sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Saber...

...e nem se chegasse chuva! ou vai  saber se fizesse sol...
ela estava tão bonita! tanto quanto as rosas todas do jardim: vermelhas, vivas, alegres...
talvez tenha sido o café sem xícara, talvez tenha sido o perdão sem dor.
e ela acordou sem querer muito, assim meio cabisbaixa, assim meio sem entender...
ela era assim. E pra quem sabia ver, vê-la sorrindo era bom! Principalmente pelo tanto que já a viram chorando.
Me lembro que ela as vezes adivinhava... sabia não se sabe como, só se sabe que sabia. Ah, que além de saber ela também sentia (e muito). Outro dia desejou que o dia terminasse aberto, sem chuva e céu nublado e sem sol pra esquentar... queria arco-íris e só, pra colorir...
e então pediu e ele veio. Depois da chuva ter chovido a tarde toda, por uns dois ou três dias (consecutivos).
Outro dia queria tanto falar com um alguém! e de tanto pedir ele veio. Tudo bem: demorou, demorou... mas veio.

Tudo que ela pedia vinha... podia demorar mas vinha! desde que não fosse lhe fazer mal algum. E ela custou pra entender! (que quando as vezes o pedido se perdia e não realizava era sinal de que coisa melhor ia nascer! ou então podia ser o tal do tempo, que sabe sempre certo quando tudo deve ser)

Ela até já teve medo. "Tanta coisa que eu sei!"
E tentou evitar. "Não quero mais sentir..."
Mas vai ver, a graça dela estava toda em ser assim: em ver, em saber, em sentir, em prever...
As vezes os avisos vinham saltados, de repente e nossa! Dali alguns dias saberia o que queriam dizer.
Ela sentia... sentia tanto, que as vezes tinha vontade de rancar fora os braços: alguma coisa encomodava...
e sentia tanto, que as vezes chorava... não esse choro bobo, de quem perdeu ou está perdendo alguma coisa, mas choro meio riso, choro de lágrima escorrendo mesmo, sem força, sem dor, sem rosto vermelho-ardido em sinal de socorro implorando salvação.
Outro dia cismou. E essa cisma acho que não posso contar... mas ela as vezes cisma com cada coisa! Inventou uma vida pra daqui 3 anos... disse que sentiu e... bom, eu acredito nela.
de vez enquando ela também esquece. Aí pára de sentir de uma hora pra outra, aí seus dias ficam meio sem sentido (ela fica meio perdida, sem graça...)


ela era assim... acreditava em quase tudo, confiava demais... tinha pessoas por todos os cantos, e gostava delas com facilidade. Dizem que ela sabia viver.
Já que ela via solução em tudo, pra tudo! e as vezes queria ficar só.
E quando ficava se sentia tão só que bem rápido se cansava: queria tudo perto de novo. Precisava ter tudo perto pra sentir a vida! Precisava estar só pra sentir a solidão e perceber quão importante é a dor para que ela pudesse crescer.


...acho que errei dizendo que 'ela era', pois ela não era, ela é... e pretende ser por muito tempo... assim, sem rima ou canção sem desafinar.
presa, mas de tão presa é também livre! assim, sem saber como mesmo, sem ter muito o que dizer...
vai ver, ela é dessas pessoas que dizem tudo só de olhar...




"A gente não vê quando o vento se acaba..." (Guimarães Rosa)

 ... e será que vento tem fim?

2 comentários:

João Killer disse...

Com certeza ela diz tudo só com o olhar! Esse lhar de paz e alegria. Lindo texto.

Natália Oliveira disse...

Lindo demais e eu terminei de ler com um monte de reflexão na cabeça,tanto que não cheguei a nenhuma conclusão para postar aqui.
Mas será que o vento tem fim?