E eu queria, antes de
qualquer coisa, te agradecer... por ter me livrado um pouco do peso da vida, no
momento em que ela quis ser dura demais comigo. e por ter me feito encarar o
mundo de frente, naqueles dias em que era mais fácil fugir (e foi realmente o
que quase fiz, quando você chegou, pegou minha mão e me mostrou que existiam
outras pessoas além das que me machucaram, andares de janelas abertas e o
esquecimento do medo de altura, palavras doces, abraços de saudade, afeto por
nada em troca). E vai ver foi por isso que eu gostei mesmo de você e seu jeito
fácil de me convencer de que vale a pena, embora nem mesmo você acreditasse
nisso algumas vezes. Vai ver foi por isso que me retirei em silêncio várias
vezes e permaneci “são” em quase todas as noites de sábado, para cuidar que
você não esquecesse nada, nem se machucasse demais e me achasse acordado sempre
que precisasse dizer qualquer coisa sem sentido às duas da madrugada. Vai ver
foi por isso que eu segurei tanta barra e não enlouqueci... porque tinha você
mais maluca que eu, acreditando em mim e me ouvindo de um jeito que só você
soube ser.
De você eu só guardo
lembranças, minha querida. As mais bonitas dos últimos meses, tenha certeza. Daquelas
de pôr do sol em qualquer cidade distante; de dividir a última dose de qualquer
bebida forte com o dia amanhecendo; de compartilhar uma porção de agonias e um
mundo de alegrias que foi se abrindo devagar; de dançar até os pés não
suportarem mais; de voltar a quase planejar domingos; de sentir borboletas no
estômago; de levar puxões de orelha e engolir o choro pra que não me visse
frágil demais. E eu te agradeço, meu bem. Pelas horinhas de descuido em que a
gente se encontrou e se fez sorrir... isso tudo porque eu sei (e você também)
que será bem diferente quando você voltar...sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
. é tempo, eu sei .
Uma hora ou outra, a gente aprende que algumas coisas – uma porção
delas – foram feitas para não vingar. E, depois de se fechar em uma bolha fria e
desconfortável por semanas, e de chorar por noites seguidas e intermináveis,
descobre-se que o amanhã existe. E que é bonito. E que é nele que moram as
esperanças de se construir um caminho mais leve que o de ontem e de usar
palavras mais doces, como as da infância.
Chega uma hora que a gente tem que se devolver pra gente,
antes de voltar a pertencer ao mundo. Parar de ver a vida passando desonestamente
pela fresta da janela e fazer alguma coisa “pelo amor de Deus!” pra ser feliz
outra vez. Deixar a felicidade entrar como ela quer e que fique o tempo que for
preciso, para logo se iniciar outro ciclo. Parar de estender as duas mãos pro outro
e cuidar um pouco do nosso coração com delicadeza. Porque o que a gente precisa
mesmo é de tempo na vida pra entender os desenganos e perceber que eles eram o
jeito certo da gente acontecer. E ter motivos pra ficar. E querer ficar... Ou
ter forças e coragem pra ir. E desejar ir. Deixar-se ir...
A vida é feita desses pequenos instantes de coragem. Feita de
noites que adormecem tristes e de tardes que se põem num pequeno sorriso de “agora
sim tudo está em seu lugar”. E sentir como se estivesse soprado um vento fresco depois
da avalanche, do furacão e da tempestade que viraram o mundo de cabeça pra
baixo.
É tempo de sorrir. Abrir os olhos e perceber que é tempo de
recomeço...
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