sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre o dia amanhecer em neblina...


Parou na escada antes do portão, a neblina recobrindo os telhados de maneira que não se podia ver quase nada. As pessoas passando agasalhadas e encolhidas se protegendo do frio, fumacinhas saindo das conversas como quando era criança e brincava de soprar só pra vê-las flutuando e desaparecendo no ar em frações de segundos...
Comparar a vida com aquela manhã seria basicamente dizer que tudo estava tão embaçado por dentro quanto o céu do qual não se podia ver nenhum pedacinho de azul. Mas diria, entretanto e porém, que de embaçado mesmo só as vistas, atrapalhadas pelos seus pouco-mais-de-3-graus-de-miopia-nos-dois-olhos, que a possibilitavam ver apenas 60% das cores externas do mundo, porque as internas a gente enxerga é com o coração e esse, anda bem, sem nenhum arranhão ou tropeços.

De toda forma, não dava mais para esperar o tempo desfazer as “embaçosidades” dessa manhã de fim de outono seco e frio... foi caminhando lenta para o trabalho, enquanto umas pontinhas de sol se esforçavam em devolver as cores para o dia. O vento lhe cortava o rosto, os resquícios da chuva da última noite ainda ocupavam as calçadas e a rua. O dia era novo e mesmo sem saber fazer poesia, tirava-se bons sorrisos das lembranças e fazia-se a vida em cor outra vez...

Nenhum comentário: