terça-feira, 28 de setembro de 2010

.

"A casa tá ótima. 
Outro dia tive um ataque e pintei a escada toda de amarelo, bem amarelo.
A gente atravessa setembro.
Te quero bem, se cuida." 

Caio F. Abreu

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Hoje é 23

"É primavera, curam tristezas
Tudo muda demais por aqui (...)"

Thiago Pethit


Feliz Primavera!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quase...

Senta do meu lado e fica aqui um pouco...
Nem precisa ficar por muito tempo, mas senta!
Conta alguma coisa nova, alguma história bonita ou se não quiser, nem precisa contar nada.
Mas fique! Que o céu nem está tão bonito hoje e me deu uma vontade enorme de pintá-lo de outra cor...
Tenho um universo inteiro de cores aqui...
E se quiser, dá pra colher uma a uma e montar um quadro bem bonito pra colocar na sua parede.
É quase primavera, eu sei.
E estou triste por não conseguir sentir... nem a leveza no ar, nem o cheiro das flores.
Tudo bem... sei que você vai dizer que ainda tenho amanhã pra sair de casa e me despedir do céu de inverno e me preparar pra acordar em flor no outro dia...
Mas existe uma diferença enorme entre as coisas... e eu sinto tanto!
Então... senta do meu lado... fica aqui um tempo.
Nem precisa muito...espera só até a primavera chegar...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Faz bem...

... tem um bom tempo que não indico música aqui né.
Então, por culpa do domingo bonito que eles me deram, deu vontade de trazê-los pra cá.
Porque eles também colorem os dias... com a leveza e delicadeza combinadas em canções...
... que vão da Tempestade à Calmaria, e formam um enorme Conto do Faz de Conta...

 Com vocês, Monograma !
http://www.myspace.com/monograma


"(...) Deixa, eu ser de novo
Aquele seu, todo seu
Sem meias palavras
Ou meias trocadas
Deixa eu ser sua manhã (...)"
 


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cartão Postal

- Dá um abraço?
- Não posso!
- Por que?
- Porque vai machucar...
- Prometo que vai ser de leve...
- Vai machucar!
- Não consigo entender...
- Você me machuca... mesmo de longe... mesmo sem olhar e sem cuidar de mim todas as noites. Você deixa tudo preto e branco...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tudo vai ficar em calma

"É que eu tenho um monte de sonhos e planos nas mãos, sabe?
E às vezes parece tudo tão distante assim, com as coisas como estão!
Mas não é nada com você... é comigo.
É dentro, entende?
Mas vou ficar calma e aos poucos vai ficar tudo bem, eu prometo!
Enquanto isso só te agradeço... pela calmaria"

Girassóis

Existem as pessoas que vão ficar guardadas pra sempre no tempo...
essas que enchem a nossa vida de girasssóis e palavras de afeto e de alma.
E que só são eternas, porque o coração permite.
E a gente fica com a alegria mágica de saber que existiu...
E com a sensação forte de ainda existir...

12 de setembro- Caio faria 62 anos

"Gosto de pensar que quem já morreu fica num lugar quentinho, que a gente não vê, cuidando de quem ainda não morreu. E se você quiser agradar a essa pessoa, é só fazer coisas que ela gostava. Aí ela fica ainda mais quentinha e cuida ainda melhor da gente."
Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Dia a dia, lado a lado"


"Eu sonhei que estava exatamente aqui
Olhando pra você
Olhando pra você, exatamente aqui
Cê não sabe mas eu tava exatamente aqui
Olhando pra você
Cê não sabe mas eu tava exatamente aqui
Pronto para despertar
Perto mesmo de explodir
Parto para não voltar
Pranto para estancar
Luto para acordar
Tonto de tanto te ver
Perto mesmo de explodir
Prestes a saber porque
Porque o sol se vai
Porque o raio cai
Se a nuvem vem também
Por que você não vem?
Nada a ver ficar assim sonhando separado
Se no fundo a gente quer o dia a dia, lado a lado
Eu não vou deixar você com esse medo de se aproximar
Pra ter um fim toda história um dia tem que começar
É natural que seja assim, você aí e eu aqui, exatamente aqui"

Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci 
(clique para ouvir)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fuga.

Esta manhã choveu...
Não, não se preocupe que eu não vi. Só senti o cheiro pela manhã...
Você percebeu também que o dia acordou mais leve?
Parecia guardar uma surpresa em cada esquina...
Tenho andado um pouco triste, um aperto por dentro, sabe?
E eu não faço nem idéia de onde vem... só sei que resulta num desânimo danado, uma vontade de interromper o caminho bem no meio e ficar lá quietinha, até passar...
Porque passa, né? Pois é o que dizem, e eu gosto de acreditar vez enquando, pra me doer menos.
Ando me doendo muito. Só que dessa vez é diferente...
Aquelas feridas que a gente procura com as próprias mãos, se você olhar bem, não vai encontrar.
Mas andam me ferindo tanto! E me dói inteira, desde o primeiro fio de cabelo, até a ponta do dedão do pé.
Acho que preciso de ajuda...
Algum socorro espiritual, um livro de auto-ajuda, uma solução drástica ou vou fugir daqui.

Não sei quando ainda... mas vou.
Tá difícil segurar, viu?
Tem caído raios na minha janela todos os dias...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sobre presentes...

"Deixe que ele respire, como uma coisa viva. E tenha muito cuidado: ele pode quebrar.
Como um bebê ou um cristal: tome-o nas mãos com muito cuidado. Ele pode quebrar, o momento presente. Escolha um fundo musical adequado — quem sabe, Mozart, se quiser uma ilusão de dignidade. Melhor evitar o rock, o samba-enredo, a rumba ou qualquer outro ritmo agitado: ele pode quebrar, o momento presente. Como um bebê, então, a quem se troca as fraldas, depois de tomá-lo nas mãos, desembrulhe-o com muito cuidado também. Olhe devagar para ele, parado no canto do quarto ou esquecido sobre a mesa, entre legumes, ou misturado às folhas abertas de algum jornal. Contemple o momento presente como um parente, um amigo antigo, tão familiar que não há risco algum nessa presença quieta, ali no canto do quarto. Como a uma laranja, redonda, dourada — mas sem fome, contemple o momento presente. Como a cinza de um cigarro que o gesto demorou demais, caída entre as folhas de um jornal aberto em qualquer página, contemple o momento presente. E deixe o vento soprar sobre ele.

Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar.

Não há memória, também. Você nunca o viu antes. Tenha a forma que tiver — um bebê, um cristal, um diamante, uma faca, uma pera, um postal, um ET, uma moça, um patim — ele não se parece a nada que você tenha visto antes.

Só está ali, à sua frente, como um punhado de argila à espera de que você o tome nas mãos para dar-lhe uma forma qualquer — um bebê, um cristal, um diamante e assim por diante. E se você não o fizer, ele se fará por si mesmo, o momento presente. Não chore sobre ele. No máximo um suspiro. Mas que seja discreto, baixinho, quase inaudível. Não o agarre com voracidade — cuidado, ele pode quebrar. Não ria dele, por mais ridículo que pareça. Fique todo concentrado nessa falta absoluta de emoção. Não espere nada dele, nenhuma alegria, nenhum incêndio no coração. Ele nada lhe dará, o momento presente.

Deixe que ele respire, como uma coisa viva. Respire você também, como essa coisa viva que você é. Contemple-o de frente, igual àquela personagem de Clarice Lispector contemplando o búfalo atrás das grades da jaula do jardim zoológico. Você pode estender a mão para ele, tentar uma carícia desinteressada. Mas será melhor não fazer gesto algum.

Ele não reagirá, mesmo todo pulsante, ali à sua frente.
Respire, respire. Conte até dez, até vinte talvez. Daqui a pouco ele vai começar a se transformar em outra coisa, o momento presente. Qualquer coisa inteiramente imprevisível? Você não sabe, eu não sei, ele não sabe: os momentos presentes não têm o controle sobre si mesmos. Se o telefone tocar, atenda. Se a campainha chamar, abra a porta. Quando estiver desocupado outra vez, procure-o novamente com os olhos. Ele já não estará lá. Haverá outro em seu lugar. E então, como a um bebê ou a um cristal, tome-o nas mãos com muito cuidado. Ele pode quebrar, o momento presente. Experimente então dizer “eu te amo”. Ou qualquer coisa assim, para ninguém."

Caio Fernando Abreu