sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

. sexto dia .


E eu queria, antes de qualquer coisa, te agradecer... por ter me livrado um pouco do peso da vida, no momento em que ela quis ser dura demais comigo. e por ter me feito encarar o mundo de frente, naqueles dias em que era mais fácil fugir (e foi realmente o que quase fiz, quando você chegou, pegou minha mão e me mostrou que existiam outras pessoas além das que me machucaram, andares de janelas abertas e o esquecimento do medo de altura, palavras doces, abraços de saudade, afeto por nada em troca). E vai ver foi por isso que eu gostei mesmo de você e seu jeito fácil de me convencer de que vale a pena, embora nem mesmo você acreditasse nisso algumas vezes. Vai ver foi por isso que me retirei em silêncio várias vezes e permaneci “são” em quase todas as noites de sábado, para cuidar que você não esquecesse nada, nem se machucasse demais e me achasse acordado sempre que precisasse dizer qualquer coisa sem sentido às duas da madrugada. Vai ver foi por isso que eu segurei tanta barra e não enlouqueci... porque tinha você mais maluca que eu, acreditando em mim e me ouvindo de um jeito que só você soube ser.
De você eu só guardo lembranças, minha querida. As mais bonitas dos últimos meses, tenha certeza. Daquelas de pôr do sol em qualquer cidade distante; de dividir a última dose de qualquer bebida forte com o dia amanhecendo; de compartilhar uma porção de agonias e um mundo de alegrias que foi se abrindo devagar; de dançar até os pés não suportarem mais; de voltar a quase planejar domingos; de sentir borboletas no estômago; de levar puxões de orelha e engolir o choro pra que não me visse frágil demais. E eu te agradeço, meu bem. Pelas horinhas de descuido em que a gente se encontrou e se fez sorrir... isso tudo porque eu sei (e você também) que será bem diferente quando você voltar...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

. é tempo, eu sei .

Uma hora ou outra, a gente aprende que algumas coisas – uma porção delas – foram feitas para não vingar. E, depois de se fechar em uma bolha fria e desconfortável por semanas, e de chorar por noites seguidas e intermináveis, descobre-se que o amanhã existe. E que é bonito. E que é nele que moram as esperanças de se construir um caminho mais leve que o de ontem e de usar palavras mais doces, como as da infância.
Chega uma hora que a gente tem que se devolver pra gente, antes de voltar a pertencer ao mundo. Parar de ver a vida passando desonestamente pela fresta da janela e fazer alguma coisa “pelo amor de Deus!” pra ser feliz outra vez. Deixar a felicidade entrar como ela quer e que fique o tempo que for preciso, para logo se iniciar outro ciclo. Parar de estender as duas mãos pro outro e cuidar um pouco do nosso coração com delicadeza. Porque o que a gente precisa mesmo é de tempo na vida pra entender os desenganos e perceber que eles eram o jeito certo da gente acontecer. E ter motivos pra ficar. E querer ficar... Ou ter forças e coragem pra ir. E desejar ir. Deixar-se ir...
A vida é feita desses pequenos instantes de coragem. Feita de noites que adormecem tristes e de tardes que se põem num pequeno sorriso de “agora sim tudo está em seu lugar”. E sentir como se estivesse soprado um vento fresco depois da avalanche, do furacão e da tempestade que viraram o mundo de cabeça pra baixo.
É tempo de sorrir. Abrir os olhos e perceber que é tempo de recomeço...