quinta-feira, 29 de abril de 2010

Estive pensando...

Sobre o fim de todas as coisas.

(para ler ao som de "What Sarah Said” de Death Cab For Cutie)

Hoje acordei assim, meio nostálgica, cheia de lembranças... desenhei pela manhã e no caminho pro trabalho à tarde, fui observando as pessoas que entravam no ônibus, as que passavam nas calçadas, as que atravessavam na faixa ou fora dela (e sem olhar).
Comecei a pensar na fragilidade das coisas... e como tudo nos escapa pelos dedos em fração de segundos. As pessoas costumam dizer que a vida é assim mesmo e que a gente precisa se acostumar. E a gente acaba se acostumando: a sorrir mesmo com milhões de problemas, a engolir o choro pra que ninguém se contagie com uma tristeza que não lhes pertence, a encarar a vida de cabeça erguida mesmo quando a lei da gravidade insiste em tentar levar tudo para o chão. A gente se acostuma a sentir dor e a fazer dela parte indispensável para o crescimento, se acostuma a amar tanto que quando não tem quem amar, acaba inventando alguém... se acostuma sim, tanto com as coisas boas, quanto com as ruins.
De tudo, o costume que mais me causa dor e tristeza, é o do “fim de todas as coisas”. A gente aprende que tudo que nasce morre um dia, deixando apenas lembranças. Percebe que o amor que um dia foi eterno, pode terminar na primeira esquina, atropelado por um turbilhão de confusões e palavras sem sentido algum. Entende que a qualquer momento o telefone pode tocar e a voz do outro lado pode te fazer chorar e perceber que todo início se transforma em fim algum dia.

Hoje, com lágrimas nos olhos, percebo que pessoas morrem e sentimentos também. Tive um medo enorme...
Quis falar com minha avó, mas ela não consegue falar ao telefone, quis ligar pra minha mãe, mas ela ia se assustar quando eu começasse a chorar, quis voltar no tempo pra rever e abraçar meu pai e dizer o quanto eu o amo... mas não dá.
Descobri que não sei lidar com o fim de todas as coisas. Tenho muita saudade dentro de mim e uma capacidade imensa de sentir falta de tudo que um dia tive, nem que só no coração. Me apego fácil a pessoas, a sentimentos, a coisas pequenas e simples e por isso sofro tanto com o fim e sei que ainda vou sofrer um pouco com outros fins que ainda estão por vir. Hoje, se pudesse escolher um lugar pra ficar, fugiria de pressa e entraria no próximo ônibus pra qualquer lugar que ainda não vi, mas que eu possa cobrar o melhor abraço que um dia me foi prometido. Mas por enquanto eu vou ficar só com os sentimentos que ainda vivem e com a canção que me devolveram esta tarde. E que coincidentemente, diz do fim, de todas as coisas que vivem...

"... But I'm thinking of what Sarah said
That love is watching someone die
So who's gonna watch you die?"

(Death Cab For Cutie)

“Mas eu estou pensando sobre o que Sarah disse
Que amor é assistir alguém morrer
Então quem vai te assistir morrer?”

Pethit

Para quem não conhece, prazer, Thiago Pethit (um encanto!):











"... e tanto eu tenho pra dizer
se eu só pudesse te olhar
se tens em mim o teu revólver
hei de ti próprio disparar..."






...impossível não se apaixonar...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Retalhos

"Desejo que a sua vida inteira seja abençoada, cada pequenino trecho dela, em toda a sua extensão. 
Que cada bênção abrace também as pessoas que ama e seja tão vasta que leve abraço a outros tantos seres, sobretudo àqueles que mais sofrem, seja lá por que sofrem. 
Desejo que os nós que apertam o seu coração sejam gentilmente desatados e que os sentimentos que os formaram se transformem na abertura capaz de criar belos laços de afeto.
Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho.
Que cada um deles crie mais espaço em você.
Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. 
Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo" 

Do texto "Prece para quem se ama" de Ana Jácomo

domingo, 25 de abril de 2010

Da janela...




Vai fotografando tudo....

... que encontrar pelo caminho...
(primeiro trevo de Itaúna, MG)


... pra que não esqueça e todos vejam...



... que o céu daqui é mais azul.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Lá.

Ela devia ter segurado a mão dele com toda força, enquanto ainda havia tempo.
Na verdade, tempo ainda há... ainda se tem uma vida inteira.
Mas às vezes, parece que o tempo venceu e parou, que nem relógio estragado, que o ponteiro não sai mais do lugar.
Em compensação, força ela ainda tem aos montes.
Que de vez enquando dorme, escapole, foge...
Aí quando é assim, quem precisa fugir é ela...
Da bagunça, da cobrança, do caos, do desespero, da agonia, do amontoado de vida e de pessoas.
Só pra repousar num cantinho qualquer, onde a vida é tão tranquila quanto um dia era.
Onde a vida é desastre e calmaria, onde tem colo pra guardar o coração.
Lá, tempo ruim é chuva e trovoadas. E só.
Tem espaço pra muita cor, pra renascer, pra pensar, pra esquecer e lembrar...
Onde tudo parece se reafirmar com a total força do universo inteiro!
Onde ainda dá pra sonhar os sonhos mais absurdos... onde ainda há espaço pros sonhos dela.

"... please be honest Mary Jane
Are you happy?
Please don't censor your tears..."

Alanis Morissette, 'Mary Jane'



quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um pouco de Amor

"... e eu te pergunto
o que será do nosso amor?..."
Thiago Pethit

Um belo dia você descobre que o amor existe sim...
Não esse amor que lhe tira noites de sono e dias de sorriso.
Mas um amor tranquilo, sereno, delicado.
Descobre que não é necessário exageros, pois ele se faz nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes.
Percebe que dizer um 'você é bom em tudo que faz' não é suficiente. Às vezes só é preciso estar do lado, acompanhando, velando, observando cada passo importante sem soltar a mão ou sem dizer uma só palavra.
Entende que não é preciso mentir pra parecer dócil ou agradável. Às vezes, basta usar da sinceridade, colocar uma pitada de verdade e olhar dentro, nos olhos... 
Aprende que desejar a felicidade, do fundo do coração, pode ser bom. Mas que é bem mais bonito segurar no dedo mindinho e ajudar a constuí-la.
Entende que os contos de fada com seus principes e cavalos brancos não existem. O que existe é um passo pra fora, dois pra dentro e o abraço mais apertado de quem realmente se importa ou ao menos faz questão de se importar.
Aprende a ter controle, a imaginar menos, sonhar menos, falar menos e viver mais.
Aprende que o que importa é o cuidado, o carinho, a atenção.
Aprende que não importa o que você sente: é preciso esperar tudo se abrir em breve. 
Entende que no fim, descobre-se um saldo positivo além das dores passadas, das imagens criadas, das lembranças bonitas.
Aprende que o difícil não é amar mas sim superar o que um dia pareceu amor.
E que as coisas não são nem nunca serão de um dia pro outro. É preciso tempo... para construir.

[dedico este texto a minha amiga Clara... e a todas as pessoas que amam ou amaram demais.]

terça-feira, 20 de abril de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Das surpresas

De repente, um novo velho som lhe chama atenção.
Em fração de segundos, tudo voltou a mente como se nunca tivesse saído de lá.
Tão automático como nunca foi.
Um jogo de perguntas e respostas curtas marcando o início.
Tempo, demora, desgaste.
E por mais que doesse, ela quis ficar.
Tinha que descobrir de onde vinha o gosto do desgosto.
Se era de dentro dela, se era das palavras indiretas, se era dos sentimentos incompletos.
Aos poucos, o pouco foi se rompendo.
O resto foi virando nada, a mágoa foi virando dor.
Em que momento teria se perdido?
Alguém falou do tempo? Das horas? Do sentimento?
Alguém marcou no relógio?
Não... ninguém sabia onde as cores tinham ficado.
Mas mesmo assim, de vez enquando parecia que a noite queria lhes devolver o que ficou perdido...
... pelo menos antes do dia acabar...

[ao som de 'Special Needs', Placebo]

Poesia Bordada



... a Biblioteca Pública Estadual Luiz Bessa, em Belo Horizonte, recebeu uma exposição linda em março.
"Poesia Bordada" foi o resultado do belo trabalho de bordadeiras de Contagem, que transformaram palavras em cores.
Fiquei encantada com a exposição inteira, e essa poesia, em especial, me encantou mais.

=)

.

"Não consigo precisar o momento em que escolhi. Nem isso, nem qualquer outra coisa, nem nada. Foram me arrastando. Não houve aquele momento em que você pode decidir se vai em frente, se volta atrás, se vira à esquerda ou à direita. Se houve, eu não lembro. Tenho a impressão de que a vida, as coisas, foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui. Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer."



Caio Fernando Abreu




sábado, 17 de abril de 2010

Estrelas...

"Porque eu tenho uma estrelinha colorida em BH, e você tem uma estrelinha na 'Terra de Sol', caso queira saber".

Obrigada B.
... por me fazer acreditar...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sem título.

... tenho uma leve tendência a escrever textos apenas para as pessoas que em algum momento da minha vida, me deixaram triste.
Aí, acabo me esquecendo daquelas que fazem de tudo pra que fique tudo bem.
Aquelas que me dão pequenos momentos realmente felizes e enchem meus dias de cor.
Não sei se é porque não sei escrever pra elas...
E é por talvez não saber, que o 'As Cores Dela' por vezes vai ficando melancólico...
Hoje, não vai ter verso bonito nem nada.
Porque tô cheia de coisas pra fazer e não consigo pensar em mais nada.
Mas pra você, que leu meu blog esses dias e não encontrou nada altamente bom ou feliz, saiba que é porque os textos realmente não foram escritos pra você.
Porque você não cabe nos textos tristes... e sim em todas as coisas boas que tem acontecido nos meus dias.


[dedico a alguém muito especial na minha vida. que tem me feito sorrir.]

Gosto.

"Gosto de olhar as pedras e os desenhos do vento na superficie da água, gosto de sentir as modificações da luz quando o sol está desaparecendo do outro lado do rio, gosto de sentir o dia se transformando em noite e em dia outra vez, gosto de olhar as crianças brincando no corredor de entrada e das palmeiras que existem no meio da minha rua — gosto de pensar que vou sempre ter olhos para gostar dessas coisas, e por mais sozinho ou triste que eu esteja vou ter sempre esse olhar sobre as coisas."

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um passo.

"Repara que o outono é mais uma estação da alma que da natureza" W. Shakespeare


... ali, na próxima esquina, depois do número 458, ela encontrou um jardim.
Ela, que tinha aprendido a não viver de metades, já não conhecia mais os inteiros.
Tentava viver como se nada faltasse.
Percebeu que talvez estivesse na vida errada.
E que tentar ou não tentar poderia terminar no mesmo vazio.
... vazio de alma, vazio de sentimento, vazio de coração.
Ela sorriu pra quem quisesse ver.
E chorou pra quem perguntou como as coisas estavam.
Ali, no jardim que encontrou, ela encostou a cabeça na grama embaixo da árvore e cochilou.
Cochilou pra descansar o peso das costas, pra tentar sonhar um sonho bom e guardado, pra não repensar suas escolhas.
Quase ninguém percebeu que ela doía por dentro.
Doía por dentro, chorava de vez enquando e continuava vivendo.
Teve vontade de parar algumas vezes.
Mas se ela não saísse pra colher borboletas todas as manhãs, só teria outono outra vez daqui mais de 365 dias.
Por isso ela levantou.
Por isso ela sorria pra fora e chorava pra dentro.
Por isso ela preferiu jogar fora sua coleção de rosas e começar a colecionar solidão.
Era verão quando tudo foi embora.
Agora já é outono e tudo! e quase nada...
... mudou.

domingo, 11 de abril de 2010

Pequeno

Ela já não sangrava mais por dentro.
Aprendera de pequena a colocar curativo nas feridas.
E ficava só esperando...
Pois um dia elas iriam cicatrizar...

O nome disso era fé.
O nome disso, era a força dela.


sábado, 10 de abril de 2010

Ao amor por acaso

As coisas estão muito bem sim, obrigada.
Tem feito frio aqui e eu quase já nem me lembro mais de você.
Continua difícil me aproximar das pessoas e aceitá-las como são.
Continua difícil gostar de alguém sem te procurar pelo menos no branco dos olhos...
Mas o que importa é que estou continuando...
Continuo gostando de outono e do sol dos dias frios.
Continuo gostando de chocolate, estrelas, borboletas e com muito medo de altura.
Continuo vivendo, embora com menos itensidade agora, e com menos sonhos também.
Passei a controlar ainda mais meus impulsos, tenho passado os dias agindo mecanicamente.
Prefiro que não esperem mais qualquer coisa vinda de mim além de um aperto de mão, um abraço seco, um "boa tarde, como vai?".
Tenho acordado tarde e já não caminho mais pelas manhãs.
Não vejo mais você em todos os detalhes, nem em todas as coisas simples.
E não se preocupe! Nem é mágoa ou dor.
É que tô meio cansada de carregar a minha vida nas costas.
... porque ela ficou bem mais pesada sem você.
E eu queria muito não ter conseguido te tirar do meu caminho.
Mas eu consegui e tudo ficou mais real desde então.
E o que é mais triste: você está saindo aos poucos do coração também e isso está me transformando na pessoa mais insensível que já me vi.
Mas vai passar...
E enquanto não passa, vou ali olhar as vitrines, ver os amigos, ganhar um abraço de quem diz me gostar tanto, me agasalhar pro frio que vai fazer.
Espero que esteja tudo bem aí também.
O trabalho, sua irmã, suas coisas, seu coração.
Já que é assim que tem que ser, posso dizer que aprendi...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Das coisas que a gente sente... e aprende.

Quando ela me perguntou o que fazer, eu não soube responder.
Justo eu, que tinha sempre alguma coisa certa pra dizer, fiquei sem saber...
Parei pra repensar no que ontem era presente e agora virou passado e me vi tão embaralhada que quase tropecei nas coisas todas que ficaram esquecidas pelo chão.


B. não sei o que fazer pra esquecer, pra não sentir, pra não amar...
Isso ainda é complicado pra que eu possa explicar pra mim, pra só então conseguir explicar pra você.
Sei só que a gente tem por dentro uma coisa que costumamos chamar de força e que eu às vezes prefiro chamar de vontade.
A gente precisa ter força pra seguir, força pra continuar, força pra sorrir mesmo quando tudo fica embaralhado e triste.
A gente precisa ter vontade de ficar feliz.
Pelo menos um pouquinho, um pedacinho por dia até completar e preencher o coração inteiro.
É difícil, eu sei.
Mas uma vez me disseram (e eu nunca vou me esquecer) que o amor se transforma.
E essa pessoa que me disse isso, viu seu amor transformar e acabou fazendo o meu se transformar também.
E hoje eu vejo que ele se transformou tanto que me dá até medo de que ele nunca consiga voltar a me encher de alegria.
Posso te pedir um favor?
Respire fundo agora.
Encha esse buraco aí de ar, transforma ele num balão, deixa crescer que com o tempo vai murchar.
Aprendi que as coisas não são eternas...
Nada é. O amor? Bom, pode até ser.
Mas até ele se cansa.
E um dia, quando você menos esperar, ele nem vai pedir: ele simplesmente vai morrer.

Ps.: preciso que você sorria pra eu sorrir de cá também.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

.


“…faz de conta que ela não estava chorando por dentro ─ pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado”

Clarice Lispector

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Complexo.

Guardei comigo, no bolso, a pedra que ganhei domingo de manhã pra que eu pudesse apertá-la com toda força, sempre que sentisse medo do caminho.
Saber que ela estava lá, no bolso, me dava coragem pra seguir em frente e me dava força pra suportar o que tivesse que vir.

A cabeça doía de saudade, o corpo também.
Faltavam parafusos, respostas, abraços, certezas.
Sobravam confusões, desilusões, uns pedacinhos partidos, uns caminhos desencontrados...
Eu não te encontrei em nenhum lugar.
Eu não me encontrei em nenhum lugar...
Tinha gente demais o tempo todo.
E quando fui perceber, já não tinha mais quase ninguém.
Estava tudo vazio.
Por dentro, por fora, por todos os lados...
Fechei e abri os olhos, tentando dormir e acordar com tudo diferente.
Mas não deu.
Estava tudo lá, do mesmo jeito.
Faltou coragem pra dizer que bastava.
Sobrou mágoa pra impedir de olhar nos olhos...

domingo, 4 de abril de 2010

"- Sabe a garota do copo de água?

- Sei.
- Se ela tem um ar um pouco distante, pode ser porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, talvez um rapaz com quem cruzou em algum lugar, e achou que fossem parecidos.
- Em outras palavras, prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que acreditar nas ligações com os presentes.
- Não, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"
 
Do filme 'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain'
 
"O Almoço dos Remadores"

Este quadro de Pierre-Auguste Renoir, é parte da cena descrita a cima, em que Amélie conversa com o Homem dos Ossos de Vidro...
 
[... porque talvez existam muitas garotas do copo d'água por aí... esperando por um Nino. ]

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Aqui...

... de longe, ver o pedágio já é sinal de 'estar chegando'...
e ao chegar, percebi que as coisas quase continuavam as mesmas.
exceto por uma ou duas lojas novas na rua principal e a cor nova no muro da casa da esquina.
no ônibus, do centro pra casa, não se entra mais pela porta de trás e as pessoas parecem nem ter gostado muito da novidade (acho que aqui o povo num gosta muito de andar pra trás).
Pela rua revi pessoas e matei saudade... 
E a praça principal? Continuava do mesmo jeitinho que deixei...
Em casa, a TV tinha trocado de parede, o sofá mudado de cor, a velha máquina de costura na segunda sala parecia mais nova.
Mamãe estava no mesmo lugar e sorria do mesmo jeito.
Com irmã, dessa vez nem brigamos... acho que a gente descobriu a saudade.
Quis parar o tempo. Não o tempo agora, mas o tempo antes...
Queria voltar e parar nos meus dias de outono...
Sair de novo com dia claro pra trabalhar e só voltar pra casa com o dia começando a dormir.
Passar na casa da Aline nas quartas, subir de elevador pelos andares do prédio mais alto daqui nas sextas a noite pras aulas de violino, passar minhas tardes de sábado ensaiando com a orquestra, passar todos os meus horários de almoço conversando com o Tom, sair nas tardes de domingo pra tomar sorvete na Toc Frio ou conversar filosoficamente com o Gui...
Hoje eu aprendi que algumas partes da vida são feitas de escolhas e eu fiz as minhas... consciente ou não.
Hoje, percebi que na verdade, algumas coisas não são mesmo como eram antes...
Os amigos não são os mesmos...
as histórias deles já não são mais as minhas e nem me cabem mais.
Já não há mais tempo pras tardes de domingo e o Gui está longe demais pra me ouvir.
O Tom cresceu e as responsabilidades também. Temos nos falado pouco.
Construiram outros prédios maiores e o meu ficou pequeno demais.
Já não tenho mais quartas, nem orquestra, nem violino...
Doeu.
O amor pela família permanecia. E o deles por mim também. E isso sim me tranquilizou... 
Percebi que o tempo tinha passado... e eu nem tinha reparado.
Me senti estranha. E sem saber muito o que fazer.
E um amigo especial, chamaria isso de fase de manutenção. E acho que entrei nela...


Chegar... e logo é hora de ir embora outra vez.
Mas dessa vez, vou com muita coisa comigo.
E talvez, a saudade vá ainda maior.
E demore a passar....


[tenho uma foto pra colocar amanhã... mas a bateria da máquina acabou.]