quarta-feira, 8 de agosto de 2012

. me escreva um postal ou me guarde em saudade .

ele só veio porque era preciso. e porque pedi. ou você acha mesmo que eu te dexaria ir, sem olhá-lo para dizer ao menos um 'até logo'?
eu sei que você não gosta dessas despedidas prolongadas. parece que fica sempre alguma coisa por ser dita, algum olhar largado no chão na hora de bater a porta. eu sei que você preferia ir em silêncio, carregando as malas nos braços, como quem sai fugindo de alguma coisa ou de um passado qualquer.
eu sei minha querida. eu sei de tudo... sei que é um bom emprego e a melhor chance de recomeçar longe dos fantamas que te assustam tanto. sei que você precisa ir, que aqui não há mais lugar pra você e que mais cedo ou mais tarde, essa sua necessidade de dias frios e tardes com mar iria te levar mais longe, pra bem longe. mas você sabe também que não dá para apagar lembranças e viver como se não tivesse memória. nem seu avô, com todos os problemas da idade, se esqueceu dos lugares por onde passou, das mangas que panhou no quintal, dos filhos que foram para longe, dos amores que não viveu.
a vida já tem linhas tortas demais pra gente fingir que tudo é em vão... e espero que você entenda que algumas coisas não tem mesmo solução, mas nem por isso merecem ser vistas pelas costas ou com os olhos marejados de sal...


"sei que ninguém mais envia cartas hoje em dia. cheguei a quase acreditar em você e sua teoria de que os correios ainda vão falir com o avanço das tecnologias. mas eu sei que seu coração é antiquado ao ponto de me mandar um postal. ou uma fotografia. e uma poesia em papel de carta azul."

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