sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carta

"Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. 
O que a memória ama fica eterno." 
Rubem Alves

... de um dia 14. Por alguma coisa que está se perdendo dela...



É bom que fique claro que teu nome está gravado aqui por dentro, no coração.
Escrito com tinta para placas de vende-se... dessas, que não desbotam nem apagam com o tempo. 
(O que signfica que vou levar você comigo pra sempre, até o fim do meu caminho.)
Sabe... ontem fiquei um pouco triste depois da nossa conversa (se é que posso chamá-la assim).
Pela primeira vez depois de muito tempo, fiquei sem ânimo pra conversar.
Não soube o que te dizer nem muito menos o que perguntar.
Justo eu! Sempre tão curiosa e tão atenciosa!
Por isso fui dormir, mesmo com tanto calor... 
Pra não ter que lhe dizer que não queria conversar nem ter que lhe explicar que era porque eu não tinha mais nada pra dizer.
Demorei a dormir... fiquei pensando.
Será que você mudou muito? Ou foi algo aqui dentro que mudou?
Ficou difícil pra mim reconhecer-te desde sua última viagem. Você voltou tão grande!
E eu? Eu fiquei aqui...vendo as coisas passarem, acontecerem, esperando você voltar.
Dói, eu sei. Perceber que as pessoas que amamos não são mais as pessoas que amávamos.
Um dia você vai me entender...
Vai se apaixonar também e perceber que essas coisas a gente não explica quando acontece e nem porquê aconteceu.
Vou gostar de você pra sempre.
Mas não esse você que existe agora e sim o que existe dentro de mim, num cantinho que separei.
Aquele que dizia palavras doces e que me fazia ficar acordada noite ou outra, pelo prazer de conversar.
Aquele que me fazia rir quando ficava tudo meio triste e me ajudava a caminhar quando estava nublado ou escuro demais.
Aquele que eu criei... e que vai ver nunca existiu.
Peço que não se zangue com a minha falta de jeito ontem.
E se quiser conversar, pode chamar! Que irei ouvir...
As coisas estão morrendo, enfim. Foi você quem escolheu assim.
Vou deixar as portas abertas caso queira me visitar ou saber como tudo está.
E caso faça frio e eu resolva fechar a porta pra parar de entrar vento, vou deixar sempre uma frestinha aberta, na janela do cômodo que tiver mais luz.
Não me avise se resolver vir.
Faça uma surpresa e pode até trazer rosas se quiser.
Não vou ficar esperando... acho mesmo que você não vem.
Não telefone, nem sequer mande notícias.
Por um tempo, por favor. Até eu me acostumar...
Talvez esta seja a última coisa que lhe escrevo nos próximos dias...
Mas vou voltar a lhe escrever quando tudo estiver bem e eu voltar a ter coisas pra contar.
Por enquanto vou mesmo embora. Assim, sem me despedir.
As coisas podem ser mais bonitas assim...









2 comentários:

IARA disse...

Débora.Neste texto consegue levar ao leitor mistura de sentimentos,sensações que são liberadas palavra por palavra, transparcendo assim, seu cuidado.verdadeiramente chorei com sua palavras doces ...

Izaclis disse...

Poxa!Menina. Me identifico bastante com seus textos. Escrever é isso, libertar aquilo que está dentro de nós sem saber as vezes que pode dizer a outras pessoas o que elas não conseguem colocar para fora.
Gosto de visitar seu blog. Palavrsa singelas de grande sentido, é assim que as sinto.