sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

. sexto dia .


E eu queria, antes de qualquer coisa, te agradecer... por ter me livrado um pouco do peso da vida, no momento em que ela quis ser dura demais comigo. e por ter me feito encarar o mundo de frente, naqueles dias em que era mais fácil fugir (e foi realmente o que quase fiz, quando você chegou, pegou minha mão e me mostrou que existiam outras pessoas além das que me machucaram, andares de janelas abertas e o esquecimento do medo de altura, palavras doces, abraços de saudade, afeto por nada em troca). E vai ver foi por isso que eu gostei mesmo de você e seu jeito fácil de me convencer de que vale a pena, embora nem mesmo você acreditasse nisso algumas vezes. Vai ver foi por isso que me retirei em silêncio várias vezes e permaneci “são” em quase todas as noites de sábado, para cuidar que você não esquecesse nada, nem se machucasse demais e me achasse acordado sempre que precisasse dizer qualquer coisa sem sentido às duas da madrugada. Vai ver foi por isso que eu segurei tanta barra e não enlouqueci... porque tinha você mais maluca que eu, acreditando em mim e me ouvindo de um jeito que só você soube ser.
De você eu só guardo lembranças, minha querida. As mais bonitas dos últimos meses, tenha certeza. Daquelas de pôr do sol em qualquer cidade distante; de dividir a última dose de qualquer bebida forte com o dia amanhecendo; de compartilhar uma porção de agonias e um mundo de alegrias que foi se abrindo devagar; de dançar até os pés não suportarem mais; de voltar a quase planejar domingos; de sentir borboletas no estômago; de levar puxões de orelha e engolir o choro pra que não me visse frágil demais. E eu te agradeço, meu bem. Pelas horinhas de descuido em que a gente se encontrou e se fez sorrir... isso tudo porque eu sei (e você também) que será bem diferente quando você voltar...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

. é tempo, eu sei .

Uma hora ou outra, a gente aprende que algumas coisas – uma porção delas – foram feitas para não vingar. E, depois de se fechar em uma bolha fria e desconfortável por semanas, e de chorar por noites seguidas e intermináveis, descobre-se que o amanhã existe. E que é bonito. E que é nele que moram as esperanças de se construir um caminho mais leve que o de ontem e de usar palavras mais doces, como as da infância.
Chega uma hora que a gente tem que se devolver pra gente, antes de voltar a pertencer ao mundo. Parar de ver a vida passando desonestamente pela fresta da janela e fazer alguma coisa “pelo amor de Deus!” pra ser feliz outra vez. Deixar a felicidade entrar como ela quer e que fique o tempo que for preciso, para logo se iniciar outro ciclo. Parar de estender as duas mãos pro outro e cuidar um pouco do nosso coração com delicadeza. Porque o que a gente precisa mesmo é de tempo na vida pra entender os desenganos e perceber que eles eram o jeito certo da gente acontecer. E ter motivos pra ficar. E querer ficar... Ou ter forças e coragem pra ir. E desejar ir. Deixar-se ir...
A vida é feita desses pequenos instantes de coragem. Feita de noites que adormecem tristes e de tardes que se põem num pequeno sorriso de “agora sim tudo está em seu lugar”. E sentir como se estivesse soprado um vento fresco depois da avalanche, do furacão e da tempestade que viraram o mundo de cabeça pra baixo.
É tempo de sorrir. Abrir os olhos e perceber que é tempo de recomeço...

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

. pra machucar os corações .

. Caetano e João Gilberto .



"Quem acreditou
No amor, no sorriso e na flor
Então sonhou, sonhou
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais
Quem no coração
Abrigou a tristeza de ver
Tudo isso se perder
E na solidão
Procurou o caminho e seguiu
Já descrente de um dia feliz
Quem chorou, chorou
E tanto que o seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
Pois a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou"

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

. quinto dia .

Não telefonei, nem respondi as mensagens da minha caixa postal. Por um pouco de preguiça, por um pouco de vontade de evitar aquelas pessoas que queriam saber o tempo todo se eu estava bem. Eu estava, enfim. Com o coração esmagado no fundo do peito e um vazio ocupando o enorme espaço que sobrou. Mas eu tava legal. A vida ainda tava no lugar, o sorriso se intercalava um pouco com as lágrimas, a cabeça queria estourar, o estômago mal suportando ver comida, uma garrafa novinha de conhaque na estante, um livro para começar a ler. Eu não imaginava que seria assim. Acredito que a gente nunca saiba ao certo a dimensão da dor. E eu sei que você vai me perguntar “dor por que se você me disse várias vezes que estava arrastando essa história por anos!” e eu vou te responder que “eu não sei por que dói, nem porque existe, nem porque insisto” e te pedir pra aparecer, tomar um café, conversar comigo, ficar um tempo, dar uns puxões de orelha, não sumir, me dar um abraço, ser minha amiga, enfim. Mas você sumiu e eu não sei o que te fiz, nem o que fazer agora, sem ouvir você dizendo o tempo todo que preciso aprender a dançar. Afinal de contas, “a gente nunca sabe qual o ritmo certo do amanhã”.

Eu sinto muito se te magooei, se você tá cansada ou de saco cheio da bagunça das sextas e dos sábados, mas eu só queria te dizer que amanhã ainda é terça e a gente pode tomar um suco, uma água, um sorvete, ou passar um tempo sentados na praça esperando a decoração de Natal... o que eu não queria é passar mais uma semana sem notícias e sem te contar que os planos de ir embora voltaram a fazer parte das minhas manhãs...

 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

. em um dia de sol e novembro .

É impressionante como você consegue ir do céu ao inferno em poucos minutos. E tudo aquilo que imaginou que era, simplesmente não existe, como naquelas histórias de Papai Noel, Coelho da Páscoa e “eu volto no próximo verão”. Você é obrigado a tomar doses exageradas de realidade, em um momento em que tudo que precisava era de um pouquinho mais daquela ilusão branquinha, que deixaram esquecida em um vidrinho no primeiro degrau do último andar de sabe-se lá onde. Você até tenta pensar que, no fundo, a vida podia ser mais injusta, enfim; e que podia ter te poupado de outro furacão, te deixando inteira ao menos dessa vez, te guardando de menos uma dor. Mas não. Aí você entende que tudo de uma vez é uma boa solução prática pra chorar o que é preciso, “cortar os pulsos”, ir de um extremo ao outro, se culpar, procurar soluções que não existem, respirar, respirar, respirar, sobreviver... porque não é a primeira vez nem será a última que você precisará reconstruir a casa inteira, aguar as plantas secas, limpar os tapetes, lavar as cortinas, trocar a louça, reorganizar a mobília. Não é a primeira e nem será a última vez que te cortarão inteira, sem se importar com o tempo que você levou pra se reconstituir. Você pensa, então, em trocar de vida, se mudar pra Índia ou pro Japão, esquecer um pouco que tem uma vida inteira pra cuidar, uma porção de problemas pra resolver e um coração só e pequeno, que já não suporta mais se encolher. Aí você descobre nisso tudo que é mais forte. Que podem vir mais tempestades. Que o mundo ainda não acabou. E que, no fim, é só você contra você mesmo.
- A vida é dura, minha querida.
- Eu sei. Eu sei...


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

. (re) invento .

e então a gente aprende a reinventar a própria vida. 
começa a criar novos sonhos, a planejar viagens, a ver mais filmes, a conhecer pessoas, a sair sozinho nas tardes de domingo e feriado só pra sentir o descanso indo embora... passa a experimentar novas bebidas, volta a sair nas quartas-feiras, começa a escolher pessoas e a amar incondicionalmente sua família e seus verdadeiros amigos. aprende a não ligar insistentemente, a chorar menos, a falar apenas o necessário, a lidar com a solidão como se ela fosse companhia, a sofrer menos amanhã por um amor que teimou em morrer... 
passa a estar no lugar certo, na hora certa, simplesmente porque é ali que deveria ter ficado o tempo todo. (re) significa canções, atribui novas lembranças a lugares antigos, cai e se levanta com uma facilidade incrível e sem quase nenhum arranhão. entende que, no fundo, não houve erro nenhum em momento algum. guarda mais rancor, cultiva mais mágoa, se protege com fé das externidades e se fecha mais em sua fantástica bolha, onde ninguém pode entrar nem te atingir. sabe que 'nãos' tem a mesma força e probabilidade que 'sins', então se arrisca mais, sem esperar que alguém ligue quando amanhecer. 
entende que não há uma vida certa ou errada, mas sim um dia em que se pode sorrir e um outro em que tudo se ajeita, cada coisa em seu lugar...

domingo, 11 de novembro de 2012

. coisa de esquecer .

- não deu certo porque a vida sempre foi urgente demais pra você, Alice. às vezes o próximo passo precisa ter medidas; às vezes a gente precisa dormir; às vezes 9 da manhã é horário de se estar saindo, não chegando. não teve amor, mas eu gostei de você com uma ternura de domingos amanhecendo. quis te levar pra casa, colocar pra dormir e fazer um café forte com torradas pra te acordar. quis caminhar ao lado pelo parque e tirar uma foto com legenda pronta, teu rosto no meu ombro, um meio sorriso demonstrando paz, coisa de afeto, carinho, delicadeza. quis te fazer entender que, sem pressa, a gente encontraria sim o nosso lugar, construindo uma porção de sonhos, como você sempre desejou. quis tanta coisa bonita, minha querida. que se não fossem as urgências dos seus 20 anos, teria sim se transformado em amor. foi quase Alice, quase! mas deixou de "quase ser" porque aprendi a me proteger de você, seus sumiços, suas histórias e sua coleção de amores. deixou de "quase ser" porque, aquele dia que você preferiu ficar sozinha no bar porque precisava beber e ver o dia nascer de tanto dançar, eu prometi pra mim que você seria minha melhor amiga de sextas e sábados e que aquele sentimento maluco, que vinha acompanhado de uma vontade de te ver quando você não estava, ia evaporar em silêncio, da mesma forma que insistia em chegar e ficar.
Eu tentei Alice. pouco, você pode até dizer. mas já deveriam ter te dito que, além de paixão, seus olhos também alertam "cuidado". e eu, que vinha da vida com o coração magoado e cheio de cortes que vez enquando ainda sangram, achei oportuno me retirar. e esquecer que você quase mudou o tom da minha vida inteira...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

. que não há mais tempo .

Escreveu um poema qualquer em papel manteiga e guardou em um envelope pintado a giz. Que tinha um destino, mas que estraviou sem que ninguém soubesse, em uma dessas manhãs de sol forte, céu azul e alegria-triste no peito. “Acorda que não é mais tempo de se entregar a sorte”. Sorriu. A vida é mesmo mágica. E a chuva lavou-lhe a alma, a mágoa e a esperança inteira.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

. quarto dia .

não sei o porque daquele abraço eufórico, cheio de (como você mesma disse) saudade. talvez fosse bom dizer que era mesmo isso, essa coisa que a gente sente só por quem gosta, mas aí eu teria que me explicar demais e, no fundo, eu só queria um pouco de sossego, uma cerveja gelada e alguém pra ouvir minhas novas histórias pelas próximas horas. era pra isso que você me servia, então. Uma boa ouvinte para minha vidinha meia boca, precisando dar uma renovada, uma virada, um novo amor, quem sabe? Mas dessa vez foi diferente. você não tava afim de ouvir sobre as novas garotas da minha vida nem sobre fadiga do meu dilemático emprego de sempre. E deixou isso bem claro pedindo outro copo, um sanduíche, mostrando um livro, respondendo mensagens no celular antigo, “vamos mudar de assunto, por favor?”. Porque a vida tava pulsando lá fora e você precisava ir embora e eu só queria dizer que senti sua falta esse tempo todo e que ter você na minha frente era como uma espécie de paz e aconchego. Mas era tarde demais pra isso, não é mesmo? Você pagou a conta tão rápido, como quem foge de alguma coisa pela janela dos fundos. e eu fiquei sozinho outra vez, com meu maço de cigarros brancos, uma porção de vida pra dividir e um pesar imenso de não ter dito que era pra ser com você.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

. não acaba .

"O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa."

Martha Medeiros



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

. terceiro dia .

tinha uma tristeza meio incomum nos olhos. ao menos pra mim, que sempre a vi com copos cheios de drinks coloridos e cervejas escuras, dando gargalhadas que chamavam atenção de todo o bar. fiquei pensando se deveria perguntar o que era, mas fiquei com medo que dissesse que não era nada ou que começasse a chorar ali na minha frente e, em ambas as situações, eu não saberia bem o que fazer. a verdade é que eu sentia a falta dela completando as minhas frases e compreendendo minha falta de vontade de sair da cama aos domingos. mas deixei bem claro, escrito nítido em minhas ausências, que nos restaria a calma de sermos bons amigos, que se encontram duas sextas por mês e por ventura aos sábados. no fundo, eu queria mesmo que ela não aceitasse essa nossa nova relação. que ligasse de madrugada, batesse na minha porta com chocolates e chá, de malas prontas, pra ficar... mas ela se retirou da minha vida com a classe que sempre teve. e a delicadeza que nunca precisamos. chegamos a trocar um 'oi' distante, arrisquei ensaiar um abraço e até perguntei o que andava fazendo, se tinha algo novo pra me contar. até a amiga chata dela chegar, meu telefone tocar e a gente encerrar a noite. ela em um táxi "direto pra casa por favor". eu descendo a rua à procura de um lugar aberto, uma companhia e uma dose de amor, por favor...

domingo, 23 de setembro de 2012

. lettre de printemps .

21 de setembro de 1990

Querido Salvador,

em dias assim, meio frios e nublados, sinto vontade de lhe escrever. Lembro a garoa fina que cai nas suas tardes, penso nas conversas longas ao telefone e me recordo como eram alegres as suas chegadas e como suas partidas levavam sempre um pouco de mim.
Já é noite, entra um vento fresco pela janela aberta e eu fico me perguntando o que você tem feito, como reagiu sua mãe, como ficaram seus irmãos. Tive tanto pra lhe falar, tanto! Mas creio que a vida estava determinada quando organizou nosso desencontro, porque nunca mais descobrimos onde fica o caminho de volta.
E embora tudo pareça estar no mesmo lugar, não está porque hoje eu não sofro mais. E quando sofro, faço silêncio, levo uns dias pra digerir, mas resolvo tudo comigo, sem mágoa, sem amanhã, sem dor.
Poderia lhe dizer que houve um inverno mais triste, que aquele meu verão de 87 e que nunca aguardei com tanta ansia, a chegada de outra estação (salvo os outonos). A verdade é que queria ligar, pedir pra me ajudar, pra me tirar daqui, dizer que ainda há esperança na vida, que o descaminho da nossa última conversa, no Natal passado, se foi. A gente podia tomar um chá, o clima aí também é bom pra cafés... poderíamos cruzar a cidade inteira de metrô, mas eu só não queria acordar aqui em mais um aniversário seu.
Porque tudo perdeu um pouco o rumo, a razão e a certeza. E de repente, essa cidade com suas milhares de ruas iguais, ficou pequena demais pra mim.
Sei que você vai pensar que estou escrevendo pra tentar recuperar amor ou pra refazer os planos de casa-lilás-com-varanda-lua-rede-rosas-e-grama-no-quintal. Mas não! Acontece só que de repente deu uma vontade disfarçada de recomeçar...
Não. Não se assuste porque não vou chegar aí às duas da manhã como da última vez. O céu cheio de neblina, seus olhos cansados esperando o avião, os meus felizes ao te ver...
Não é nada de especial. Queremos as coisas depressa demais, não é mesmo? 

Sinto saudade.
Com todo o amor,

Alice

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

. fuga .

. e eu que deveria ter ido embora, fiquei mais um dia, enquanto você compunha outra canção .
 
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

...

"Por mais que eu ande
Nada em mim imagina
O que é que tal menina tão pequena
Está fazendo assim
Numa cidade tão grande."
Paulo Leminski

domingo, 9 de setembro de 2012

. segundo dia .

que quando eu vi você, sentada na escada abraçada aos joelhos, eu tive certeza de que não passaria sozinho mais nenhum pôr do sol. eu quis sentar um pouco, contar que já era quase noite lá fora, dizer que estava ali porque te vigiei o dia todo e que descobri há duas semanas que seu sorriso é o mais bonito que já vi. quis te contar que naquela quinta-feira no bar da esquina eu voltei correndo no seu ponto de ônibus porque não devia ter te deixado ir embora sozinha, mas você não estava mais lá. quis dizer que ninguém mais dorme de janelas abertas hoje em dia; que ninguém mais lê Caio F. Abreu com tanto amor; que não foi em vão nenhuma ligação às 2 da manhã; que ninguém mais tem olhos tão doces e por isso tive certeza de que era você.
 
mas aí choveu. a gente não dançou a última música e você se foi sem se despedir. óbvio que a gente entendeu. que lá do último andar, a vida é mais bonita que daqui debaixo. não adianta ter bons sentimentos quando se tem também um coração dolorido e embaçado...
 
que quando eu vi você eu entendi... que quando estendessemos a mão já seria verão. e que você não me esperaria. nem me veria outra vez com os mesmos olhos nem o mesmo coração...

domingo, 2 de setembro de 2012

. primeiro dia .

quando amanheceu, eu sabia que seria chuva.
e por mais que a gente 'desnublasse' o coração, ficaria sempre uma esperança boba, que faria enxergar sóis e desenhos nas nuvens. mas acontece que passaram meus 20 anos. e acho que quando a gente envelhece, as lágrimas começam a secar e as dores precisam ser mesmo muito fortes pra baquear e fazer perder a vontade de seguir... em frente, acima de tudo.
porque ninguém vai lhe comprar um guarda-chuva enquanto faz tempestade lá fora. e ninguém vai lhe ensinar o caminho de volta bem no meio da travessia.
você pode oferecer chá pras visitas, pintar as paredes de anil, decorar o jardim com girassóis... pode apreder a andar de bicicleta e deixar a janela aberta todas as noites esperando que caia uma estrela de verão no quintal. mas algumas coisas (talvez a maioria delas) precisam de tempo. feridas não cicatrizam de um dia para o outro. esperanças não brotam em olhos cansados de enxergar o óbvio...
 e já fez tempestade demais no meu inverno. deve de ser agora a hora certa de florir.





 
 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

. thé à la pomme .

eu toquei pra você a canção que eu não sabia, só porque era bonita. aprendi nota por nota, porque vez enquando ela te fazia feliz. e porque em dias de aniversário, eu sempre soube que seu coração adormece mais tristinho.
eu troquei meu tango pra tocar sua bossa nova de cór. que besteira eu fiz, não é mesmo querida? eu deveria saber que o dó sustenido pouco importaria diante dos seus projetos e sua alegria. justo eu, que sempre fui mais de bemois e tons graves, arrisquei num agudo frouxo sem sequer desafinar.
e eu dancei de um lado ao outro com gosto, cheio de mim e de uma dor estranha, que chegava, às vezes a incomodar. você diria que a vida é mesmo bonita, enquanto eu lembraria aquela canção francesa e a minha vontade descontrolada de ir embora de uma vez, antes do último sol de inverno e de mais um setembro chegar.
mas eu fiquei. parecia andar em cacos e tinha, algumas vezes, o estomâgo cheio de ar. porque as borboletas nunca mais bateram asas aqui dentro. e eu, que pensava que tinha esquecido como era essa coisa de paixão, cadeiras e chá, usei da minha sinceridade e deixei você sair em linhas tortas, que é pra não ver o passado ao olhar pra trás.

a má notícia é que anda chovendo demais no meu carnaval.
a boa notícia é que eu continuo vivendo na ponta dos pés.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

. paixão a gente não cura com aspirina .

...é como andar na corda bamba, com a pontinha dos pés: um frio na barriga, dois suspiros e milhares de sorrisos ao alcançar a travessia...
 
 
 
 

sábado, 11 de agosto de 2012

. (des) memória .

e então comecei a pensar o que seria da vida quando ela fosse embora. nunca tive tanto medo de perder alguém, porque, como costumo dizer, quem perde pai ou mãe tão de repente um dia, supera qualquer baque da vida com uma coragem tão sutil que corre o risco de ser confundida com frieza. mas ela não... com ela era diferente. nunca duvidei que a amava e acho que ela também sempre me amou. do jeito dela. silenciosa como mãe e como acabei aprendendo a ser.

semana passada eu sabia que não estava nada bem. saiu da cozinha, sentou no sofá da sala e desatou um choro que me partiu o coração... tentei acalmar a tristeza dela ouvindo os motivos e dando a desculpa de que tempo faz isso mesmo, "logo logo vai passar". melhor que ninguém, ela sabia que não era bem assim e que, daqui pra frente, tudo seria sintoma da idade que ela escondia semanalmente por trás da tinta-cor-castanho-escuro que lhe tampava os milhares de fios brancos... 

............

eu senti muito medo quando o telefone tocou às 10 da noite e vou continuar sentindo se ele tocar às 2 da manhã, ao meio-dia ou a hora que for. porque, de tanto pensar, eu descobri que a vida sem ela seria assustadora. seria como romper milhares de laços que me ligam a uma porção de coisas importantes, mas que nunca me preocuparam porque estavam sempre seguras nas mãos dela. seria como arrancar um pedaço do meu coração, que já anda meio retalhado tamanhas as desavenças da vida, mas que, como ela mesma me disse da última vez, 'são todas passageiras'. seria como ter que reaprender: a acordar, a comer, a sorrir, a amar, a viver...


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

. me escreva um postal ou me guarde em saudade .

ele só veio porque era preciso. e porque pedi. ou você acha mesmo que eu te dexaria ir, sem olhá-lo para dizer ao menos um 'até logo'?
eu sei que você não gosta dessas despedidas prolongadas. parece que fica sempre alguma coisa por ser dita, algum olhar largado no chão na hora de bater a porta. eu sei que você preferia ir em silêncio, carregando as malas nos braços, como quem sai fugindo de alguma coisa ou de um passado qualquer.
eu sei minha querida. eu sei de tudo... sei que é um bom emprego e a melhor chance de recomeçar longe dos fantamas que te assustam tanto. sei que você precisa ir, que aqui não há mais lugar pra você e que mais cedo ou mais tarde, essa sua necessidade de dias frios e tardes com mar iria te levar mais longe, pra bem longe. mas você sabe também que não dá para apagar lembranças e viver como se não tivesse memória. nem seu avô, com todos os problemas da idade, se esqueceu dos lugares por onde passou, das mangas que panhou no quintal, dos filhos que foram para longe, dos amores que não viveu.
a vida já tem linhas tortas demais pra gente fingir que tudo é em vão... e espero que você entenda que algumas coisas não tem mesmo solução, mas nem por isso merecem ser vistas pelas costas ou com os olhos marejados de sal...


"sei que ninguém mais envia cartas hoje em dia. cheguei a quase acreditar em você e sua teoria de que os correios ainda vão falir com o avanço das tecnologias. mas eu sei que seu coração é antiquado ao ponto de me mandar um postal. ou uma fotografia. e uma poesia em papel de carta azul."

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

. menino .

eu quis dizer a ele que, juntos, podiamos colecionar sonhos e construir novas ilusões.
ele, no entanto, preferiu escrever linhas tortas e esperar o amor que já veio, mas não vai voltar.

eu lhe estendi a mão...
e uma porção de passarinhos fizeram morada em seu coração.

e ainda assim, a gente conseguiu se fazer sorrir... 
mesmo sem ele me contar qual a sua cor preferida...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

...

"- Ah. Menina, o que foi que aconteceu com você? O que foi que fizeram com você?
- Eu não sei, eu não entendo. Roubaram a minha alegria..."

Caio F. Abreu

segunda-feira, 30 de julho de 2012

. une matinée tranquille .


e é assim que se escreve um recomeço.
com passos leves, serenidade e a delicadeza de asas de Bem-Te-Vi.
primeiro a tristeza, a dor, a falta de direção, de respiração, de fome, de paz... depois, a tranquilidade de dias de primavera, a sobriedade de manhãs de céu azul, o silêncio de tardes sem mar.
sozinha, enfim, assim como chegou em um fevereiro qualquer. só que agora, pode-se dizer com certeza que nunca se viveu um inverno tão triste e que nunca se esperou tanto por outro verão. porque tem vezes que o tempo pesa, porque não é mais permitido parar, porque qualquer reação pode abrir ainda mais a ferida, porque é preciso erguer a cabeça e sorrir sempre em qualquer fim...
curar a mágoa nem que seja com aspirina. recobrar a sanidade nem que seja preciso erguer morada em outro lugar. dormir no tempo certo nem que a base de calmantes e camomila. reescrever a vida em linhas retas porque já é tarde demais pra tanto remar sem direção...
organizar as gavetas, a cabeça, o coração... que quando parar pra ver, Deus já colocou ordem em tudo.
mas por enquanto, silêncio. e um vazio sem fim nem lugar...

terça-feira, 10 de julho de 2012

...

"Então não o ama mais?
- Amo. Só guardei isso num cofre. E tranquei.
E esqueci a senha. Não porque quis. Foi preciso..."

Caio F. Abreu

quinta-feira, 5 de julho de 2012

. doente .

"Estou curada!", exclamou vitoriosa. E eu sorri fingindo uma alegria compartilhada que, no fundo, era a manifestação de um egoísmo enorme que tomava conta de mim. Primeiro porque tentei por anos dar-lhe a certeza de que a tal doença só existia superficialmente, de um desejo dela de ser infeliz a qualquer custo. Segundo, porque foram várias sessões de terapia para um desconhecido qualquer dar-lhe o diagnóstico - que eu emiti anteriormente sem receita de calmante ou rivotril - de que estava curada. Terceiro: eu adoeci da doença dela. Passei a selecionar pessoas para conviver, a escolher lugares a frequentar, a ficar em casa o sábado inteiro sem previsão de quando ver a cara da rua, a beber vinho e ler cartas de amor escritas para desconhecidos só para apartar a solidão quando ela não estava. Parei de sambar no carnaval, passei a ir ao parque aos domingos e de repente comecei a tomar café forte com pingos de leite pra acordar direito pela manhã... 
adoeci da poesia dela e agora ela vem dizer que quer viver. Que prefere drinks e conhaque ao invés da cerveja de trigo. Que chocolate só se for meio amargo porque doce demais enjoa. Que precisa de tempo pros amigos. Que flores lhe dão alergia. Que quer realizar seus planos, seus sonhos, seus projetos... toda cheia de si e de humor e de sorrisos e de um amor que eu não conhecia. Quer viver, inventando novas maneiras de passar os dias como se as lembranças não passassem de frases soltas, perdidas na memória. 
E eu fiquei me perguntando quando foi que eu deixei de ser o remédio dela, em que parte do caminho a gente tomou rumos tão diferentes e como ela podia ser mais feliz assim, "curada". Sim. Eu só me perguntei. Porque eu precisava fingir, além de alegria, compreensão pela cura dela. Porque eu sabia que qualquer deslize me privaria pra sempre daquela companhia. Porque ela ficou mais bonita. E porque, no fundo, meu egoísmo só pedia uma coisa: que ela adoecesse outra vez...

domingo, 24 de junho de 2012

.enquanto isso, o frio entra pela fresta da porta.

“Só eu cheguei até aqui, Bisa. Porque dancei”

Cristiane Lisbôa

Da janela de um inverno que queria mais é ser primavera, a vida passava lentamente como nas fotografias desbotadas no fundo da gaveta. Não havia mais o que dizer e ele sabia que dessa vez não era apenas um deslize. Era uma vida inteira por um fio, um copo de café transbordando prestes a entornar. Por isso aquele silêncio todo. Porque qualquer coisa que qualquer um dissesse viraria uma tempestade que alagaria a casa inteira e levaria embora todos os esforços das clichês 'histórias de amor'. 
"Não tem moleza, minha querida. É ir em frente ou fechar os olhos de dentro, torcendo para doer devagar". Como nas tarde de chá de maçã com canela, observando da varanda dos fundos a serra branquinha de neblina, o tempo correndo lento, os ombros leves, a sensação de que um ciclo estava fechando para só então inventar um novo começo. Que poderia ou não funcionar. Pagar pra ver. Ou desistir ali mesmo, antes de anoitecer.
Poderiam, talvez, escolher uma canção bonita, para chamar de 'nossa' e cantar toda vez que acontecesse algo de bom e, quando tudo ameaçasse desmoronar, lembrassem ao menos da melodia e tivessem, assim, uma suave sensação de nem-tudo-está-perdido-nesse-nosso-mundo. 
(...)
Algumas coisas na vida, no entanto, não se explica com razões prontas nem com frases compostas. "E se a gente chegou no ponto que está, é porque em alguma parte do caminho alguém tomou um atalho e  desviou o rumo, perdendo completamente a direção".
Seja lá o que fosse, às vezes dava a impressão de que não tinha mais tempo. E o sentimento parecia mais uma dança torta, uma melodia em ré, enquanto um ressoava bemol e o outro escrevia sustenido...

domingo, 17 de junho de 2012

Eu não sei dançar

Você tinha nas mãos, todas as maneiras para mudar meu caminho inteiro. Mas do contrário, você preferiu dançar. E eu, que não sabia um passo sequer do teu compasso, amanheci outono, enquanto pra você ainda era carnaval. “Acorda menina. A solidão só é bonita acompanhada de chá preto, paredes amarelas e canções antigas do Chico ou Elis”. Mas você não gostava de chá nem de Elis nem de MPB e o semblante da depressão sempre lhe caiu muito bem. Por isso eu desisti, ou ao menos deveria. Pegar o que ainda restava da minha alegria e preparar nossa despedida com direito a cartas rasgadas e recados grosseiros de “até nunca mais”. Mas minha maior fraqueza é o teu sorriso, esse seu jeito de não saber sambar e de escrever a vida como se ela realmente tivesse tradução. E se eu levasse jeito, até te transformaria em canção, que é pra você não sumir de mim nunca mais. E se adiantasse, te daria pincel e aquarela, só pro teu dia não amanhecer mais cinza. E se... se você tivesse atendido o telefone na semana passada, talvez hoje seria tudo diferente...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

.enquanto ela se perde por aí, eu a espero telefonar.

O que mais me intrigava era a capacidade que ela tinha de sumir, sempre que meu coração se colocava a um passo de se entregar. Talvez por medo de se encontrar em mim ou sei lá, insegurança mesmo. No fundo, eu desejava muito que o telefone tocasse. E que, do outro lado, alguém dissesse "hey. eu gostei de você e do quanto seu sorriso combina com o meu. e tudo mais na nossa vida". Mas as coisas não são como a gente espera, não é mesmo? Ela deve ter alguém em outro lugar e eu vou compreender que não precise mesmo de um cara como eu... que não sabe resolver os próprios problemas, não sabe falar de coisas legais por muito tempo e só é agradável depois de duas ou três cervejas. Sei lá. Talvez nem tenha jeito mesmo das coisas serem de outra maneira e eu sinto muito porque seria bom se ela ficasse. Ou se não puder mesmo ficar pra sempre, seria bom se ela aparecesse vez ou outra. Só pra me contar que o céu ficou mais azul que na manhã de ontem e que já não fazem mais invernos como antigamente. Eu vou gostar dela mesmo assim. Arrisco dizer até que já gosto. Mesmo com os sumiços, as estranhezas e a serenidade. Mesmo que, às vezes, ela se esforce tanto em parecer uma pessoa comum... e eu me esforce também para conseguir vê-la assim...

terça-feira, 29 de maio de 2012

talvez devesse sorrir

não se preocupe. essa explosão toda de emoções que sentes, vai passar logo e tudo voltará ao normal. eu sei, eu sei. sua cabeça está a ponto de estourar e você às vezes parece não caber mais dentro de si. mas eu gosto de ver você assim, transbordando. por mais que eu saiba que isso tudo te confunde e faz aumentar a dose de calmantes para dormir durante a noite e o café para se manter acordada todas as tardes. você sempre teve muita certeza das coisas, meu bem. tão determinada, segura de si. daí agora vem a vida e destrói metade dos seus planos e te deixa assim, no ar. mas, se quer um conselho, reinvente. o cabelo. a decoração do quarto. o almoço. o caminho para o trabalho. as emoções. o coração. tem coisa boa por vir se você mantiver os olhos bem abertos e a fé em dia. e fica pelo menos até o fim do outono. que eu te cuido... com um carinho.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"quando ela ri eu tenho vontade de chorar"

"(...) escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior só pra poder ter mais 5 minutos de sono pela manhã. E o despertador toca 50 vezes até que se levante. Mesmo assim, consegue chegar na hora (...) Tu nunca serás sorte pra ela. Sorte, é poderes tê-la na sua vida. Sabes? Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo (...) E quando ela ri... quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza mas porque cada gargalhada é como uma nota musical, que toca o coração e me faz querer dançar (...)"


domingo, 20 de maio de 2012

Um chá.

Pintou o rosto, vestiu um vestido azul (o mais bonito), agasalhou os pés com polainas e o pescoço com um cachecol antigo, que a vó tinha feito antes de morrer. Saiu. A noite era fria, as pessoas sorriam e viviam suas vidas com fervor e, outra vez, ela seguia sem ter pra onde... ir, correr, fugir, se fosse preciso. E faltava força, coragem, certeza e o poder de dissolver as confusões e crises que ela carregava pesando os ombros, desde anteontem. Mas no fim, não era nada que uma ou duas taças de vinho não resolvessem naquela noite de estomago e coração vazio...


(...) Da mais alta janela, de uma noite cheia de degraus, não importava mais hora nem tempo nem sobriedade. Falou de si, do mundo, da dor, do vicio, do cigarro e (desculpe a rima) do amor. Esqueceu o medo de altura e as vertigens. Esqueceu o frio e o sono e o trânsito e os sinais vermelhos e as faixas verdes e o silêncio. Da mais alta janela, que nem tão alta era, a vida parecia ir de encontro a si mesma, sem fazer o minimo de esforço, sem sequer perceber...


(...) Estava velha sim e o álcool, ao invés de lhe dar euforia, devolvia sono em dobro. Suspender o uso dos calmantes talvez resolvesse. Será? Preferiu não arriscar. Era melhor passar o resto da vida dormindo do que acordada e sem paz. Era vicio sim. Mas quem iria imaginar que se viciaria em fitoterápicos manipulados com essencias de maracujá misturado a camomila e valeriana? Quem? 

(...) Desrregulada outra vez, perdeu o sono durante a madrugada e perdeu a hora da manhã. Pensando, pensando, pensando... talvez porque pensar ajudasse a não esquecer. Talvez porque pensar, fosse a única coisa que pudesse ser feita naquele momento de sensações estranhas e alegrias encontradas, mas tão confusas! Sentimentos iguais, ideias parecidas, o tempo quase o mesmo. Tudo isso em um momento só, em que estender a mão não mataria ninguém e que apertá-la só seria proteção, carinho ou qualquer coisa que não doesse tanto, quanto já doía de antes...


(...) Se sonhou ou não, ainda não sabe. Uma semana depois, tem lembranças no lugar de realidades e uma sensação de ciclo chegando ao fim e nenhuma de recomeço. Deveria querer um abraço a essa hora do dia ou que o telefone tocasse ou que o silêncio de um céu sem estrelas deixasse de existir, ao menos por uma noite. Mas não... a vida tem dessas coisas de encontro, desencontro, insônias, memórias e sonhos desfeitos...











terça-feira, 15 de maio de 2012



♪ "(...) ah, dindi. Se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém (...)" ♪
Cícero

Do livro de cartas...

.dela para ela mesma.

Mesmo com o tempo curto, resolvi passar por aqui pra lhe dizer que minha vida virou um turbilhão.
De sentimentos, de esperas, de agonias, de razões.
Já não sei mais contar nos dedos, nem valho mais da minha boa visão nem da boa memória. Guardo apenas papéis novos e antigas lembranças...
do que foi porque assim era bonito. 
do que não foi porque nem era mesmo pra ser.
... e tem horas que não saber se explicar é a melhor fuga. Outras, termina sendo a maior prisão.
E é por isso que ando me afundando em calmantes, canções de amor, dores exageradas... colecionando mágoas...
Uma hora alguma coisa vai me salvar! Uma hora, alguém vai aparecer e me lembrar e me levar pra longe daqui...
... de preferência, alguém que guarde poemas no bolso, para ler baixinho na parada de cada estação.
... alguém que leia os bilhetes que receber e guarde todas as cartas em uma caixa de papelão azul.
... alguém que não esqueça o amor no meio do caminho.
... alguém que não me deixe em solidão na esquina mais próxima, como se a qualquer momento pudesse voltar...
De preferência, alguém que seja pra vida toda. E que traga flores, chá e um bom coração...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

E...

... faz de conta que não havia mais tempo.
E que, assim, todo dia era manhã e a gente seria feliz pra sempre...


sexta-feira, 4 de maio de 2012

último de 30

(para alguém que, amanhã, acodará 31)

... que você tenha um dia bom e que as inquietações do seu coração sejam acalmadas por esse céu azul maravilhoso lá fora e esse ventinho leve de outono...
falando nisso, já parou para sentir o outono este ano? faz um bem danado pra alma da gente... experimenta vai?
encontra um lugarzinho onde o sol bate levinho, senta e respira devagar, esvaziando a cabeça de preocupações... vai tudo ficar mais bonito em um instante.
Acho um pecado deixar passar as estações como se todas fossem iguais. Acredite: elas não são...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

à espreita

... não. Deus não havia se esquecido dela porque Ele não se esquece de ninguém... às vezes solta nossa mão para que aprendamos a caminhar sozinhos, como mãe e pai fazem, quando tentamos dar os primeiros passinhos. Nos soltam naquele corredor comprido, mas ficam à espreita no canto da porta, para nos socorrer se acontecer um tombo, nos levantar se perdermos a coragem de fazê-lo sozinhos.
Deus também é assim pra mim... solta nossa mão quando acha que somos realmente capazes de enfrentar as situações da vida e a toma de novo, quando percebe que já suportamos o bastante, o tempo necessário para que ele nos segure outra vez... sempre nos observando à espreita. Sempre cuidando do nosso coração...

segunda-feira, 23 de abril de 2012


"Adia os compromissos, joga fora a agenda,
desamarrota o coração
e deixa de ser feliz com hora marcada..."

Caio Augusto Leite

segunda-feira, 9 de abril de 2012

" (...) É porque volta e meia ela esquece que tem olhos verdes e chora por miudezas que arranham seu coração. Talvez um dia ela fuja, com o braço apoiado na janela do seu carro e uma mão descansando no volante, olhos firmes no horizonte. Se descubra do outro lado do Atlântico, quem sabe? Não se sabe. Mas, a verdade é que agora ela só quer tomar um chá quente e adormecer sem medo de sorrir. Ela quer acordar amanhã e poder dizer que gosta de Viver. E que sim, ela pode ouvir suas baladas românticas, usar seus argumentos repetitivos, sentir medos e angústias e continuar. Porque eu sei que ela pode ser ela mesma."

'Orgulhosa demais, frágil demais', por Lucas Simões em Me Chama no Palco

terça-feira, 3 de abril de 2012

Além de tudo...

... eu não perdi a direção.
Só estou tentando encontrar outro caminho...

Os dias amanheciam claros e seria bobagem, então, ficar preso mais um dia dentro de um quarto abafado e quente. Afinal, além de tudo era outono. E outono sempre tem um jeito muito particular de chamar a gente pra fora, de levar a gente pra vida. Gostava da rua quando era outono. Porque o vento era mais fresco. As tardes eram mais leves. Os passos eram mais fáceis, se gastando ao procurar pisotear as folhas-secas-amareladas-caídas-no-chão. Por isso sair. Ir lá fora ver a cor do dia. Mas fazia tempo, seu moço, que ela não saia pra ver qualquer cor. Que ela ficava colecionando pedacinhos de manhãs. Por que o que é a felicidade senão um emaranhado de sorrisos e melancolias, se juntando tentando virar um jeito de levantar e ir, mesmo em meio a tanta indecisão?
E ela, que só quis o tempo todo ser feliz, nem sabia mais se podia porque algumas vezes, as coisas ficam um pouco caras...
E se doer. E fazer o outro doer. Era melhor mesmo ficar. Silenciar. E ficar apenas imaginando "e se"...

terça-feira, 20 de março de 2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

...

… vou saindo aos poucos pela porta da frente, que é pra não deixar razão pra voltar...

quarta-feira, 7 de março de 2012

ei!

‎"Olha, Dona Moça, eu aprendi. Você, um dia, vai aprender. Não leve a vida tão à risca. Não existem regras para viver. Não se esconda, não feche sua janela. O amor, quando quer, arromba as portas. Cuide do seu jardim, deixe que suas flores desabrochem. Perfume a sua vida, dona Moça. Um dia a gente aprende, eu aprendi e você também vai aprender que a vida é mesmo dura quando ...você tem medo, quando você se acha fraco, quando se acha vítima. Você não é vítima. Ninguém aqui é vítima. Somos todos perdedores, apenas. E perder, às vezes, é ganhar. Sonhe, dona Moça, mas não durma demais. O tempo passa e não volta. O tempo corre. E não espere pelo príncipe encantado, ele não vem. Deixe os contos de fadas só nos livros infantis que você tanto lia quando criança. É preferível que beije o sapo. Não, ele não vai virar príncipe! Continuará um sapo. Mas, pode ser que você o aceite e goste exatamente do jeito que ele é. Entenda, dona Moça, que a pessoa perfeita tem mil defeitos. Entenda que as flores também têm espinhos. Entenda que no outono as folhas vão embora e que no inverno a pintura é triste. Mas a primavera vem e traz de volta as cores e o perfume. Entenda que saudade dói, mas passa, se você souber transformá-la em alegria. Nostalgia é estado (momentâneo) de espírito. Entenda, dona Moça, você tem que voar! Não encolha suas asas. Voe! E não olhe para baixo. Entenda que certas coisas não foram feitas para serem entendidas. Apenas sinta, dona Moça, feche os olhos e sinta. O mundo é só mais uma roda gigante que não para. Levanta, dona Moça, o mundo não espera por você!"

Simone Oliveira

sexta-feira, 2 de março de 2012

A volta dos balões

Parece que ela adoeceu outra vez. Está sempre triste, andando devagar, com dificuldades para comer, com insuficiência para respirar. Dizem que pode estar envelhecendo e, por isso, tenta encontrar novos hábitos e se confunde, sem conseguir se desvenciliar do passado. Dizem que pode estar se sentindo sozinha, depois de ter descoberto o quão é difícil estabelecer laços em lugares que não lhe pertencem. Mas eu, que a conheço bem, acho mesmo que adoeceu. Não me enganam esses olhinhos pequenos meio esmurecidos, esse sorriso cada vez mais escondido, essa pressa, essa saudade, esse sentimento que não sabe de onde vem nem pra onde vai nem porque existe nem quanto tempo vai durar. Lembra dos balões? Sim. Ela me disse que às vezes parecem balões por dentro, que vão se enchendo, enchendo, até querer estourar. Mas aí não estoura, fica cheio, às vezes esvazia um pouco (sente-se o sopro por dentro, sente-se como ar quente, às vezes provoca mal estar), mas não sai de lá, só enche... aí eu fico pensando no que fazer por ela. Pensei em dar um jeito de estourar o balão mas pode ser agressivo demais e temo que ela não aguente. Pensei em comprar rosas (pois foi assim que lhe remediaram uma vez) mas fiquei com medo do passado acometê-la ainda mais e fazer piorar. Pensei em ficar do lado dela e não fazer nada, não dizer nada, apenas fazê-la entender que a solidão não existe, pelo menos não como ela pensa que sim. Pensei em dizer a ela que embora os medos e as dores existam, algumas coisas a gente não cura com aspirina, nem com silêncio, nem fechando o coração. Aí eu pensei tanta coisa mas tive também tanto medo que ela não resistisse, que só disse que não é doença não: é tempo. Porque às vezes, tudo que eu acho que ela precisa, é de um pouco mais de tempo para admirar o azul lá de fora e deixar-se colorir. Porque às vezes, conforme chegar o outono, talvez isso passe pelo menos até a próxima estação. Porque às vezes, talvez tudo que ela precise seja de um tempo para não entender o amor e viver, com leveza e delicadeza. Porque ela adoeceu sim, eu sei. E já faz tempo...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Estação

Mas tudo bem. Já está terminando o verão e os olhos ão de deixar de arder esse tempo seco, que não cessa nem com as tempestades que vão se tornando diárias. Eu sei que deveria ter mar pra tudo ficar mais fácil. Mas como nem tem, a gente finge que pode ser feliz. Porque no fundo a gente pode mesmo. Até que provem o contrário, a gente tem o direito de sorrir em qualquer estação...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Deve ter...

... eu queria saber pr'onde vai tudo que a gente sente, quando parece que acaba. Porque deve ter um lugar em que a gente possa resgatar ou simplesmente visitar de vez enquando, sem compromisso, só pra recordar as coisas boas que já sentiu. Porque é triste, deve dar saudade e fazer falta também tanto sentimento procurando qualquer outro lugar pra morar, porque já não quer mais ficar dentro da gente...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

porquê

ela poderia escolher ficar 
se estivesse escrito 
em algum lugar naquele bilhete
que seria melhor assim
mas do contrário 
a escrtita não veio
e a vida ficou parada no meio
que nem rima pronta
feita pra enfeitar as palavras tristes
aí ela recolheu o brilho
que a vida havia jogado ao chão
vestiu-se dele e foi
pra nunca mais voltar...

..

"O que você é enfim?
Onde você tem paixão?"


.

"pra gente se inventar de novo"

... mais uma da minha lista de preferidas, está "Tempo de Pipa", do cantor Cícero.
O clipe é uma combinação perfeita de letra, melodia e imagens.
Alegrou meu dia, que hoje acordou meio borocochô e ganhou um tom diferente depois que a ouvi (várias vezes, por sinal).
A voz dele é uma doçura. Recomendo que assistam ao clipe antes de ler a letra, prestando atenção nos detalhes e na sintonia entre eles...
Segue clipe da canção que hoje movimentou meu coração...
(a letra você pode ver aqui: http://letras.terra.com.br/cicero/1934003/)




segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Para uma boa fotografia

Um fotógrafo me disse uma vez que o segredo para uma boa foto, é imaginá-la pronta, de olhos fechados, antes do primeiro click. Um exercício de sensibilidade, é verdade. Lembrei-me disso hoje pela manhã, enquanto ia para o trabalho de metrô. Não que a paisagem fosse bonita, digna de ser fotografada e não que também não fosse, mas a questão é que com a lembrança, comecei a pensar se não deviamos fechar também os olhos antes do primeiro click na nossa vida. É claro que não dá para ficar brincando de abre e fecha o tempo todo, afinal de contas, os sinais fecham, a hora de descer sempre chega, os abismos podem ser fundos e as quedas inevitáveis, e tudo isso em frações de segundos... em um piscar de olhos.
Mas eu falo da necessidade da gente de olhar com mais delicadeza pra vida. De se preparar todas as manhãs para vivê-la com leveza, assim como se prepara para fotografar uma borboleta ou um passarinho na ponta do galho de uma árvore. De olhar pra ela com o coração, de pensar nas imagens da vida com o coração. É um exercício de sensibilidade, repito.
Mas será que não é disso que a vida anda precisando? De um olhar mais devagar para suas particularidades? Acho que sim... que a vida está para ser fotografada, mesmo sem câmera na mão...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

"Depois de Você"

"Depois de você 
o que vou fazer de mim"

Outro dia, ounvindo rádio (coisa que gosto muito de fazer), encontrei essa música.
Anotei o nome do cantor mas encontrei pouquíssimas coisas dele, mas a música é um encanto, uma lindeza só... e compartilho com vocês...

"Depois de Você", de Gabriel Rocha e Marcela Mangabeiras.


É só clicar no link que aparece o site dele, com todas as músicas, inclusive do CD novo...

Beijos...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Realizando...

Preciso aprender a escrever crônicas. Por que como uma pessoa se propõe a produzir um livro de crônicas e fotografias sem saber fazê-los?
A única coisa que sei é que para tudo, é preciso se aprender um começo. E é necessário também – e talvez o mais importante – ter coragem e vontade para começar.
Uma vez, um professor de literatura – muito querido por sinal – , me disse que o melhor jeito de entender as crônicas é lendo e não teorizando. Me recomendou Rubem Braga e já estou no meu segundo livro dele, que escolhi na biblioteca apenas pelo nome: “Um Cartão de Paris”.  No quesito crônicas, descobri também Martha Medeiros e sua brilhante capacidade de dizer dos sentimentos da gente. Outra que só tem de mim admiração (e muita) é Eliane Brum, que me conquistou com seu interessantíssimo “A Vida que Ninguém Vê”.
Sem falar de Clarice Lispector, que embora esteja hoje entre os clichês e publicações alheias (desconfio às vezes que só por suas frases bonitas e impactantes e não pelo contexto de suas obras), faz parte da minha vida há muito mais tempo e é, sem dúvida, a escritora que mais me dá prazer em ler sentimentos transformados em palavras. Porque acho que o principal que ela faz é isso: traduzir o que a gente muitas vezes não diz de uma forma que a gente sempre quis dizer. Acho que é por isso que gosto tanto do que ela escreve. E acho também que foi com ela, que aprendi a gostar de escrever.
A verdade é que mais que um trabalho de conclusão de curso, meu livro de crônicas e fotografias é o projeto da realização de um sonho. É perceber que quando a gente quer uma coisa de verdade e se empenha por essa querência, nada - ou quase nada - pode dar errado. Que venha meu sétimo e último período do curso de Jornalismo. Porque como diz Eliane Brum. em seu livro "A Vida que Ninguém Vê":



"Ser repórter é um dos grandes caminhos para entra na vida (principalmente na alheia) com os dois pés e com estilo. Desde pequena, o que mais me fascinava era passar pelas casas e prédios de apartamentos (em Ijuí tinha dois), adivinhar a luz lá dentro e imaginar o que acontecia, que vidas eram aquelas, com o que sonhavam, que dramas tinham, o que as fazia rir. Pronto. Arranjei uma maneira de entra em qualquer casa iluminada por dentro, mesmo que seja com uma vela. Ser repórter não tem preço. Em todos os sentidos."

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"bem, talvez devesse chorar"

 "Então hoje eu escrevi uma canção para você
Porque um dia pode ser muito comprido
E sei que é difícil passar por ele"
Alexi Murdoch, 'Song For You'


É verão e aqui tem feito mais chuva que calor. Alguns livros na prateleira, chocolates e uma saudade imensa me fazem companhia em minhas férias noturnas...
Vez ou outra, começo a pensar no amanhã. E trato a vida contada ao telefone com frieza, que é para não sofrer muito do lado de cá. Afinal de contas, vai terminar logo e coisa que não posso nem sei, é prever o que vem depois.
Talvez eu deva permanecer em silêncio, já que ele me cai tão bem.
Talvez eu deva escolher a solidão, já que ela é tão bonita se olharmos de perto e se soubermos fazer dela a melhor companhia...
Porque no fundo, acho que todo mundo já tem um caminho escolhido, traçado milimetricamente com linhas finas (e por vezes tortas), que sempre vão terminar no melhor lugar.
No fundo, sei que todo mundo precisa descobrir quem é para só então deixar de se perder. E os que não conseguem tal feito, passam o tempo vivendo à margem, na beira de seus próprios abismos...
Se Caio F. Abreu, que tanto amo, talvez me escrevesse uma carta, acho que diria qualquer coisa doce para amenizar o peso que sinto sobre as minhas costas. Mas como não tenho carta, nem Caio, nem nada, fico aqui parada sem dormir, vendo o tempo passar que nem vento pela janela.
Poque logo logo amanhece. E deu na previsão do tempo que vai fazer sol...


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Então...

"Assopra pra esparramar no azul tua vontade de céu, que depois tudo se aquieta por dentro. E nesse vício de sorrisos, a lua inteira entra dentro de casa e sorri bendizendo a chegada de uma nova estação. No peito uma batucada de gestos delicados e a delicia de descobrir nos olhos, uma crença rendada de jasmim. Uma religião de afeto, um encontro com a vontade de ser. Uma mão estendida no meio da tempestade. A paz é escolha de quem se recolhe pra acolher em passos leves. Finge ser criança no meio da guerra e aprende que quem tem a alma nos olhos e o coração na mão, sempre encontra uma saída."

Vanessa Leonardi
 
 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Um tempo

“Que Deus lhe abençoe e cuide do seu coração”, ela dizia satisfeita, com os olhos marejados, fitando aquele sorriso cansado... no espelho, um reflexo meio distorcido pela água da chuva que caiu a pouco, molhando a varanda todinha, e a certeza de que dali há algumas semanas, tudo tomaria outra forma, ganharia outra cor. Queria que esperasse anos... na verdade, queria que esperasse se formar, conseguir um bom emprego, um bom marido, se casar, ter filhos, construir família, se estabelecer. Mas não podia pedir demais diante das mãos enrugadas, os olhos baixos, os cabelos esbranquiçando mais rápido que era de costume... deu-lhe um abraço apertado desses que só se ganha quando há muita saudade. Quis deixar chorar mas nem isso podia. Engoliu seco aquele misto de alegria e tristeza, aquela confusão de informações. Sabia que não seria, ainda, a última vez. Mas sabia também que ela chegaria. Não demora, ela vai chegar...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Que seja...

"Gostaria de te desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente.
Então, desejo apenas que você tenha
muitos desejos. Desejos grandes.
E que eles possam te mover a cada
minuto, ao rumo da sua felicidade!"

(Carlos Drummond de Andrade)

As coisas andam bem por aqui. É ano novo e ao invés de pedidos, coleciono uma lista de bons ventos e agradecimentos... porque acredito que chega uma hora na vida, que a gente não precisa nada mais que sorrir e contemplar o que tem nas mãos, diante dos olhos e também no coração.
Caindo nos clichês de fim e início de ano, posso dizer – e sem medo de errar - que 2011 foi um ano bom... de construir alicerces, possibilitar encontros, buscar caminhos, descobrir verdades.
Talvez tenha sido um período de solidão maior. Necessária para que eu aprendesse a caminhar com minhas próprias pernas, me guiar pelos meus próprios sonhos e descobrir que eles são possíveis. Passei por desencontros, desses que são parte da vida, em que a gente descobre quem vai nos estender a mão e quem vai fingir não ter nos visto em queda, quase chegando no chão. E eu descobri... encontrei amigos, conhecidos, pessoas maravilhosas com suas vidas e particularidades tão grandiosas que me fizeram esquecer o quão doloridos são os rompimentos, os cortes, as “desligações”. Fiquei mais forte, enfim.
E mais feliz também...
porque acredito que chega uma hora na vida, que a gente descobre aquilo que realmente gosta e aquilo que realmente importa. Seja um trabalho novo, um projeto que anda dando certo, um reconhecimento de quem a gente admira, a certeza de que, por mais que não pareça, “é esse o caminho e você fez as escolhas certas”.
E está no lugar certo, com as pessoas certas, naquela vida simples, calma e serena, pela qual o coração sempre esperou...
E que assim seja, por todos os novos anos que estão por vir... sempre.