terça-feira, 20 de março de 2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

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… vou saindo aos poucos pela porta da frente, que é pra não deixar razão pra voltar...

quarta-feira, 7 de março de 2012

ei!

‎"Olha, Dona Moça, eu aprendi. Você, um dia, vai aprender. Não leve a vida tão à risca. Não existem regras para viver. Não se esconda, não feche sua janela. O amor, quando quer, arromba as portas. Cuide do seu jardim, deixe que suas flores desabrochem. Perfume a sua vida, dona Moça. Um dia a gente aprende, eu aprendi e você também vai aprender que a vida é mesmo dura quando ...você tem medo, quando você se acha fraco, quando se acha vítima. Você não é vítima. Ninguém aqui é vítima. Somos todos perdedores, apenas. E perder, às vezes, é ganhar. Sonhe, dona Moça, mas não durma demais. O tempo passa e não volta. O tempo corre. E não espere pelo príncipe encantado, ele não vem. Deixe os contos de fadas só nos livros infantis que você tanto lia quando criança. É preferível que beije o sapo. Não, ele não vai virar príncipe! Continuará um sapo. Mas, pode ser que você o aceite e goste exatamente do jeito que ele é. Entenda, dona Moça, que a pessoa perfeita tem mil defeitos. Entenda que as flores também têm espinhos. Entenda que no outono as folhas vão embora e que no inverno a pintura é triste. Mas a primavera vem e traz de volta as cores e o perfume. Entenda que saudade dói, mas passa, se você souber transformá-la em alegria. Nostalgia é estado (momentâneo) de espírito. Entenda, dona Moça, você tem que voar! Não encolha suas asas. Voe! E não olhe para baixo. Entenda que certas coisas não foram feitas para serem entendidas. Apenas sinta, dona Moça, feche os olhos e sinta. O mundo é só mais uma roda gigante que não para. Levanta, dona Moça, o mundo não espera por você!"

Simone Oliveira

sexta-feira, 2 de março de 2012

A volta dos balões

Parece que ela adoeceu outra vez. Está sempre triste, andando devagar, com dificuldades para comer, com insuficiência para respirar. Dizem que pode estar envelhecendo e, por isso, tenta encontrar novos hábitos e se confunde, sem conseguir se desvenciliar do passado. Dizem que pode estar se sentindo sozinha, depois de ter descoberto o quão é difícil estabelecer laços em lugares que não lhe pertencem. Mas eu, que a conheço bem, acho mesmo que adoeceu. Não me enganam esses olhinhos pequenos meio esmurecidos, esse sorriso cada vez mais escondido, essa pressa, essa saudade, esse sentimento que não sabe de onde vem nem pra onde vai nem porque existe nem quanto tempo vai durar. Lembra dos balões? Sim. Ela me disse que às vezes parecem balões por dentro, que vão se enchendo, enchendo, até querer estourar. Mas aí não estoura, fica cheio, às vezes esvazia um pouco (sente-se o sopro por dentro, sente-se como ar quente, às vezes provoca mal estar), mas não sai de lá, só enche... aí eu fico pensando no que fazer por ela. Pensei em dar um jeito de estourar o balão mas pode ser agressivo demais e temo que ela não aguente. Pensei em comprar rosas (pois foi assim que lhe remediaram uma vez) mas fiquei com medo do passado acometê-la ainda mais e fazer piorar. Pensei em ficar do lado dela e não fazer nada, não dizer nada, apenas fazê-la entender que a solidão não existe, pelo menos não como ela pensa que sim. Pensei em dizer a ela que embora os medos e as dores existam, algumas coisas a gente não cura com aspirina, nem com silêncio, nem fechando o coração. Aí eu pensei tanta coisa mas tive também tanto medo que ela não resistisse, que só disse que não é doença não: é tempo. Porque às vezes, tudo que eu acho que ela precisa, é de um pouco mais de tempo para admirar o azul lá de fora e deixar-se colorir. Porque às vezes, conforme chegar o outono, talvez isso passe pelo menos até a próxima estação. Porque às vezes, talvez tudo que ela precise seja de um tempo para não entender o amor e viver, com leveza e delicadeza. Porque ela adoeceu sim, eu sei. E já faz tempo...