quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Desejo...



... sonhos, planos, persistência, realizações, agradecimentos, flores, amor, paz, liberdade, sorrisos, alegrias...
Que venha o novo ano... e que seja bom, em fim...

...

"Tem dias que a vida parece estar acontecendo em outro lugar."

Gabito Nunes

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

P&B

... e então abriu os olhos 
e descobriu que o tempo de ser feliz
havia passado.
e tudo que lhe restou,
foi uma vida em branco e preto...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

Memória...

Mãe me disse ontem por telefone, que vó parece estar entregando os pontos. Passa os dias deitada rezando entre um cochilo e outro, levanta só para comer (quando come), tem falado pouco, não senta mais na varanda para ver a rua e o dia, disse entre uma conversa e outra que está muito cansada. 
Ao contrário de muitas pessoas com seus quase 90 anos, vó nunca falou em morrer. Sempre teve força suficiente para encarar pneumonias, cirurgias nos olhos, feridas que não cicatrizam na pele já muito frágil, dores fortes na coluna e nos joelhos que os médicos de uns dias pra cá disseram que não tem solução. Emagreceu quando foi preciso, encarou com bom humor a necessidade de usar aparelho nos dois ouvidos, usou bengala por uns dias até se lembrar que tinha força suficiente para caminhar sozinha, mesmo se escorando nas paredes...
Lembro os biscoitos guardados nas latas, sempre prontos com café quente quando eu saia do trabalho e passava para vê-la. Lembro ela guardando bem escondido, as coisas que eu levava todo início de mês e que ela adorava! mas que diziam que ela não podia comer. Lembro o jardim sempre bem cuidado e os almoços de domingo que nunca tinham a mesma graça quando ela não estava. Lembro as lágrimas correndo dos olhinhos dela quando fui me despedir antes de mudar e num abraço ela disse que daria tudo certo...
Aí mãe vem me dizer que ela tem andado desanimadinha, até nos dias de sol. E eu fiquei com muito medo de que a luz dela se apague, levando um pouco da minha também. Porque ela, além de amor, é também a esperança que eu tenho. Porque diferente de tanta coisa, de tanta gente, ela nunca deixou de acreditar na vida, nos dias amanhecendo, em mim...
E eu, que perdi pai muito cedo e mesmo assim não me acostumei com a ordem natural da vida, chorei de soluçar de saudade, de medo, de solidão... simplesmente por não saber o que fazer, o que pensar, o que dizer aqui dessa distância toda, sem poder vê-la todos os dias e ajudar a curar-lhe as aflições...
Pedi a Deus um pouco de alegria para esse dia cinzento de chuva. Acho que ele preferiu me dar fé...

"Esperar é ter esperança?" Lygia Fagundes Telles


domingo, 20 de novembro de 2011

"Depois"

"(...) depois, de aceitarmos os fatos
Vou trocar seus retratos
Pelo de um outro alguém
Meu bem vamos ter liberdade
Para amar à vontade
Sem trair mais ninguém
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também
Depois"

Marisa Monte

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sobre ser feliz...

Desde que você foi embora de vez, ela não escreve mais com frequência.
Andou triste por uns dias... não por você ter ido.
Mas por ter levado consigo, a capacidade que ela tinha de dar vida às palavras.
Hoje em dia ela escreve pouco. Mas vive mais.
E feliz, como é mesmo melhor ser.
Porque dizem que as coisas mais bonitas só são escritas nos momentos de tristeza.
Então ela guardou os cadernos, as canetas e os rascunhos, pra transformar a vida em capítulos e escrever em linhas tortas ou palavras incertas, a própria felicidade.

Obrigada por ter lhe tirado as palavras...

domingo, 6 de novembro de 2011

"Parabéns para você, que dia a dia aprende mais sobre você mesma. Que erra para aprender. Que é forte o suficiente para seguir em frente – sem lamúrias, mas com maturidade e sensatez. Que de vez em quando esquece a própria idade e o juízo em algum canto. E depois acha, como mágica. Parabéns para você, que tem um sonho. Que não desiste, apesar do que falam. Que não se abala, apesar do medo. Que sente uma fraqueza interna, mas caminha com passos firmes. Que fica tonta, mas não desmaia. Que apesar de cada pedra no caminho, corre. Que reclama dos problemas, mas entende que a vida é feita deles. Que tenta entender o defeito alheio – e procura perceber os seus."
 
Clarissa Corrêa (via "Que Seja Leve")
 
 
 
 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um pouco de ópera

Rodolfo e Mimi (foto: GuiaBH)

 Sem ter um motivo muito específico, nunca gostei de ópera ou apresentações orquestrais com tenores, cantores solistas ou coisa parecida. Sempre me encantou mais o movimento dos instrumentos e seus sons 'individuais' do que misturá-los a vozes e encenações. Mas algo me chamou atenção na Ópera La Bohème, que ficou em cartaz aqui em Belo Horizonte, no Grande Teatro do Palácio das Artes por pouco mais que uma semana. E tanto chamou atenção que, pela primeira vez, desejei muito assistir uma ópera. Pois bem... ganhei um par de ingressos para o penúltimo dia e fui: cheia de expectativas e com esperança de me surpreender. E realmente me surpreendi. 
Apesar de se passar em Paris, La Bohème é uma ópera escrita por um italiano, Giacomo Puccini, e teve sua primeira apresentação em fevereiro de 1896 em Turim, na Itália. Em quatro atos (o maior foi o primeiro, com 30 minutos), a história gira em torno dos personagens principais: Rodolfo, um poeta parisiense que se apaixona por Mimi, uma florista e pintora que sofre de tuberculose. Neste primeiro ato, os dois se conhecem, apaixonam e, no decorrer dos próximos três atos, vivem os desdobramentos das histórias de amor, com seus momentos felizes e tragédias típicas, ainda mais para a época em que foi escrita.
Confesso que o início só me fez pensar que minhas impressões continuariam as mesmas: nada de óperas na minha vida. Mas o cenário, a história e a desenvoltura dos personagens foram me prendendo a partir do segundo ato, cheio de cores, que contou com a participação da Cia. de Dança Palácio das Artes, do Coral Infantojuvenil também do Palácio e do Coral Lírico de Minas Gerais. Sim: o segundo ato me conquistou pelo seu encanto. Daí então, eu já quis ficar para ver o que aconteceria no terceiro e do terceiro, minha curiosidade aumentou ainda mais para descobrir o desfecho dos personagens no quarto e último ato.
Conclusão: saí do Palácio das Artes revigorada, apaixonada com o que vi e ouvi. Além dos solistas, que vieram de diferentes estados e países (mas um deles é mineiro), a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que ficou no fosso, escondidinha, na minha opinião, também executou um trabalho maravilhoso, sob regência do maestro Roberto Tibiriçá.
No final de tudo, eu só queria pegar o telefone e contar cada detalhe de La Bohème para o Nelio Souto, que gentilmente me presenteou com os convites (sempre me proporcionando os melhores momentos e aprendizados com suas surpresas), mas que não pôde me acompanhar.
Sei que a temporada já acabou (os ingressos esgotaram nos primeiros dias) mas como é a terceira vez que a montagem é produzida em Belo Horizonte (a primeira foi em 1981 e a segunda em 1996) recomendo aos mineiros (e não mineiros também) que se surpreendam com La Bohème como eu me surpreendi... 

Saiba um pouco mais sobre a ópera  no site da Fundação Clóvis Salgado (clique para acessar)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia

é primavera, minha querida. Tempo de renovar a terra das flores e de se atentar ainda mais para as alegrias do coração. Porque elas existem pequena. Por mais que chova e o céu fique nublado e o dia esteja um pouco frio. Vai dar tudo certo, eu prometo! Aconteça o que acontecer: vai chegar o dia de sorrir, colher os raios de sol, contar estrelas sem apontar o dedo, adivinhar desenhos nas nuvens. Agora, sossega esse coração! Cuida dele com carinho, como se fosse tão frágil quanto um pequeno cristal. Porque é. Frágil, delicado, leve e isso nunca irá se perder. Então vai: veste teu sorriso mais bonito e acredita na vida outra vez. Todo dia é dia de renascer...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O que a arte representa para você?

Ando meio ausente daqui, bem sei...
Mas a vida também anda meio corrida e vim hoje, deixar um pedacinho das coisas que andam me consumindo tanto...
O vídeo abaixo foi roteirizado e editado por mim, para um projeto pessoal (que em breve também darei notícias aqui) e para uma disciplina que curso no meu penúltimo (ainda bem) período da faculdade...
Foi feito com carinho e me deu uma baita alegria vê-lo pronto, quase como imaginei.
Então, divido com vocês, meu primeiro video.
Espero que gostem. =)


domingo, 23 de outubro de 2011

Chocolate quente.

A chuva caía lá fora e por alguns pequenos instantes, do lado de dentro, eu desejei que o tempo voltasse - em cheiro, em imagens, em cor.
Mas aí, Deus, grandioso do jeito que é, nessas indas e vindas, dentre milagres e realizações, me lembrou que a gente deve (no entanto e contudo) viver o presente, por mais que o passado tenha sido mais bonito. E é justamente nessa hora que a gente sorri, enxuga o rosto, arruma o cabelo, pára de roer as unhas e as colore com um vermelho bem vivo, enfeita o rosto e vai pra luta... como se realmente valesse a pena.
Lê um livro, ouve uma boa música, caminha pelas ruas de um domingo vazio, frio e meio chuviscante, ri sozinho com as boas lembranças, paga caro por um copo pequeno de chocolate quente só porque é tarde e o mercado já está fechado e a Maizena da padaria acabou e é completamente inadimíssivel dormir sem a felicidade de um chocolate quente.
E descobre, em fim, que é possível sobreviver em meio a tanta saudade...
"A vida vale a pena meu bem! Quando se coloca nela uma pitada de poesia..."

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Por aqui.

Eu tava pensando que de repente a gente podia deixar de lado todas as desavenças da vida e ser feliz sabe. De mansinho, devagar, sem pressa, um dia de cada vez, antes que o mundo acabe. Não precisa rir. Já parei de acreditar nessas histórias que o fim de tudo está datado para o ano que vem, como me contaram. Pra falar a verdade, depois dos meus últimos “imprecionismos”, pararam de me contar. Disseram querer poupar minha alma frágil desses assuntos dolorosos, nos quais não acredito mais. Mas eu sei que tudo acaba um dia. Pode ser hoje mais tarde ou amanhã de manhã. A gente pode receber uma proposta de emprego irrecusável do jeito certo como sempre sonhamos e ter que voar para o Japão ou pro Alabama sem sequer ter muito tempo para se despedir e viver o que ainda não foi... ou a gente pode morrer... tragicamente num acidente indo pra casa, num atropelamento, bala perdida, infarto fulminante ou morte de alma querendo descansar mesmo. A minha anda tão cansada... mas eu tô feliz, como não ficava a bastante tempo, sem fixar muito minha atenção nas tristezas e desavenças e focando nas simplicidades que fazem sorrir... eu tenho medo sabe. Da gente se desgastar e correr pra buscar abrigo em outra morada, cor em outro olhar. Porque é assim que acontece. Já vi várias vezes isso acontecer, deixando as pessoas sem ação e alguém sempre sangrando mais que o outro. Então, pensa! Se não tá na hora da gente virar as esquinas de mãos dadas e sorrisos largos, sem perder tanto tempo com bobagens e grandezas. A vida é simples e doce, meu querido. Sim. A gente sabe que é...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

...

"Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode. Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora."

Tati Bernardi


domingo, 16 de outubro de 2011

Despedida...

Aí ela ficou  parada no portão, olhando meio de lado, até o carro virar a esquina e sumir em frações de segundos.
Não sei o que ela pensou nem o que queria dizer. E nem sei, ao menos, se queria mesmo dizer alguma coisa... 
e ainda assim, entre tantas dúvidas e querencias, talvez dizer nem precisasse.
Ou vai ver ainda (e talvez) dissesse naquela voz-inha doce, já meio fraquinha e cansada, qualquer coisa que fosse me fazer chorar, tanto como agora. 
E me deu uma vontade de voltar correndo e dizer que os três pedidos da vela se tornaram um só e era que ela fosse muito feliz. E na conversa com Deus, que há tanto tempo eu não tinha, eu só sabia dizer que queria que ela vivesse muito pra realizar meu sonho de fazê-la tranquila e com todos os mimos e presentes e sorrisos que desejar...
No entanto, permaneci em silêncio... cheguei em casa, desembrulhei o lanche que ela preparou com tanto carinho, respirei fundo e liguei pra dizer da chuva, pedi pra correr pro banho e dormir porque amanhã é outro dia... 
"A benção mãe!"
E Deus me abençoou.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Exercício...

… ou a tentativa de escrever um bom texto quando não estou triste.

Hoje acordei e resolvi fazer tudo no meu tempo. Levantei, lavei o rosto e escovei os dentes com calma, sem pressa de horários a cumprir. Tomei meu café sentindo o sabor do suco (era de maçã) e o gosto do pão francês (que comprei na noite anterior). Coloquei uma roupa confortável, desci as escadas devagar, sem pular nenhum degrau, atravessei o viaduto sem pressa para não cansar, parei na barraquinha na estação do metrô e comprei um chocolate, sem me preocupar em correr para entrar no trem que seguia para o meu destino (em cinco ou oito minutos teria mais um). Respirei fundo a cada minuto e nessa manhã não me faltou ar, como de costume. Por um segundo, franzi a testa no meio do caminho e quase reclamei uma pessoa que andava devagar. Me segurei... e sorri! Porque hoje, mesmo que dure só pela manhã, eu resolvi querer a leveza, ao invés da dureza que andava rondando, querendo “infartar” meu coração.
Eu resolvi não escrever apenas textos tristes também, como dizem que aqui é cheio deles... porque de agora em diante, minha vida se transformou em um exercício de pequenas coisas, pequenas simplicidades. E escrever enquanto estou feliz, vai ser uma alternativa para externar tanta alegria...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

...

"Algumas pessoas nasceram para ficar sentadas junto a um rio, algumas são atingidas por raios. Algumas tem ouvidos para música, algumas são artistas. Algumas nadam. Algumas conhecem botões. Outras conhecem Shakespare. Algumas são mães. E algumas pessoas dançam!
Se quer saber, nunca é tarde demais ou cedo demais para ser quem você quer ser. Não há limite de tempo. Comece quando quiser. Você pode mudar ou ficar como está, não existem regras para isso. Pode tirar o máximo de proveito, ou o mínimo. Espero que tire o máximo! Espero que veja coisas surpreendentes. Espero que sinta coisas que jamais sentiu. Espero que conheça pessoas com pontos de vista diferentes dos seus e espero que tenha uma vida pela qual se orgulhe! E se descobrir que não tem, espero que tenha forças para começar tudo de novo."


Do filme : "O Curioso Caso de Benjamin Button"

domingo, 2 de outubro de 2011

Esquecido

Não é tristeza não seu moço. É outra coisa qualquer que ainda não sei o que é, mas que vai passar, como sempre passou.
Sim... já senti isso antes, várias vezes até. Parece fome, de tão vazio. Mas não. Nem é coisa de corpo, de físico, ou muito menos de vontades. É coisa de alma sabe? Daquelas que precisa muito estudo para explicar e paciência, em doses moderadas para suportar. Eu sei que é difícil compreender, mas deixa que o silêncio também faz bem. E a solidão? É remédio meu querido... faz a gente resgatar as coisas boas da vida, as lembranças que fizeram sorrir num passado não muito distante, mas que só vai se afastando com os dias e os novos planos e a correria cotidiana e as boas (e também as más) novas que encontramos pelo caminho. Acontece que hoje nem a mistura de aspirina com novalgina curou a dor e a esquisitice de ser sabendo-se que não se é mais o que sempre foi nem muito menos o que sempre quis ser. Tá faltando poesia, eu sei. Faltando estrofe rimada, faltando verso bonito que nem canto de passarinho pela manhã.
E enquanto escrevo, meu quarto vai se enchendo daqueles bichinhos voadores que lá no interior a gente chama de ciririca, mas que aqui, dizem que são cupins voadores... 
Não é tua culpa meu bem. Nem os bichos que voam e sujam o chão com suas asas, nem o vazio que vai me deixando me esquecer. Devem existir nesse mundo, lugares em que construir alegrias vale mais do que silenciar e culpar os olhos do outro por errar...

sábado, 1 de outubro de 2011

...

"Não se concentre tanto nas minhas variações de humor, apenas insista em mim.Se eu calar, me encha de palavras, me faça querer dizer outra e outra vez sobre você, sobre nós, e todo esse amor. Se eu chorar, não me faça muitas perguntas, não precisa nem secar minhas lágrimas. Só me diz que você continuará comigo pra tudo, que tenho teu colo e teu carinho. E ainda que te doa me ver assim, me envolva nos teus braços e diga que eu posso chorar, mas que você não sairá dali enquanto eu não sorrir. Porque é isso que nos importa, não é? O sorriso um do outro. Não é?"
Caio Fernando Abreu

domingo, 25 de setembro de 2011

Cinza

... perdeu-se a cor do dia que, indeciso se fazia sol ou se deixava chover, já havia acordado meio cinza. Dos olhos embaçados, escorriam lágrimas que pareciam nunca mais parar... e ela pedia a Deus que lhe desse força porque a dor nunca tinha doído tanto, porque a gente nunca sabe o que fazer quando dói... restava agora saber encontrar um caminho, que lhe devolvesse o que ficou perdido em algum lugar e que não lhe tirasse mais nada, ao menos por enquanto...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Lembranças...

Vivi um tanto de tempo agarrada a coisas e pessoas que hoje (felizmente, eu acho), não me fazem diferença em suas ausências. Ah mas já fizeram um dia. Já me doeram como corte profundo daquelas facas pequenas e super afiadas que só encontramos hoje em dia, na casa da mãe da gente, guardada no fundo da gaveta, enrolada em papel jornal.
Acho que no fundo, sempre fui diferente. Na escola, quando passei a fase de me sentar sempre na primeira carteira da fila do meio, fui me encolhendo nas beiradas e nos fundos, que era pra ninguém me reparar. Mas sempre tinha aqueles (mais reclusos, ou o mesmo tanto que eu) que também se escondiam, fosse para rir, para dormir ou para aquietar mesmo, em suas solidões que no fundo, só existiam (talvez) fora dali. Houve um tempo que até tentei me misturar. Mas meus silêncios e desencontros (que nem a mim agradavam então) fizeram com que eu me encolhesse cada vez mais, como um bichinho, diferente demais pra estar ali.
Mas como sempre acontece, conforme fui crescendo, encontrei os meus... aqueles de dividir o lanche e o sol de inverno do recreio; aqueles de sentar no portão pra conversar sobre a vida e o dia; aqueles de ir à praça aos domingos mesmo que em silêncio, só pra deixar o tédio ir embora; aqueles de ouvir rock'roll e ensaiar duetos de Mozart; aqueles de ir embora pra casa à pé quando o mês era longo demais pra um dinheiro sempre curto; aqueles de esperar na porta do trabalho pr'um sorvete e de perder tardes de sábado fazendo doce ou cookies da revista...

Sinto falta dos meus todos os dias. Porque embora eu não acreditasse na época, acho que não tive ainda dias tão felizes como os de olhar a vida cheia de medo na beira do caminho e ter sempre uma mão que, mesmo também muito temerosa, não receava em se estender e me fazer ir, pr'onde quer que fosse, pr'onde quer que eu quisesse ir. Quando relembro, é que me dá até um frio na espinha, de perceber o quanto tudo mudou e de sentir tanta saudade da fragilidade que eu tinha, da pequeneza que eu era...
E hoje, tão saudosa assim, eu rezo a Deus que não me deixe nunca perder dos meus, mesmo que a gente esteja meio assim distante, mesmo que talvez, quando nos encontrarmos, nem eu os conheça, nem eles me reconheçam mais... esse talvez, seja hoje o meu maior medo...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

E o que vai ficar na fotografia...


Voei!
Pôr do sol em Florianópolis, sobre as nuvens e o mar... =)


Ela rezava a Deus todas as preces que ainda sabia, pedindo que livrasse de todo o mal e de toda sombra que apetecia seu coração... rezava porque ainda tinha a esperança  de que existisse no céu uma pequena lembrança, que pudesse devolver-lhe um sorriso qualquer.
"Existem coisas na vida que não deveriam ser esquecidas..."
Mas são minha querida... com a frieza dos que parecem sem coração ou com a delicadeza dos que parecem sem memória... 
A verdade é: tudo se esvai devagar quando não temos mais onde segurar...
Naquele momento ela não tinha... nada além que suas orações e um pranto doído pra chorar...

"quand le moment vient, faut sauter la barrière sans hésiter"

Em Gramado...

02/09/2011


 "A cada dia que passo aqui, mais a cidade me surpreende. Desde uma rotatória móvel (com rodinhas e tudo) no meio de uma das principais avenidas, até a bela arquitetura que me faz pensar até, que estou em outro país. Fora a temperatura: acho que nunca passei por dias tão frios (setembro começou por aqui com temperaturas abaixo de 0°).
O que mais me encantou, no entanto, foi a gentileza das pessoas. Cada carro que parava para que atravessássemos na faixa de pedestre ou cada informação acompanhada de um sorriso e carregada de simpatia, fez com que eu sentisse uma vontade enorme de ficar mais e conhecer mais sobre esse lugar que arrisco até chamar de encantador.
O taxista essa manhã, disse que aqui não tem favela, subúrbio. E que a violência, é muito pequena, quase não se ouve casos. Comem muito bem por aqui também. O restaurante em que almoçamos ontem e o Pub no qual lanchamos as três da manhã, quando chegamos, nos serviram muito bem (o X-bacon deve dar uns dois do que como em BH e os preços nem sem tão diferentes assim). Hoje de manhã no mercado, o atendente até disse que o sotaque mineiro é bonito e que gosta bastante do nosso “uai”.
Ainda tenho mais um dia e meio para aproveitar mais esse frio. Em meio ao trabalho diário que temos que desenvolver (e que tem me feito gostar mais da profissão que escolhi), sempre dá pra escapulir e ver o céu azul bonito de dar gosto lá fora. Eu arriscaria mais uma vez, dizendo que para mim, esse lugar respira poesia. Ainda não tive tempo de parar para pensar em querer ficar por aqui. Acho que às vezes, pode ser porque Gramado, na minha opinião, parece nem existir…"

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Em Gramado...

Estou um pouco ausente daqui nos últimos dias, é verdade.
Mas não posso deixar de compartilhar (mesmo que rapidinho) a experiência maravilhosa pela qual estou passando esta semana...
Estou em Gramado, no Rio Grande do Sul. Uma viagem de trabalho, que tem me enriquecido muito.
Deixo aqui o link para que, quem desejar, acompanhe o trabalho que estamos desenvolvendo nesses três dias de Festival de Publicidade, um dos maiores do mundo.
Expedições ICA
Quando voltar para minha quente Belo Horizonte, contarei um pouco do que vi dos lados de cá.

=)

sábado, 20 de agosto de 2011

Do livro de cartas...

... para um amigo desconhecido.

Te escrevo então, pra contar que tá tudo bem sim, obrigada. Tem feito um céu azul de dar gosto, diferente das tardes cinzentas daí. 
A vida? Tem me ensinado a cada dia, uma lição nova, uma maneira de suportar de cabeça erguida, as realidades quase imcompreensíveis desse mundo. Lembrei hoje, quando a tarde ia chegando, do dia em que você disse que eu ainda ia me doer muito, até encontrar meu caminho... tem doído sim, de verdade. E engraçado é que a gente sempre acha que não vai suportar, mas aí chora algumas mágoas em silêncio e logo depois, reaprende a sorrir. 
O que me consola é que vem chegando a primavera. O inverno deste ano foi bem diferente, você não acha? Um tanto quente, uma agonia, um desepero vez enquando. Dizem que tem um ipê amarelo todo bonito em uma praça daqui, mas ainda não fui lá ver. Não sei o que tenho feito com o meu tempo... às vezes acho que tenho disperdiçado ele demais. Quase não saio mais como antes pra observar as pessoas, conhecer lugares novos, ouvir a orquestra tocar... tenho tocado pouco, pintado pouco, fotografado menos ainda. A única coisa que tenho feito em excesso, é ler. Alterno uns três livros por semana. Parei um pouco com Caio e Clarisse (embora sempre me depare com frases dos dois que relatam nos minimos detalhes cada momento meu), e tenho experimentado as palavras montadas por outros sentimentos e acredite: tenho me surpreendido muito. 

Acho que é isso sabe: a vida tem me surpreendido muito. Não sei explicar como mas ultimamente, tenho sido que só saudade. Dos amigos, das alegrias, das tardes de domingo, das conversas e de você. 
Porque a solidão pesa às vezes e as nossas escolhas, fazem com que a gente precise viver vez enquando, dentro do mais longo silêncio...
e apesar de tudo, eu não sinto rancor.
Só tenho observado crescer um amor enorme por mim mesma, aquele que você sempre disse que queria ver aumentar, lembra? eu tô seguindo teus conselhos, eu tô levinha hoje e desejo que essa leveza chegue aí, num sopro de vento, escancarando a tua janela.


Cuide-se sempre meu amigo.
Que em breve a gente se vê.
Com carinho,

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quero mais! ♥

...

 
 
"Hoje é dia de esperar que o verde deste quase fim de inverno aqueça os parques gelados, as ruas vazias, as mentes exaustas de bad trips.
Hoje é dia de não tentar compreender absolutamente nada, não lançar âncoras para o futuro. Estamos encalhados sobre estas malas e tapetes com nossos vinte anos de amor desperdiçado..."

Caio Fernando Abreu

domingo, 14 de agosto de 2011

Hoje...

É triste não ter um pai por perto pra desejar feliz esse dia, mas é muito bonito ter a melhor mãe do mundo, poder olhar pra ela, agradecer por tudo e ter a certeza de que o amor existe...
Chorar a gente chora sim, que se há de fazer?
Sem saber dizer que era só saudade, eu olhei pra ela e disse que era amor...
E vai ver, até era mesmo...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Délicatesse

Entendeu que era preciso muito mais que braços abertos e olhos atentos para viver um amor de verdade. Mas o mais importante ela tinha: a vontade de resistir ao tempo, às diferenças, às destemperanças, aos silêncios... E de tanto resistir (e acreditar), ela conseguiu fazer dos amores (que antes eram feitos só de meio dia) alguma coisa maior, inteira, repleta de planos que só tem sentido quando a gente para de procurar razão nas coisas e passa a senti-las, com o coração... e antes, aquilo que era meio, é agora uma felicidade gordinha e uma vontade imensa de que dure a vida inteira...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Das cores no inverno...



... entretanto (ela gostava de dizer) a gente sempre acredita que as flores vão nascer além da primavera e mesmo que nem brotem, a gente cresce e aprende que todo julho em que o inverno deveria apenas gelar as cores, aparece sempre um tom meio rosado nos ipês e alguns pequenos botões nas rosas cuidadas com amor.
Porque o mais importante na vida é isso: cuidar das delicadezas e das belezas simples com amor... dedicar-lhes tempo, mesmo que a sobra dele, mas desde que seja verdadeiro, seja com o coração.
Ela não sabia, no entanto, que quando o tempo pesa demais, as pessoas grandes se esquecem de agradecer pelas oportunidades de sorrir e concentram-se apenas nos afazeres diários sem pensar que o tempo passa, que a vida passa e que tudo se esvai cuidadosamente por entre os dedos, sem a gente nem sequer notar...
E mesmo sem saber direito das coisas, querendo apenas um cantinho tranquilo para repousar tudo que de mais valioso a vida lhe dera, pediu então ajuda, que o coração já andava meio querendo desistir.
Aí, ela só ouviu o silêncio e ou lutava por tudo só, ou sentava na beira da vida, esperando o tempo passar, a dor acalmar, o pranto secar, até a esperança se cansar...

...

"(...)Não ando muito urgente ultimamente. Ando no meu tempo.
Depois de um tempo a gente descobre que a vida fica interessante mesmo quando a gente amadurece e chega perto de ser quem a gente quase é. Agora eu sossego a perna e dou um tempo pro tempo passar de mansinho. Agora eu ando aos sábados pela casa sem pressa de nada. Agora eu perco meu final de semana molhando a grama e penteando o pé de primavera. Agora eu penso em você, depois não penso mais porque volto a pensar novamente. Agora eu espero o trabalho dar certo, porque certas coisas não dependem da gente pra acontecer, elas são mesmo assim e não adianta ter pressa. Agora eu tenho um sorriso meio abafado e um jeito de dançar que quase tropeço. Desaprendi as palavras que são só palavras. Eu fico ali parada cheia de mundo em mim, um pouco cansada, um pouco nostálgica. Agora eu levanto antes. Agora eu levanto mais cedo, seguro a fé no peito bem forte, aperto a minha mão e me levo pra onde eu quiser."


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Monólogo (em Dó# Maior)

- (...) mas eu continuo  aqui, intacta, com alguns sonhos perdidos, algumas verdades cortantes e várias mentiras de efeito anestésico e cicatrizante. Já desisti de coisa demais nessa vida, meu bem... já perdi muito tempo tentando completar as metades que me eram dadas, esperando que o resto fosse o suficiente enquanto os rostos envelheciam vendo o coração esfriar, o olho lacrimejar, a casa escurecer, o corpo silenciar. E não que fossem tristes os silêncios. Pelo contrário: talvez fossem a única alegria, já que sempre foi neles que nasceram os quadros, os amigos, as notas, as intenções. Não que fossem tristes as tristezas, as solidões, as ilusões, os esquecimentos. Era bonito, eu sei. Mas é que eu já desisti de coisa demais nessa vida e eu não sei querer mais tudo de volta, eu não sei querer voltar a não ser para os domingos e suas tardes amenas de outono, a não ser pelos sorrisos, pelas companhias, pela rotina sempre constante, pelos copos d'água e pelas xícaras de café... eu não sei querer voltar a não ser pelo amor e às vezes, por mais duro que possa parecer (e tenha certeza: não é), nem ele é suficiente pra me dar força pra recolher todos os cacos espalhados pelo chão e devolver pra um passado que é meu mas que talvez nunca tenha me pertencido. Não que tenha sido triste, porque talvez, no fundo, até a tristeza nem exista... mas deixa... eu só não queria desistir, não agora, não dessa vez...

domingo, 24 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aos verdadeiros...



"É no olhar, sobretudo, que a amizade se confirma. É no jeito de olhar que nos reconhecemos no primeiro momento, nós, amigos recentes de longas datas. Isso porque amigo tem esse olhar bom: ele nos olha como se realmente quisesse nos ver, sem nenhum outro interesse que não seja a oportunidade boa e rara de partilhar amizade. Ele nos vê e permanece ao nosso lado, esse conforto que palavra alguma é capaz de traduzir. Esse detalhe grandioso que faz toda a mágica acontecer, porqueamar é também a arte de cuidar com os olhos."

(Ana Jácomo)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Das solidariedades do amor

Há exatamente uma semana, torci meu pé. Justo eu que, nos meus quase 24 anos, de curativo só conheci os adesivos cor da pele, que a gente chama comercialmente de BandAid, passo agora uns bons minutos dos meus dias me dedicando a arte de enrolar aquelas faixas meio beges no meu tornozelo. 
Já quis quebrar o braço (direito) algumas vezes só pra ter um gesso cheio de assinaturas e ficar um tempo sem ir à escola, claro. Mas sempre tive tanto cuidado e medo, que essa "sorte" nunca me pegou.
Fiquei me perguntando, no entanto, se quando a gente vai envelhecendo as articulações ficam mais fracas, as percepções ficam mais reduzidas ou a gente passa a pensar mesmo que é esperto demais pra torcer o pé no degrau bem na porta da Redação do nosso emprego novo, a caminho do refeitório na hora do almoço...
Pois bem: as coisas são possíveis sim de acontecer a qualquer instante, de um jeito que nos deixa mais frágeis que o normal permitido... e eu acho que é na fragilidade que o amor mais mora e é nela também (a fragilidade), que precisamos mais dele (o amor).
E aí, eu chego bem onde queria chegar desde sábado, quando, em um corredor de supermercado, pensei escrever esse post...
Involuntariamente (eu sei), procurando alguma coisa que não me lembro mais o que, peguei Nelio umas duas ou três vezes dando uns passinhos meio mancos, como tem sido todos os meus desde o pé torcido. Não resisti e ousei brincar dizendo que o amor, além de tudo, é solidário... a gente sofre com a dor do outro, entristece se ele chora e mesmo que Carpinejar diga o contrário, fica feliz (ainda que egoisticamente) com a felicidade estampada no sorriso do outro. É involuntário... quando a gente vê, já tá lá dentro de uma vida que nunca foi nossa passando por emoções e compartilhando (além de outras diversas coisas) tempo...
É quando a gente se descobre frágil que se depara com todos os sentimentos sem máscaras, com seus espinhos, suas estradas tortuosas, suas solidariedades, doçuras e delicadezas... é aí que a gente reencontra o amor, que vez enquando, a gente guarda numas caixas dentro do coração, pensando mesmo que ele vai suportar ficar preso lá por muito tempo...

domingo, 17 de julho de 2011

...bordado em flor.

Fechou os olhos, respirou fundo por longos minutos porque lhe parecia (meio que absurdamente) que o ar deixara de ser suficiente e que a vida perdera um pouco da cor...
E por mais que a realidade sempre lhe parecesse mais distante que as coisas sonhadas, não haveria, dessa vez, ilusão capaz de ser inventada pra lhe tirar o amargo do sorriso e a dor dos ombros cansados...
E antes de assinar a própria desistência (essa que seria quase que sem perdão), chorou as lágrimas todas que lhe cabiam e decidiu desinventar a própria solidão.
E antes que re-dissesse ser sofrida a vida, concluiu com destreza e gosto, o quanto é bonito o tempo transformando com delicadeza e força, os momentos da gente em lembranças doces...
E antes que concluísse não valer a pena, viu que a vida ainda valia ser cantada, e mais que isso: ainda podia virar em versos simples, uma bela canção de amor...

De todas as coisas...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"É preciso saber ouvir. Acolher. Deixar que o outro entre dentro da gente. Ouvir em silêncio. Sem expulsá-lo por meio de argumentos e contra-razões. Nada mais fatal contra o amor que a resposta rápida. Alfange que decapita. Há pessoas muito velhas cujos ouvidos ainda são virginais: nunca foram penetrados. E é preciso saber falar. Há certas falas que são um estupro. Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir. E, sobretudo, os que se dedicam à difícil arte de adivinhar: adivinhar os mundos adormecidos que habitam os vazios do outro."
Rubem Alves

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Meu começo...

... essa semana mãe veio me ver. E eu, pouco acostumada com essas aventuranças dela, me surpreendi sem deixar, claro, de me achar uma das pessoas mais felizes do mundo.
Nesses quase dois anos e meio que saí de casa, ela nunca veio pra ficar...
Das poucas vezes que apareceu por aqui (acho que devem ter sido umas 4, no máximo 5), chegava domingo cedo com uma de minhas tias e ia embora logo após o almoço (isso, quando ficava para almoçar).
E nem era má vontade não... mas acho que às vezes, ela tem um pouco de medo de viver...
Mais do que me trazer alegria, ela me deu também orgulho... sei que parece bobagem mas esse processo todo para chegar aqui (ir pra rodoviária, comprar passagem, viajar sozinha e descer em um lugar quase completamente desconhecido), foi uma vitória pra ela e eu vi isso bem estampado em seus olhinhos-cor-de-abacate e de certa forma, isso me fez sorrir, mesmo sabendo que a hora de ir embora também chegaria depressa, assim como meus momentos felizes...
A vida tem me deixado um tanto frágil, é verdade. Algumas vezes, fico um pouco sem saber o que fazer e acabo agindo errado ou pelo menos, deixo o tempo passar sem ter a real dimensão do quanto nem é tão dificil assim acertar, quando se quer que a vida seja harmoniosa...
De tudo, no entanto, me alegra o fato de ser inverno e estar fazendo um pouco de frio e de logo mais chegar a primavera com suas delicadezas sutis...
... me alegra o fato de ter aprendido com destreza a lidar com a solidão, ao ponto de precisar de algumas dosagens dela para suportar os dias e suas limitações...
... me alegram, os laços eternos que estabeleci durante o caminho e o amor incondicional que mãe (e acho que pai também) me ensinaram a sentir...
... me alegra (e talvez esse seja hoje um dos meus maiores motivos para sorrir), ter por perto pessoas das quais me orgulho tanto e que também se orgulham de mim assim, sem pedir nada em troca, sem precisar coisas grandiosas e necessitando apenas dividir e compartilhar...

...aí ontem eu comecei outra vez... talvez fosse mais fácil dizer recomeço mas não acho tão bonito quanto começar mesmo... porque penso que quando a gente recomeça, estamos só repetindo um início que já tentamos antes, enquanto começar, é escrever um capítulo novo no livro de histórias da nossa vida...
não sei bem que rumos ela (a vida) vai tomar... talvez não precise mais que essa vontade mesmo de coisas novas ou de recuperar o que a gente foi deixando no chão, ao esbarrar nas paredes do caminho.
Só sei que existe uma leveza nas coisas e que preciso senti-la para então, fazer com que permaneça nos meus dias...
E eu agradeço: a Deus pela fé e ao caminho pela esperança...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Das janelas abertas...

... ele contou que era amor e que quando é a gente sabe, mesmo que a pessoa vá embora.
aí ela lhe disse que sabia faz tempo, desde o primeiro dia que o viu, sentado no jardim das memórias dela.
e mesmo que nunca mais fossem dançar a mesma música nem escrever a mesma história nem rabiscar desenhos nas mesmas linhas, eles sabiam das coisas que existiram e que deixariam apenas saudade...
- saudade é dor que a gente não cura com aspirina nem novalgina nem outro genérico qualquer - ela disse.
- enquanto o tempo passa a gente esquece - ele disse.
e mesmo que o amor dele não fosse dela e que o dela não fosse mais dele como fora um dia, saudade é dor que só se cura com a presença, um chocolate ou um abraço apertado... que seja um qualquer.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Espiando a vida passar por entre os dedos...

... eu tinha medo de que as dores que ela dizia sentir, já fossem sintomas da idade.
Corri no jardim, aguei as rosas, lavei a louça todinha do almoço, coei café, amassei e assei uns pães de queijo, pois sabia que ela sentiria fome ao acordar.
Por mais que aquilo tudo fosse muito triste (e eu sabia que era pois os olhos dela ficavam cada vez mais claros e verdes e isso só acontece ou quando ela chora ou quando ela entristece), eu adorava seus sorrisos, até os de canto de rosto dos quais não se via nem um pedacinho dos dentes mas percebia-se um levitar sutil de sobrancelhas e um esforço danado pra que não machucasse...
Ela estava se deixando morrer, era verdade...
E só não cortara ainda os pulsos, porque parecia agressivo demais perder todas as alegrias possíveis da vida assim, conscientemente. Porque a vida ainda reservava momentos felizes por mais que eles às vezes lhe parecessem distantes, como os pontinhos brilhantes que Deus espalhou no céu e que a gente daqui de baixo chama insistentemente de estrelas...
Um dia ela me disse que tinha hora que queria mesmo é trocar de vida, só um pouquinho, pra não envelhecer tanto nem continuar esmurecendo... aí ela pegava uma xícara grande, enchia de café bem quente, pingava um pouquinho de leite pra clarear e amenizar as amarguras do grãozinho preto, e ia tomando aos pouquinhos, bem devagar, até o café esfriar e ela entender que por mais que a vida não fosse passar daqueles momentos simples, era isso que ela tinha e por mais que esgotassem os ânimos, era mais perigoso se entregar. 


Não desisti por nem um minuto, por mais que ela às vezes acordasse irritada, dizendo não querer ver ninguém. Aí eu ficava de 'tocaia' na porta da cozinha, lendo um livro, atento,  só espiando, pois sabia que logo logo, ela sentiria saudade e eu precisaria estar lá, pronto pra segurar todas as barras daquela solidão...
Nunca lhe pedi que não chorasse, nunca lhe disse pra não sofrer porque essas são as típicas coisas, que a gente não controla nem impede de existir... apenas ameniza com um sorriso, um abraço ou um momento de companhia, mesmo que em silêncio.


Eu perdi o medo das dores dela, quando entendi que aquilo tudo, era uma pausa, um suspiro e um alívio. E eu só entendi a solidão dela, quando descobri sua inabilidade de lidar com o mundo e suas interferências externas, que ela descobrira já muito tarde. E eu só fiquei do lado dela, porque no universo inteiro, talvez nunca tenha encontrado tamanha docilidade e sensibilidade...
Eu dizia que ela não era daquele planeta... aí então ela sorria e a gente se esquecia de sofrer...

Sim...

"Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos."
.Caio Fernando Abreu

domingo, 19 de junho de 2011

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Acho que sem saber, a moça Vanessa escreveu esse texto pra mim...

é tempo



'é tempo, eles sabem.
Tempo da pedra esforçar-se e florar,
tempo do desassossego ter um pulso.
É tempo, que seja tempo.
É tempo.'
|Paul Celan|


Ontem à tarde eu chorei. De frente pro mar. Chorei porque o processo pelo qual me tornei mulher é espantoso e diria também doloroso. Porque era uma criança perdida carregada por uma fé de mulher, não mais aquela fé cega de criança. Chorei porque ver a verdade dói diferente. Carregava uma flor de mal me quer e pensava quantos mal me quer existe em uma flor? Até quando vou ter que espichar pra descobrir o que existe do lado de lá? E será que existe? Chorei porque por quarenta minutos, não conseguia mais acreditar e adoro acreditar. Chorei porque perdi minha parte sensível em alguma praia deserta que ainda não foi descoberta e fica lá sozinha esperando encontrá-la de novo. 'Chorei porque daqui em diante chorarei menos. Chorei porque perdi minha dor e ainda não estou acostumada à ausência dela.'

Há mais perigos dentro do que fora de mim, é sempre esse mistério, o dentro de cada um. E suponho que assim sempre será. Sempre inacabada, pra sempre ter essa outra parte que me chama. Me sacode e me faz erguer a vida num chute ou então costurá-la àqueles pedaços rasgados. Dando ponto aqui pra fechá-lo mais adiante. Vou sempre descalça, pisando com leveza, olhando com cuidado.

Permiti o choro para poder fluir, não que soubesse que isso realmente aconteceria. Mas para sentir que alguém me ouviria. As coisas são como estão e não há choro que mude isso. Aliás, desconheço qualquer forma rápida de cura. É preciso consciência das coisas, viver é trabalhoso e muitas vezes me atrapalho toda. É um choro que dura alguns minutos, eu me rendo a ele. É aprendizado, lembrança. Nuvens sempre passam, momentos chuvosos também. É pensamento divino.

Na verdade era só um acordar da alma. Não acredito em botões mágicos nem em choros revitalizantes. Eu acredito em fé, em vontade de mudar, de crescer, de fazer de novo ou de fazer-se novo.
 
|vanessa leonardi| 
 

*em itálico,Anaïs Nin, Henry e June - Diários não-expurgados (1931-32); trad. Rosane Pinto
imagem: Liniers
 

quarta-feira, 15 de junho de 2011

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E a gente aprende com a vida que existem as diferenças e passa a respeitar até as manias mais estranhas de quem nos ajuda a reaprender a sorrir... o nome disso é amor e sua vontade de existir e resistir todos os dias...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sobre o dia amanhecer em neblina...


Parou na escada antes do portão, a neblina recobrindo os telhados de maneira que não se podia ver quase nada. As pessoas passando agasalhadas e encolhidas se protegendo do frio, fumacinhas saindo das conversas como quando era criança e brincava de soprar só pra vê-las flutuando e desaparecendo no ar em frações de segundos...
Comparar a vida com aquela manhã seria basicamente dizer que tudo estava tão embaçado por dentro quanto o céu do qual não se podia ver nenhum pedacinho de azul. Mas diria, entretanto e porém, que de embaçado mesmo só as vistas, atrapalhadas pelos seus pouco-mais-de-3-graus-de-miopia-nos-dois-olhos, que a possibilitavam ver apenas 60% das cores externas do mundo, porque as internas a gente enxerga é com o coração e esse, anda bem, sem nenhum arranhão ou tropeços.

De toda forma, não dava mais para esperar o tempo desfazer as “embaçosidades” dessa manhã de fim de outono seco e frio... foi caminhando lenta para o trabalho, enquanto umas pontinhas de sol se esforçavam em devolver as cores para o dia. O vento lhe cortava o rosto, os resquícios da chuva da última noite ainda ocupavam as calçadas e a rua. O dia era novo e mesmo sem saber fazer poesia, tirava-se bons sorrisos das lembranças e fazia-se a vida em cor outra vez...

terça-feira, 7 de junho de 2011

domingo, 5 de junho de 2011

E se?

Teriam passado desapercebidas, um monte de coisas bonitas se a gente não tivesse encontrado o tempo certo de dar as mãos e seguir em frente...
E eu sei que teria sido diferente...
se você não tivesse faltado trabalho pra acompanhar um amigo no hospital e se uma semana depois, eu não tivesse ligado pra você e largado tudo que estava fazendo para ir te encontrar cheio de gripe em um consultório médico que eu nem sabia como chegar; 
se você não tivesse trocado as noites de sexta e sábado em um bar ou em uma festa qualquer, pra cuidar dos meus medos, da minha solidão, das minhas tristezas e até da minha fome;
se a gente não tivesse aprendido que as pessoas grandes precisam ouvir também e que mesmo já crescidas, ainda tem muito o que aprender umas com as outras.
Teria sido diferente...
se você não tivesse encarado duas horas em um ônibus num domingo de manhã pra almoçar com um monte de gente que você não conhecia (mas que são importantes pra mim) te enchendo de perguntas e falando mais do que a gente consegue ouvir;
se você tivesse ficado com vergonha da minha falta de jeito embaraçosa e tivesse me escondido suas maiores riquezas (seus melhores amigos e sua casa azul com as pessoas bonitas lá de dentro);
se a gente não tivesse aprendido que, mesmo eu não gostando de azeite, camarão, peixe cru e mais um monte de coisas, a vida estava certa quando resolveu que a gente tinha que dar um jeito de encontrar nas diferenças, uma maneira de ser companhia pro outro, pro resto da vida...

e eu não sei muito bem contar quanto tempo faz, já que andam dizendo por aí que o amor é feito mais nos detalhes e nos exemplos, do que nas medidas e explicações... 
mas eu sei que esse tempo todo, teria sido muito diferente se você não tivesse chegado na hora certa.
Ee eu agradeço por isso todos os dias...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

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"(...) Quero devolver só se você lembrar 
A cor que mais gostei de te ver usar (...)"

terça-feira, 31 de maio de 2011

"Canções Traduzindo a Vida"

Recebo sempre às segundas (e muito raramente às terças) a programação semanal da Fundação Clóvis Salgado. Confesso (e com um pouco de vergonha) que faço muito pouco proveito dela, pois, sempre colocando a culpa na falta de tempo, deixo passar várias coisas interessantes, que vão do recital de poesia no café ao concerto da Orquestra Filarmônica de Minas no Grande Teatro do Palácio das Artes (como aconteceu acho que há duas semanas atrás, quando os ingressos se esgotaram e perdi a apresentação da orquestra com um bandoneonista, tocando composições de Astor Piazzola que tanto gosto, mesmo que muitas vezes elas me façam chorar). Mas bom... o que me chamou atenção na programação dessa semana, foi a próxima edição do Quarta Erudita, que traz a Mezzo-Soprano Luciana Monteiro de Castro, acompanhada pela pianista Guida Borghoff, em uma apresentação com o tema "Canções Traduzindo a Vida", que aborda poemas de autores como Olavo Bilac, Thomaz Lopes e João de Deus, musicados por Alberto Nepomuceno. Não conheço a soprano nem a pianista (e sei um pouco, não suficiente, dos poetas musicados). Mas o que me intrigou e me fez pensar por toda a manhã, foi o tema: “Canções Traduzindo a Vida”. Porque quando a gente para pra pensar, encontra cá dentro da gente, que a música tem mesmo essa brilhante função de traduzir com simplicidade e delicadeza, as estranhezas de dentro da gente. E ainda que não traduza milimetricamente e corretamente todas as linhas tortas que a gente vai traçando no decorrer do caminho, ao menos na minha vida, a música tem um papel magnifico de devolver a docilidade dos dias, quando eles começam silenciosos, a se acomodar com as rotinas e inquietações que carrego desde sempre na alma.
Me enchi de curiosidade e fiquei me perguntando como será essa apresentação. Provavelmente, não sairá muito do convencional mas mesmo esse convencional já me intriga, só de pensar que serão cantados (e tocados) poemas feitos para ser poemas e não poemas feitos para ser música (embora eu ache vez em quando, que não dá para existir um sem o outro).
Se tudo correr bem e eu puder faltar a aula (essas apresentações costumam acontecer sempre em dias de semana, à noite e normalmente quando menos posso faltar), vou assistir e matar minhas curiosidades. E deixar que as canções realmente traduzam minha vida, com suas pequenas sutilezas...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

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 "As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo."


Caio F. Abreu


Sobre sorrir e ir...

...que as coisas tem fim e vão se esvaindo fininhas e silenciosas da vida da gente, de um jeito que nem dá pra perceber direito. Quando vai ver, já foi... sobram só uns resquiciosinhos nos cantos vazios da memória. Eu sei: é triste. Mas aí a gente chora um pouco e como aprendemos um dia a alegria, voltamos a sorrir com leveza e delicadeza, sem exageros e apenas algumas marcas... porque cicatriz todo mundo tem e é inútil fugir delas: são parte da gente, da história que construimos a cada manhã, das melhoras que acertamos todos os dias, dos tombos que relutamos de minuto em minuto.
O que a gente não pode esquecer é da fé. Mesmo que de coração partido, a gente não pode deixar de acreditar que aos pouquinhos, os fins vão se tornando recomeço e a gente tem um céu azul e bonito lá fora e mais uma porção inteira de amor pra dividir com quem, por ventura mereça. Porque sempre tem alguém pra compartilhar os caminhos vida a fora. A gente precisa é perder o medo e ir... que o resto o tempo dá jeito e com um pouquinho a mais de coragem (mesmo que inventada), a gente salta da janela no último andar da gente mesmo e escreve milhares de sorrisos lá de baixo, intacto e com a alma em paz...

terça-feira, 17 de maio de 2011

"Os dias me embrulham em sua correria, não me debato mais, aprendi a sentir minha paz. Tô escrevendo samba, ouvindo Chico, embalada por Vinícius. Conversando com as letras de Tom, descobri o tom que me toca. A vida lá fora segue frenética. Mas aqui dentro "estou " mais bossa nova que carnaval"

Renata Fagundes

segunda-feira, 16 de maio de 2011

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"Sabe, eu tenho a sensação que antes de você, nada aconteceu de tão bom pra mim."

Marla de Queiroz

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Das transformações...

(dedico a uma pessoa que não via há um bom tempo e tive a alegria de rever esse fim de semana.
Fui ouvindo uma história e a traduzi assim...)

Era preciso fazer um esforço enorme para acordar pela manhã e fingir que nada estava acontecendo.
Preparar o café, lavar os olhos, escovar os cabelos e os dentes, escolher uma roupa, abrir a cortina... tudo isso tinha um peso danado diante das circunstâncias em que vivia.
Fazia duas semanas que ela constatou que o amor não acaba e apenas três dias que descobriu que ele se transforma, como haviam lhe explicado (da maneira mais dura) há alguns anos atrás.
Sim... se transforma em qualquer coisa que a gente não sabe bem explicar o que é, mas que é muito, mas muito mais pesado que o Universo inteiro colocado delicadamente sobre nossos ombros. E dói... mais até que aquele corte no joelho do primeiro tombo no parquinho da escola; mais até que espinho ou caco de vidro fincado fundo no calcanhar.
E dói mais porque não acontece de um dia pro outro. É aos pouquinhos, bem devagar e a gente só percebe de verdade, quando o abraço já nem faz tanta falta e quando a ternura e o carinho se misturam tanto à ausência do tempo, que não sabemos mais distinguir qual é o mais importante na vida.
E quando as palavras são tão cautelosas, ao ponto de pensar primeiro antes de dizer... não por aquela fórmula que a gente aprende quando criança de “cuidar das palavras para não magoar o outro”, mas por uma norma nova de cuidar-das-palavras-para-não-magoar-a-si-mesmo porque ação tem reação, porque pode desagradar, porque a gente desaprende a ser a gente mesmo e fica cuidando o tempo todo de ser um pouco diferente pra entrar no ritmo do outro e esquece que se pode dançar ou tocar a mesma música de jeitos diferentes, cada um a sua maneira...
e esquece que amor é coisa leve, é dividir, é celebrar, é cuidar o tempo todo para que tudo corra bem, é agradecer todos os dias com um sorriso pela alegria que se tem ao lado. Esquece que para se amar direito é preciso ter uma das mãos livres para segurar a do outro mesmo que ele saiba atravessar a rua sozinho. Esquece que os passeios de 30 minutos em qualquer lugar que se vá a pé, pisando pelas folhas secas das tardes de outono, são tão importantes para clarear e acalentar a alma. Esquece que é preciso um coração aliviado, mesmo que cheio de traumas e medos, mas que queira continuar batendo para descobrir que a cada segundo, a vida traz um novo presente, uma nova experiência, uma nova canção.
E é quando um esquece de tudo isso e o outro ainda lembra a todo instante, que o amor se transforma. E a gente resiste a todo tempo e vai indo, resistindo e indo até não restar mais nem uma gota sequer de amor primeiro: só fica o transformado. E a gente chora todos os dias e espera ainda que tudo volte ao normal, que resista mais um pouco, que o silêncio não seja mais bonito, que os planos feitos só não sejam mais confortantes que os construídos a dois, que ainda existam fotografias para serem tiradas, músicas para serem tocadas, textos para serem escritos, sonhos para compartilhar...
Aí enquanto ela chorava por dentro ele dizia que estava tudo certo, que eram exageros e ela, foi se esquecendo que a vida mesmo que vale, é a de ser sonhada com calma e delicadeza. E aquilo ali não era sonho mais. Era dura, pura e inconsolável realidade, de um amor que se transforma deixando morrer qualquer chance de perdão.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Começo...

"A primeira vez que ela viu ele, pensou:
-Nossa como ele é colorido*!
A primeira vez que ele viu ela, pensou:
-Nossa como ela é linda!


*ele tinha/tem desenho no cor-po-to-do
 

De como as coisas andam depois de um certo tempo:
- Ela não é linda, nunca foi. Mas no celular dele, seu nome é Deusa!
- Ele continua com o corpo cada vez mais colorido. E de graça, coloriu a vida dela também"
Vanessa Leonardi
(achei aqui!)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Quatro dias que valem a vida toda....

é bem verdade, por mais que ela me doa, que ando perdendo um pouco a habilidade com as palavras. Não sei se é porque tenho tentado exercitar a arte de vivê-las ao invés de apenas escrevê-las ou se perdi o jeito mesmo por talvez uma pequena falta de prática.
Faz bem pouco tempo, uma pessoa me disse que muitas vezes pareço me esconder nas coisas que escrevo. Não sei bem explicar mas é como se escrever fosse mais fácil que viver e nessas condições, acho que minha vida foi se tornando meio contraditória e sem cor...
Chegando onde quero chegar com esse post (não sei se da maneira como ele merece ser), no último fim de semana, aproveitei o feriado para conhecer São José do Jacuri, uma cidadezinha típica de interior, com uma rua principal e outras poucas distribuidas ao longo dela. O frio a noite, o sorriso no rosto das pessoas sempre acompanhado de um bom dia, um boa tarde ou qualquer outro cumprimento, me possibilitaram fazer daquele lugar um pouco meu, já que há tempos, não era tão bem recebida nem tão feliz como fui nesses quatro dias.
Da varanda da casa azul, as montanhas bem na minha frente, um silêncio, o ar puro, um vento leve, eu vi como é fácil viver.
Percebi, e só hoje posso dizer com propriedade, que a minha felicidade é estranha, silenciosa, quieta e quase solitária. Mas existe sempre comigo, manifestando-se apenas quando acha que deve, pra não se criar indefesa, aparecendo um pouco (e principalmente) nas simplicidades raras nos dias de hoje.
E eu podia ficar aqui, dizendo milhares de maravilhas e tentando explicar todas se eu não tivesse compreendido que algumas vezes, a gente não precisa muito mais que sentir a delicadeza presa nos momentos e guardá-los nos arquivos da memória como se fossem nosso maior tesouro! Porque realmente são...
E mesmo que a gente não consiga ser feliz o tempo todo (porque ninguém consegue), é sempre bom saber que se tem um cantinho onde o tempo passa mais devagar, as estrelas ficam quase ao alcance das mãos e a simplicidade existe, com todas as suas suavidades e prazeres. Todo mundo precisa de um refúgio... e nesses quatro últimos dias, eu conheci o meu.
 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Simplicidades...

Anda fazendo um calor danado mas se a gente reparar bem, vai conseguir sentir umas pontinhas de outono, principalmente nas manhãs azulzinhas e no vento fresco de entardecer despencando as folhas secas-amareladas das árvores.
Outono é dessas estações frágeis, que deixam a gente meio lá nem cá, numa sensibilidade só. Meu maior medo é que ele vá embora e eu nem sinta (e isso acontecendo mesmo, acho que medo vai facilmente se transformar em tristeza). Porque assim como tantas coisas na vida, pra mim, outono é dessas que a gente precisa fechar o olho, abrir o coração e sentir, que aí então fica tudo bem, sereno, calmo...
A vida anda uma turbulência só (e pra me tranquilizar, ou não, percebo com o passar dos dias que não só a minha anda assim)... e se pudesse, sei lá se queria que dia tivesse 36 ou até 48 horas. Acho que se já anda dificil viver com destreza essas 24 que nos são dadas com tanto amor, imagina controlar dias mais longos? Acho que eu não conseguiria, já que ultimamente, tenho lutado comigo mesma pra conseguir sorrir um pouco mais e me desprender dessas inseguranças que insistem em me acompanhar vez em quando...
Outro dia (se não foi sábado, foi um domingo desses fresquinhos e silenciosos), me deu uma vontade de sentar na beira da vida e ficar de lá olhando o mundo girar, o tempo passar, as flores crescerem, o sol se pôr e nascer e se pôr e nascer sempre num intervalo delicado de estrelas...
Porque a vida tem suas pequenas sutilezas que só nos alcançam se deixarmos de viver no meio para passar a respirar as levezas nos extremos, nas simplicidades, nos momentos de silêncio e nos instantes em que se descobre a magia de se colecionar sonhos e realizações...


segunda-feira, 11 de abril de 2011

...

"Não é raro, tropeço e caio.
Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho.
Claro que dói, mas tem uma coisa: a minha fé continua em pé”.
. Caio Fernando Abreu in Pequenas Epifanias .

Hoje no fim da tarde

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um “Desvio” para olhar na Savassi

 
Na tarde de segunda-feira, visitei a exposição “Paisagens” da artista Janaína Mello, que foi aberta ao público no último dia 2 na Desvio, uma galeria de arte que se encontra bem no coração da Savassi.  A exposição reúne telas feitas com fitas de cetim trançadas, formando paisagens abstratas com grandes espaços ilusoriamente vazios.
O mais curioso é que devido ao cetim, as imagens mudam de cor e de aspecto, dependendo da forma como a luz incide sobre a tela. A tonalidade se altera até quando você muda de posição para admirá-la. “Eu cheguei aqui à tarde e estava em uma tonalidade. Agora vai ficando mais tarde e vão aparecendo outras cores”, conta Júlia Mesquita, uma das proprietárias do espaço.
Além das obras em tela – três ao todo – a mostra apresenta também uma instalação exclusiva, chamada de Ciclotrama, que lembra uma árvore, confeccionada apenas com fios, sem nenhuma estrutura sólida. “Ela é uma metáfora das relações sociais, das coisas que vão se encontrando, se entrelaçando e formando novas estruturas”, esclarece Júlia.
Não são apenas as Paisagens, de Janaína Mello, que nos desviam o olhar para searas mais lúdicas, na agitação do dia-a-dia, a própria galeria também nos reserva um certo encanto. Além de funcionar como um bar-café, a Desvio abriga também uma loja com acessórios fofos e delicados, além de bloquinhos para anotações. Júlia Mesquita fala um pouquinho mais sobre o espaço, inaugurado em 2008.



Para quem quiser conhecer as paisagens de Janaína Mello e os mimos da Desvio, o endereço é  Rua Tomé de Souza, 815, 2° andar. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 14h às 20h, e aos sábados, das 10h às 15h. 

(matéria publicada no http://contramao.una.br e escrita por mim!)