terça-feira, 18 de agosto de 2015

.por seus sorrisos.

ouça, minha querida. não há placas em todos os lugares, dizendo o que você deve ou não fazer. algumas vezes você precisará escolher o caminho sozinha, com todos os "poréns" e "sorrisos" que isso implica. eu sei que os ventos não estão muito favoráveis, que querer desistir é uma forte opção, que invernos são épocas preciosas, em que as coisas decidem por si sós se ficam ou vão.

mas tudo são condições.

vê-se por agosto, seu mês de maior agouro, que resolveu lhe sorrir ao ponto de te deixar esquecer - não fosse pelos feriados - em que dia estamos. veja bem: há sim uma chance de ter amor em todas as coisas. desde que se tenha, ainda, força nos olhos, certezas nos passos e delicadeza no coração. aos trancos e barrancos - sendo bem clichê - as coisas se ajeitam. porque amor, pequena, não é pra qualquer um, não.

é preciso coragem e um retrato bonito para emoldurar quando as tempestades passarem. porque elas passam. vai por mim: já vi muito sol depois de tanta chuva e trovoada. é tudo questão de esperar... pra ver.

















terça-feira, 11 de agosto de 2015

.experimentando (ou uma primeira crônica sobre aviões).

minha prima chegou de viagem no último fim de semana. estava naqueles intercâmbios, financiados para estudos, que não existiam na minha época de faculdade. chegou me trazendo uma porção de presentes: uma polaroid; um livro do Pequeno Príncipe original, em francês; algumas histórias; o sorriso da nossa avó; o sossego da família, que se reuniu quase toda para recebe-la, em festa.

mais do que as coisas físicas, que podemos ver, pegar, usar, ela trouxe alguns sorrisos de volta e o fim de uma parte das minhas saudades. no aeroporto, enquanto esperava por sua chegada, senti aos poucos que a vida voltava ao normal, lenta, mas decidida a continuar nos trilhos. ao menos por enquanto.

sempre gostei de aviões. desde criança. na cidade de minha mãe, onde cresci, passava um sempre no mesmo horário, às vezes até bem baixinho, com aquele barulho me chamando até a janela. só fui ver um avião de pertinho quando me mudei pra capital. com dois aeroportos, vi o primeiro voo (em todo aquele processo de impulso, distância e, por fim, ganhando leveza no céu) de longe, encantador. só fui voar com meus 23 anos, em uma viagem pela faculdade. tive medo. mais pelo tamanho do avião do que pelo voo em si.

lá de cima, quando vi as nuvens e aquele céu tão azul, esqueci que a vida carrega tantas impossibilidades.

voar entrava, então, para minha coleção de boas lembranças e coisas favoritas.

voei outras poucas vezes, menos até do que gostaria. com o tempo, perdi o medo de fazer tudo sozinha, do check in ao desembarque. entendi que, pra mim, voar era um exercício de superação, até ficar mais de 10h em um voo de BH à Lisboa e mais umas 3h de Lisboa à Roma... ali, percebi que eu poderia ir a qualquer lugar, mesmo que a solidão continuasse me escolhendo como companhia.

aeroportos me dão a sensação de que a gente pode recomeçar sempre. em outro lugar. como se a gente pudesse escolher o próprio destino e ser feliz fosse só um detalhe pequeno, desses que quase nem importam tanto, principalmente quando a gente carrega na mala uma porção de sonhos que só precisam de coragem para serem realidade.

ainda tenho medo de avião. quase o mesmo medo de navios e estátuas muito grandes. engraçado e justificável, se pensar pelo lado de que grandiosidades me assustam... mas não é sobre medos que vim falar aqui. e sim sobre a esperança em aeroportos e aviões. esperança essa que despertou meu coração no fim de semana e me fez compreender que o mundo é pequeno por demais, pra que a gente não realize nosso próprio coração...

pra onde você quer voar?


"Todos os Lugares", Versos que Compomos na Estrada

-------------------------------
*esse texto é um exercício. é a primeira crônica que posto aqui. gosto dessa coisa de dizer da vida, do cotidiano, das coisas reais... espero que elas se tornem mais frequentes por aqui. elas fazem parte das minhas escolhas... =)

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

.carta pra me despedir de você.

Eu queria que fosse você... pra sair de mãos dadas no sábado à tarde e dormir o domingo inteiro de chuva e preguiça. Queria você. Pra dançar até o chão naquela festa estranha semana passada ou pra me levar pra casa depois que mergulhei todo meu desespero em umas garrafas de cerveja anteontem. Queria que fosse você chegando comigo no aniversário de 90 anos da minha avó e rindo da minha falta de jeito e do meu choro no casamento da minha melhor amiga. Queria você. Pra me ligar duas da manhã dizendo que não consegue dormir e pra me acordar em qualquer manhã com aquele clichê de que é outro dia e tudo vai dar certo. Queria que fosse você quando passei mal de rir no cinema com um filme qualquer. E queria você quando passei mal de dor no pé, depois de torcer descendo uma escada. Queria que fosse você pra quando você precisasse de companhia: pra estudar, pra tomar um café, pra experimentar um novo sorvete, pra ver aquela peça no teatro, pra ver a cidade mais bonita quando é inverno. Queria você pra dividir qualquer coisa que, de tão minha, não sei mais como entregar a ninguém. Queria que fosse você quando toca uma música que eu gosto, quando bebo meu drinque preferido, quando saio de casa de chinelo e calça de pijama, pra não me preocupar. Queria você pra sorrir a vida, pra abraçar apertado, pra deitar no ombro, pra tirar fotografias engraçadas, pra guardar fotografias e memórias, pra ter esperança. Queria que fosse você quando eu resolvi ir embora, pra que eu tivesse um motivo bobo pra ficar. E vontade de ficar. Queria você pra realizar aquele sonho antigo de casa-paredes-amarelas-quadros-pendurados-flores-na-varanda-vinho-cozinha-comida-sofá-amor-pra-vida-inteira. Queria que fosse você quando eu tivesse vontade de chorar, aperto no coração e lembrança do que não foi. Queria você porque fazia tempo que eu não sabia querer nada assim: de coração puro e leveza nos olhos. Queria que fosse você. Mas de tanto querer, não foi...

 
 
------------------------------
 
agosto/15