terça-feira, 22 de janeiro de 2013

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

. maintenant l'été tire à sa fin .


A gente pode ir embora quando quiser, ou ficar pelo tempo que for preciso. Pressinto, algumas vezes, que será longa nossa estadia. E me alegro. Um pouco pelo seu sorriso, outro tanto pela leveza da sua companhia... eu sei que nada é eterno nessa vida. E você também deveria saber que aquele amor antigo, todo errado, não vai durar pra sempre em seu coração, nem se repetir nos próximos olhos em que você se encontrar. Por isso a gente veio, se encontrou aqui e por vezes sente vontade de ficar, seja em mãos dadas, em palavras ou em alguns segundos de silêncio, desses em que você poderia até ouvir o meu coração batendo descompassado.
Ei! Devo te confessar que ontem era tarde, eu tentei dormir e tudo que consegui foi sorrir de lembranças. É bom viver perto de quem nos dá sorrisos em troca de. Ainda bem, tem sido bom viver...






segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

. há treze anos, todo janeiro é assim .

eu não aprendi a tocar piano, nem sei dançar como as meninas do ballet que a gente via na TV. Eu não virei artista de circo, não me tornei uma expert em desenhos e pintura, não cresci muito nem aprendi a comer jiló. Não voltei àquele cinema nem àquela cidade, desde que cheguei até aqui. Ainda não consegui andar em linha reta e não soube o que fazer quando vi minha primeira planta morrer. Não perdi o medo de altura e, se for pra ter muita água, chego perto desde que só seja mar. Não me tornei atriz famosa e agora só faço contas em mesa de bar. Não aprendi ainda inglês, mas me prometi francês e, não sabendo lidar muito bem com palavras faladas, aprendi a respeitar meus silêncios e a me fazer entender assim.

não mudou muita coisa, acredite. E há 13 anos, todo janeiro é assim...

no entanto, agora atravesso a rua sozinha e lembro o passado com mais ternura e menos dor. Assisto pouca novela e leio mais (vó até disse da última vez que devia ter alguma coisa errada pra alguém ler tanto). Não acredito mais em qualquer pessoa e é preciso muito pra me desestabilizar, mas bem pouco pra me fazer chorar. Escrevi um livro que ainda não publiquei, deixei sem querer que me cortassem feio por dentro, mas com o tempo me reconstituí mais forte, como me ensinou antes de partir. Tenho sonhos (uma porção deles), uma profissão e uma distância que me faz ver mãe de 15 em 15 dias. Mas tô feliz. Tô forte. Tô numa paz branquinha, cheia de uma saudade que não tem cor.

sabe pai. Tem dias que eu choro em silêncio e acho que o caminho não vai vingar. Comprei um girassol que acabei não levando pra enfeitar teu jardim. Me perdoa pai. Eu posso até saber falar muito bem sobre morte e a saudade dolorida que eu sinto, cutucando feio o peito.  Mas acontece que ainda não aprendi a lidar com essa ausência. Confesso, pai, que às vezes até ouço um assovio semelhante ao seu. E por alguns segundos, ainda te espero entrar pelo portão.

domingo, 6 de janeiro de 2013

. retrato .

quando vi seu retrato na parede, pensei com o coração aos prantos, que era evidente que não existiam sequer mais semelhanças. eu, que passei a vida inteira sonhando pequenezas e simplicidades, entendi que ficar ali, diante daquele quadro pra sempre (ou pelo resto de tempo que fosse), exigiria em mim uma mudança brusca, que me levaria para o caminho óbvio do 'acostumar-se ia'...
acostumar-se ia a passar as tardes de sol por trás das janelas.
acostumar-se ia a deixar a louça sempre limpa, as mãos sempre prontas, o quarto sempre de pé.
acostumar-se ia a se vestir sempre em ordem, com os cabelos compridos e regrados, os dedos vazios de anéis.
acostumar-se ia a levantar todos os dias, preparar o café com torradas e geleia, com a mesma vista em frente, por mais 25 anos.
acostumar-se ia a sonhar mais ou menos, a comer mais ou menos, a caminhar mais ou menos, a se emocionar mais ou menos, a amar mais ou menos.
talvez isso não fosse assim tão ruim. mas pr'aquele momento era. porque eu quis tanto, tanto a euforia de noites longas e a paz de domingos acordando, que por pouco quase me esqueci. que o que tive o tempo todo sempre foi um retrato... antigo, amarelado e desbotando traços. com sonhos guardados no fundo das gavetas e um sorriso frouxo de "deixa o dia amanhecer" porque ainda se podia acreditar em manhãs azuis...