terça-feira, 25 de maio de 2010

Quando inverno vier...

Era primavera quando ele chegou e ela o recebeu de braços abertos.
O convidou para ficar durante todo o verão...
Preparou um chá com bolachas, mesmo não gostando muito de chá.
Lhe contou das alegrias da vida, dividiu filmes e canções, contou dos sonhos e alguns segredos, mostrou algumas cores, falou sobre seus medos, lhe mostrou primeiro as primeiras palavras que escreveu.
Ele se sentou ao lado dela e ficou por três verões. Falou que lá chove sempre, a convidou para um pic nic e lhe ofereceu um guarda- chuva, apresentou sua banda, falou sobre medos em comum, mostrou algumas fotos e trabalhava demais.
Ela se apaixonou de cór.
Ele, falava pouco de si.
E enquanto ela lhe escrevia poemas, ele lhe dedicava cores em fotografias.
E enquanto ela lhe pintava borboletas em uma tela, ele lhe enviava sorrisos em borboletas vivas que pousavam no quintal...
Era tudo tão bonito! Que as estações quando chegavam, não queriam passar. E em cada época que passavam, esperavam anciosas a época de voltar...


Era o segundo outono quando ele foi embora.
Pediu um chocolate gelado e nem sequer olhou pra trás.
Ela, ficou sem saber o que fazer, embora já soubesse desde o terceiro verão que a doçura estava se perdendo...
E que embora verde e vermelho combinem tanto, às vezes entrava o amarelo, o laranja, o roxo... modificando os tons.
Lhe escreveu alguns poemas, e chegou a transformar algumas palavras em carta, só pra ele saber...
Não sabe sequer se ele leu, mas sabe muito bem que ele não respondeu.
Passou por alguns processos de desamargura, até purificar o próprio coração, que sentia tanta dor...
Aprendeu por linhas tortas a arte da vida enquanto recuperava os sonhos que ele guardou na mala e levou embora sem perceber.
Hoje, ainda é outono e ela ainda lembra os tropeços, os desgastes, as desilusões.
Não deseja mais reviver o que passou, mas deposita todas as cores que restaram nas estações que estão por vir...
Pediu um chocolate quente pra esquentar o frio.
Pediu uma chance nova para comemorar a liberdade que, enfim, deu a seu próprio coração...

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