segunda-feira, 18 de julho de 2011

Das solidariedades do amor

Há exatamente uma semana, torci meu pé. Justo eu que, nos meus quase 24 anos, de curativo só conheci os adesivos cor da pele, que a gente chama comercialmente de BandAid, passo agora uns bons minutos dos meus dias me dedicando a arte de enrolar aquelas faixas meio beges no meu tornozelo. 
Já quis quebrar o braço (direito) algumas vezes só pra ter um gesso cheio de assinaturas e ficar um tempo sem ir à escola, claro. Mas sempre tive tanto cuidado e medo, que essa "sorte" nunca me pegou.
Fiquei me perguntando, no entanto, se quando a gente vai envelhecendo as articulações ficam mais fracas, as percepções ficam mais reduzidas ou a gente passa a pensar mesmo que é esperto demais pra torcer o pé no degrau bem na porta da Redação do nosso emprego novo, a caminho do refeitório na hora do almoço...
Pois bem: as coisas são possíveis sim de acontecer a qualquer instante, de um jeito que nos deixa mais frágeis que o normal permitido... e eu acho que é na fragilidade que o amor mais mora e é nela também (a fragilidade), que precisamos mais dele (o amor).
E aí, eu chego bem onde queria chegar desde sábado, quando, em um corredor de supermercado, pensei escrever esse post...
Involuntariamente (eu sei), procurando alguma coisa que não me lembro mais o que, peguei Nelio umas duas ou três vezes dando uns passinhos meio mancos, como tem sido todos os meus desde o pé torcido. Não resisti e ousei brincar dizendo que o amor, além de tudo, é solidário... a gente sofre com a dor do outro, entristece se ele chora e mesmo que Carpinejar diga o contrário, fica feliz (ainda que egoisticamente) com a felicidade estampada no sorriso do outro. É involuntário... quando a gente vê, já tá lá dentro de uma vida que nunca foi nossa passando por emoções e compartilhando (além de outras diversas coisas) tempo...
É quando a gente se descobre frágil que se depara com todos os sentimentos sem máscaras, com seus espinhos, suas estradas tortuosas, suas solidariedades, doçuras e delicadezas... é aí que a gente reencontra o amor, que vez enquando, a gente guarda numas caixas dentro do coração, pensando mesmo que ele vai suportar ficar preso lá por muito tempo...

2 comentários:

Nelio Souto disse...

é, eu manquei. formamos um belo "casal manco".
beijo no tornozelo!
(e se recupere logo para nossas caminhadas na beira da lagoa)
:)

Liv Milla disse...

Dizem que quanto mais tempo amamos aquela pessoa que está ao nosso lado, mas parecida com elas ficamos...
Lindo texto!
Melhoras!!