quinta-feira, 22 de novembro de 2012

. em um dia de sol e novembro .

É impressionante como você consegue ir do céu ao inferno em poucos minutos. E tudo aquilo que imaginou que era, simplesmente não existe, como naquelas histórias de Papai Noel, Coelho da Páscoa e “eu volto no próximo verão”. Você é obrigado a tomar doses exageradas de realidade, em um momento em que tudo que precisava era de um pouquinho mais daquela ilusão branquinha, que deixaram esquecida em um vidrinho no primeiro degrau do último andar de sabe-se lá onde. Você até tenta pensar que, no fundo, a vida podia ser mais injusta, enfim; e que podia ter te poupado de outro furacão, te deixando inteira ao menos dessa vez, te guardando de menos uma dor. Mas não. Aí você entende que tudo de uma vez é uma boa solução prática pra chorar o que é preciso, “cortar os pulsos”, ir de um extremo ao outro, se culpar, procurar soluções que não existem, respirar, respirar, respirar, sobreviver... porque não é a primeira vez nem será a última que você precisará reconstruir a casa inteira, aguar as plantas secas, limpar os tapetes, lavar as cortinas, trocar a louça, reorganizar a mobília. Não é a primeira e nem será a última vez que te cortarão inteira, sem se importar com o tempo que você levou pra se reconstituir. Você pensa, então, em trocar de vida, se mudar pra Índia ou pro Japão, esquecer um pouco que tem uma vida inteira pra cuidar, uma porção de problemas pra resolver e um coração só e pequeno, que já não suporta mais se encolher. Aí você descobre nisso tudo que é mais forte. Que podem vir mais tempestades. Que o mundo ainda não acabou. E que, no fim, é só você contra você mesmo.
- A vida é dura, minha querida.
- Eu sei. Eu sei...


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