meu acabou: em algum lugar do texto ou em algum outro, que ainda desconheço.

Sim. Talvez tenha sido no desgaste da insistência em dar certo. Sozinho. “Em Belo Horizonte, remorso”, talvez. Na falta de respostas, de tempo e de coragem. Na demora em acreditar, em se dispor, em querer ficar. Não sei... a verdade é que, independente de onde, como, quando ou porque, o amor acaba. Em detalhes que a gente não vê, em silêncios que a gente não percebe, em ausências que a gente evita enxergar, em simplicidades que a gente insiste em cultivar. Acaba. “Por qualquer motivo o amor acaba”.

E não nos resta muito o que fazer. A gente pode se trancar em casa, evitar lugares, trocar o chá por café, ouvir outras músicas, pintar o cabelo, comprar roupas novas, se reinventar. “A qualquer hora o amor acaba” e, quando isso acontece, é bom lembrar as palavras do fim da crônica: “por qualquer motivo o amor acaba, para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto, o amor acaba”. Caminhemos, com a esperança de Paulo. Recomecemos.

Para ouvir a crônica com melodia e voz do Tó Brandileone, clique aqui. Já para ler a crônica, clique aqui.

Ps.: hoje, enfim, por pouco mais de 26 minutos, troquei o amor por tango, com as Estações Porteñas do Piazzolla. Depois voltei. Acho que ando tentando acreditar que realmente acabou.