segunda-feira, 28 de março de 2011

Das coisas da vida...

O céu acordou todo bonito, de um azul claro e vibrante de fazer a vista doer e a vida esquecer todas as agoranças e desgostos do mundo...
O mundo anda doente, é bem verdade. Vê só pelas coisas que amanhecem todos os dias nos noticiários e anoitecem já arquivadas pra dar espaço pras coisas outras, que acontecem a todo tempo...
E a gente, tem que tomar cuidado pra não adoecer também.
Sim. As pessoas também andam doentes... cheias desses sentimentos ditos ruins, desgastantes e devastadores, esperando a felicidade alheia existir, para tentar destruí-la a qualquer custo. Porque assim se comportam as pessoas doentes: não sabem olhar com delicadeza o sorriso amoroso do outro sem desejá-lo, sem invejá-lo, sem querer-lhe mal...
Graças a Deus, ainda não adoeci (e acho bem que nunca vou adoecer). Tirando a saudade lá de casa e dos amigos que não vejo há tempos (e falo aqui dos verdadeiros), os dias tem sido sempre azuis, com entonações de vermelho vivo, rosa flor, verde orvalho e amarelo ouro, combinado com o sol e as folhas do outono que tanto amo.
E é por isso (por essas cores todas morando na minha alma) que resolvi dar uma chance pra poesia, pra clareza e pra solidão fazerem abrigo em mim. Não solidão dessas tristes e desesperadoras porque Graças a Deus (e acho que retomei a minha fé) meu coração encontrou como companhia, outro caminho limpinho, cheio de delicadeza, amor, companheirismo e o mais importante: carinho e cumplicidade.
Fiquei pensando e acho mesmo que a gente precisa de muito pouco pra ser feliz. Basta resolver, ir e ser. E ter no coração as verdades e certezas que tantas vezes são tão particulares, que ninguém precisa saber que existem... porque ninguém entenderia... porque tirando a gente e quem tá do lado, de verdade, velando cada passo e cada sorte nossa, ninguém precisa entender...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tenho certeza que é assim...

"A vida pode ser mais leve.
Mais lúdica.
Se eu não brincasse, enlouqueceria.
Não posso nem sei ser essa imagem que tanta gente
congelou a respeito do que é ser adulto.
Passo longe desse freezer.
Quero o calor da vida.
Quero o sonho e a realidade melhor que ele puder gerar.
Quero alguma inocência que não seja maculada.
Quero descobrir coisas que não suspeito existirem e,
que para minha surpresa,
têm significado para o meu coração.
Adulta, quero caminhar de mãos dadas,
vida afora, com a criança que me habita:
curiosa, arteira, espontânea."

Ana Jácomo

sábado, 19 de março de 2011

Alegria

Ando tão feliz, mas tão feliz que dá até medo de sair dizendo por aí...
Mas todo 'bem dizer',vem acompanhado de um 'Deus abençoe'...
Então, abeçoa Deus! Com toda tua luz, teu cuidado, tua proteção...
Que o que tiver de vir, a gente sabe que virá.
E seja lá o que for, eu tenho força e amor suficientes pra suportar...

sexta-feira, 18 de março de 2011

...

"A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos."
(Martha Medeiros)
 

sexta-feira, 11 de março de 2011

Com carinho...

Os dias andam tão corridos e as preocupações tem se tornado tão frequentes, que o passado vai ficando para trás, quase esquecido em meio a tantas lembranças. Aí foi ontem, bem no fim da tarde, quando escrevi felicidades ao meu professor de Reportagem Impressa e desejei-as por telefone ao amigo vendedor de óculos da Chillie Beans, que me lembrei que pai completaria seus bem vividos 53 anos (ou seriam 54?) nesse 10 de março. Vai ver foi por isso (e só agora compreendi) que o dia amanheceu tão bonito, o céu todo azul, como não se via desde a última sexta-feira (embora tenha anuviado e acinzentado tudo outra vez mais tarde, deixando a noite meio fria). Talvez tenha sido um presente, desses que parecem coisa de Deus mesmo, embora eu às vezes acredite pouco e tenha consciência de que deveria ter um bocado mais de fé, só pra garantir que me valham algumas orações, principalmente as de vó, que incluem cada neto que ela mais estima, até os emprestados e os recém agregados...

Dormi bem depressa, mas fiquei pensando (no ônibus de volta pra casa, com a janela aberta, um vento fresco cortando o rosto) no que seriam as coisas se pai ainda estivesse aqui. Talvez eu não teria saído de casa ou talvez teria me mudado com o coração mais tranquilo deixando alguém pra cuidar de ser companhia pra mãe. Talvez ele nem estivesse mais trabalhando, pois (se me lembro bem e corretamente) perdera já o movimento de uma das mãos num acidente com essas máquinas pesadas. Talvez ele nem estivesse aqui de todo jeito, já que se foi com os pulmões bem corroídos pela tal nicotina e todas as outras "inas" presentes no maldito cigarro. Talvez eu não tivesse sofrido tanto e nem me sentisse tão sozinha e perdida nesse mundo grande demais, como me sinto quase todas as manhãs.

Pai não teve tempo de conhecer meus poucos amigos, de ouvir de perto (e nas minhas mãos) um violino, de ver a revista que ajudei a fazer, de ler os textos que escrevi e as fotos que tirei publicadas no jornal da faculdade. Pai não teve tempo de comemorar o diploma de Direito nem a carteira de motorista tão batalhados pela filha mais velha, nem de ver o resultado da luta de mãe pra fazer o muro da frente e pintar as janelas lá de casa todas de branco. Pai não teve tempo de ver que a cidade cresceu e não vai ver mais um monte de coisas porque o tempo passou e quanto mais ele passa, mais as lembranças de vida vão ficando distantes dando lugar pra saudade e falta enorme que só pessoas queridas fazem...

Eu não tive tempo de olhar pra pai e dizer das coisas todas que sempre senti. Porque era pequena demais ou vai ver porque não sabia usar as palavras ou porque sempre pensei que pai e mãe fossem coisas eternas. E a gente sempre com essa mania besta de ir deixando um abraço pra depois, um sorriso pra depois, o amor pra depois, sem perceber como que o depois pode ser tarde demais...

Aí eu queria dedicar esse post (enorme por sinal) a todas as pessoas que passarem por aqui e se lembrarem com carinho de alguém que se perdeu. E também (e principalmente) àquelas que podem olhar para o rosto de seus pais todas as manhãs ou noites e mesmo que não todas, mas que de alguma forma (que não seja por fotografias) podem olhá-los e ainda os tem ao alcance de um abraço.

A vida, eu descobri que é frágil e delicada demais. E o tempo, é veloz, não espera que as coisas aconteçam, apenas corre transformando em frações de segundos tudo ao nosso redor...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Calma.

Pegou a xícara com as duas mãos, toda cuidadosa, pra não deixar cair nem quebrar. Pequenos goles de chá esquentavam e acalmavam sua alma, resfriada pelo mal tempo lá de fora, calejada pelas indelicadezas de dentro. Era camomila. E ela, que nunca gostou muito de chá, via em cada gotinha uma esperança de sarar suas inquietações. Calmante não podia... o médico dispensara qualquer remédio, pois um pequeno deslize poderia corroer sua vida inteira. Aí optou pelas coisas naturais... meditação, música, chá, estrelas, espiritismo, floral-20-gotas-por-dia-a-cada-12-horas. Essas coisas todas que só funcionam com muita fé e paciência. Ah, e persistência, coisa pouca que ela quase não tinha, desde criança. Ouvia mãe dizer várias vezes que nunca conseguiria nada, já que nunca terminava as coisas que começava. Foi assim com a meditação, os cursos de doces, as aulas de violino, de pintura, de desenho e de corte-costura, entre tantas outras coisas que sem nem ter um porquê exato, abandonara em plena metade. Quase como covardia. Ou vai ver, inocencia mesmo, nada proposital. Impensado, sempre sem intenção de ferir. Porque já foi cortada, sangrada (no sentido figurado, claro) covardemente tantas vezes, que foi se tornando incapaz de deixar cicatrizes em alguém, simplesmente por saber da dor. Chegaria a cortar os próprios pulsos, mas nunca machucaria ninguém. Foi crescendo assim... essa coisa frágil, pequena, boba até. Meio cabisbaixa, meio silenciosa, sem se impor demais, pra não causar impacto nem chamar muita atenção.

Hoje, anda competindo com os monstros internos e os externos, sem saber muito bem quais os mais perigosos, mas consciente de que a qualquer momento tudo vai acabar, e devolver a paciência, graça e delicadeza que ela sempre teve. “É esse lugar mãe, que suga a alma das pessoas aos poucos. São as pessoas mãe, já com suas almas sugadas, tentando se encontrar no reflexo do outro. É desassossego demais, demais!”. Dizia sem perceber que é dentro... respira, auto-controle, mais um chá, aumenta-30-gotas-de-floral-pra-de-6-em-6-horas, vai ficar tudo bem, vai passar, respira outra vez, Chico canta “as águas de março fechando o verão” enquanto ela espera com ânsia a chegada do outono.

terça-feira, 1 de março de 2011

...


"é preciso parar.
Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?
Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim – enfim, mas que medo – de mim mesma."
 

Clarice Lispector